Outras Opiniões

“Check list” de 2007 e X ideias para 2008

Por a 25 de Janeiro de 2008 as 15:00

alexandre mota

Há um ano atrás escolhemos 5 temas que, na altura, considerávamos relevantes e susceptíveis de terem impacto no mercado financeiro. É altura de fazer um balanço e tentar projectar as tendências para 2008.

Previsão 2007: Aumento de volatilidade e do prémio de risco. Confirmou-se.
2008 – Manutenção da volatilidade e dos prémios de risco. Inversão a partir da segunda metade do ano.

No início de 2007 referimos que havia uma sensação de conforto por parte dos investidores, a qual diminuía a sua percepção ao risco. Os prémios de risco estavam muito baixos, ou seja, a diferença de rendimento entre uma obrigação com rating elevado e uma obrigação com rating medíocre era muito baixa, assim como o preço da cobertura de risco através de opções. Alguns instrumentos derivados, como os credit default swaps, estavam a descontar níveis muito baixos de default de obrigações. Em resumo, vivia-se um clima de confiança, em parte justificado pelos dados macro e micro, mas que estava a atingir valores que exigiam cautela. No início de 2007 esperávamos um aumento significativo da volatilidade nos vários mercados e dos prémios de risco, o que veio a confirmar-se a partir do final do 1º trimestre, com especial violência a partir do Verão.

Em 2008 pensamos que os níveis de volatilidade e os prémios de risco permanecerão elevados na primeira metade do ano, mas na segunda metade a tendência inverter-se-á, embora sem nunca atingir os baixos níveis verificados no início de 2007.

Previsão 2007: Bom início do ano nas acções, mas riscos de correcção a partir da Primavera. Confirmou-se.
2008 – Muita volatilidade e potenciais perdas na primeira metade do ano. Inversão na segunda metade.

A crise do subprime condicionou a evolução dos mercados na segunda metade de 2007 e tal deverá continuar a acontecer durante mais alguns meses. Há oportunidades historicamente interessantes em alguns sectores extremamente penalizados por esta crise, como por exemplo o sector financeiro e construção. Por outro lado, a tendência de alta das matérias-primas agrícolas deverá funcionar a favor das empresas do sector, quer sejam produtoras, quer sejam empresas que prestam serviços a empresas do sector.

Previsão 2007: Dólar sob pressão vendedora, mas pode subir um pouco no curto prazo. Confirmou-se.
2008 – Euro demasiado alto para sustentar ganho
s.

A aproximação dos yields do dólar e do euro tornaram a divisa americana menos atractiva. A realocação de reservas por parte dos vários bancos centrais em desfavor do dólar também penalizou a divisa americana.

Para 2008 o dólar poderá estar sob pressão enquanto a actual crise de mantiver, mas será largamente beneficiado aos primeiros sinais de recuperação e ainda por uma possível mudança de partido/política na Casa Branca. Adicionalmente, o euro face ao dólar será especialmente sensível à política monetária do BCE, embora a tese defendida por alguns, no sentido de uma imunidade da zona euro à actual crise, esteja errada. Também por isso, o eur-usd não será sustentável a níveis muito acima de 1.50.

Previsão 2007: Taxas de juro atingem pico de alta. Confirmou-se em parte.
2008 – FED corta taxas de juro até 3.00%. BCE corta até 3.5%

No início de 2007 tínhamos vaticinado o pico de taxas de juro nos EUA e apenas uma subida na zona euro de 3.5% para 3.75%. Acertamos nos EUA e subestimamos o potencial de subida do BCE que fixou as taxas de juro nos 4% e só não subiu mais devido à crise de crédito que assolou os mercados.

Durante 2008, a necessidade de salvar a economia americana de uma recessão, deverá levar o FED a prosseguir os cortes de taxas de juro até pelo menos 3.00%. O BCE acabará por acompanhar mais tarde ou mais cedo esse movimento, devido a sinais de contágio da crise à economia europeia.

2007- Portugal seguirá comportamento das congéneres. Não se confirmou
2008 – Títulos defensivos do Psi20 mantêm-se como apostas para 2008.

Tal como em 2007, continuamos a defender a aposta em títulos como a Brisa e principalmente a EDP, quer pelo seu carácter defensivo, quer pelos bons fundamentos de ambas as empresas (múltiplos interessantes, posição estratégica consolidada, alto dividend yield). Em 2007 subestimamos o contributo extraordinário da Galp e a performance muito positiva do BCP na primeira metade do ano.

Alexandre Mota, Analista da Golden Assets

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