Homepage Newsletter Opinião

Como gerir talento em momentos de pico de operação

Por a 28 de Dezembro de 2022 as 15:02
Por Vitor Antunes, Managing Director da Manpower

Por Vitor Antunes, Managing Director da Manpower

A aproximação do fim de mais um ano traz consigo prazos apertados, maior procura e uma pressão acrescida que tende a ser sinónimo de desafios à produtividade. Para os retalhistas, o Natal e o Ano Novo representam uma das épocas de vendas mais atarefadas, razão pela qual, ainda antes da época festiva, muitos dirigem o seu foco estratégico para as equipas que vão ser responsáveis por responder, com sucesso, ao pico de operação da temporada.

Uma das boas práticas para gerir talento em momentos de maior pressão passa, precisamente, por robustecer a equipa que trabalha a tempo integral com perfis que reforcem as suas capacidades de forma temporária. Estes últimos não só respondem a necessidades pontuais, típicas desta época, como constituem uma pool alargada de candidatos, com conhecimento e experiência de negócio, aos quais a empresa pode recorrer para preencher futuramente necessidades permanentes. Não duvidemos que identificar os perfis mais indicados e ter um primeiro contacto com um profissional pode abrir caminho a uma relação mais duradoura após essa experiência inicial.

Os momentos de pico de atividade colocam as empresas em contacto com recursos de reforço, mas é importante que os gestores não desviem totalmente a atenção daqueles que constituem a massa crítica das empresas no resto do ano. Marcar a diferença num setor competitivo como o retalho passa por investir no talento desde o momento em que é recrutado. Nem mesmo o profissional mais resiliente responde a um pico de atividade com a mesma performance se, ao longo de todo o ano, não for desafiado a desenvolver as suas capacidades. Neste sentido, proporcionar espaço para o crescimento individual e formação num setor em evolução e crescimento rápidos, como é o caso do retalho, permitirá aumentar a probabilidade de captar e reter talento durante vários anos.

As fases de recrutamento mais intensas também são boas para recordar os líderes do retalho da importância da sua proposta de valor de empregador. Da mesma maneira que cada vez mais consumidores procuram comprar em lojas que se alinhem com o seu estilo de vida, também os candidatos procuram empresas com as quais se identificam. Por isso, é cada vez mais importante que as empresas ofereçam uma proposta de valor diferenciadora face ao que existe no mercado e assente num propósito que faça fit com os valores e objetivos do candidato. Nesta análise, os retalhistas devem ter em conta a diversidade das suas equipas e as suas necessidades e preferências específicas, procurando desenvolver uma proposta adaptada aos vários perfis. Uma abordagem diferenciada que deve começar logo nos momentos de recrutamento e seleção, adaptando e personalizando os canais de comunicação com candidato.

Por outro lado, ao gerar uma cultura forte, que envolve e motiva os recursos, as empresas veem também aumentar as probabilidades de que estes se mantenham nos seus quadros e usem o seu potencial para atraírem, eles mesmos, mais profissionais interessados em crescer neste setor.

Um último aspeto que deve ser considerado na gestão de pessoas em alturas de maior pressão diz respeito ao equilíbrio e à flexibilidade. Nunca como agora os profissionais valorizaram tanto a possibilidade de trabalharem em condições holísticas, que lhes permitam equilibrar melhor as exigências da vida profissional com as expectativas da vida pessoal. E o retalho não é exceção! Um estudo da McKinsey indica que a falta de flexibilidade é a principal razão pela qual os trabalhadores deste setor estão a considerar abandonar os seus empregos e dados do estudo “Retail Candidates Survey” do ManpowerGroup indicam que aproximadamente um em cada quatro trabalhadores desejam ter maior escolha nos seus turnos de trabalho. Neste contexto, oferecer mais flexibilidade ao nível de horários e turnos, e um maior controlo sobre a forma como o trabalho é feito, ajudará não só a atrair novos colaboradores, mas também a manter e a reforçar o compromisso os atuais.

O setor do retalho está a viver uma profunda transformação. A competição pelo talento mantém-se intensa e os empregadores devem encontrar novas formas, mais criativas para atrair, qualificar e comprometer os seus profissionais. No final da temporada, diante da soma de todas estas boas práticas, competirá ao líder perceber o que mais poderá ser feito para obter o melhor das pessoas nos momentos em que se exige mais delas.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *