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Galinhas felizes põem ovos de ouro

Por a 26 de Setembro de 2022 as 8:38
Manuel Sobreiro Administrador CAC Manuel Sobreiro, Administrador Da CAC

As galinhas de Ar livre e Biológico são a âncora da CAC, uma redefinição estratégica iniciada em 2013 e que levou a empresa à liderança.

Criar galinhas felizes é a aposta da CAC – Companhia Avícola do Centro. Uma espécie de ovo de Colombo. Afinal quando em 1996, resolveram apostar na criação de galinhas ao Ar Livre, com a marca Matinados, que funcionou como um nicho de mercado até 2012, estavam em contraciclo com a produção intensiva de Gaiola, que despoletou naquela época. Mas seria uma tendência de consumo no futuro e estudos internacionais comprovam que os ovos destas aves possuem o dobro de vitamina E, assim como mais 40% de vitamina A.

“A partir daí, em função de uma redefinição estratégica da empresa, iniciámos um forte desenvolvimento deste conceito, bem como dos ovos biológicos, o que nos permitiu levá-la para o patamar em que hoje se encontra”, explica Manuel Sobreiro, Presidente do Conselho de Administração do Grupo CAC.

A Matinados, associada a consumidores mais exigentes, que se preocupam com a qualidade do produto e a sustentabilidade do ambiente, tem vindo a afirmar-se como a âncora desta empresa, tendo registado, entre 2019 e 2021, um crescimento de vendas de 65%.

“Sempre fomos uma organização de produção totalmente integrada, caraterística importante para o crescimento sucessivo que fomos tendo ao longo dos anos, sempre na vanguarda do desenvolvimento do setor, quer em termos de novos conceitos de produção, quer no desenvolvimento de novas embalagens, quer no desenvolvimento de marcas para cada conceito de produção”, salienta o presidente do grupo CAC.

Nasceu em 1986, quando 13 avicultores se uniram na criação de uma cooperativa para escoar a sua produção e sonhar com um futuro melhor. Há 36 anos no mercado, este grupo começou a produzir ovos, numa altura em que a avicultura era dominada por pequenas explorações — em média 500 galinhas poedeiras, maioritariamente no sistema que hoje se denomina, ovos de solo.

Atualmente, é um dos grupos líderes em Portugal, detendo 40% de cota de mercado dos ovos e 65% do Ar Livre. De acordo com a CAC, os ovos Matinados são produzidos em 10 quintas de galinhas criadas ao ar livre, localizadas no Norte e Centro de Portugal.

Têm um efetivo de dois milhões e trezentas e cinquenta mil galinhas poedeiras, distribuídas por 44 explorações em todo o território nacional e 28 produtores integrados de ovos e recria de galinhas, em regime de exclusividade.

Empregam diretamente 240 trabalhadores e indiretamente, 300. Além de Portugal, vendem para Espanha, Suíça, Guiné, Cabo Verde e França, num valor entre 3% a 5% da faturação. Possuem várias marcas, como a Matinados (ovos de galinha ao ar livre e produção biológica), Camprestre (produção biológica), Superovo (ovos em gaiola e do solo) e ainda na mesma categoria, a Saboroso.

O Grupo CAC classifica e embala anualmente mais de 600 milhões de ovos e o provérbio não coloque todos os ovos no mesmo cesto, aplica-se na perfeição, uma vez que resultam de quatro sistemas produtivos: galinhas criadas ao ar livre, que representam 17% do seu negócio, ovos de criação biológica (8%), no solo (31%) e gaiolas (44%). Na totalidade produzem 650 milhões de ovos/ano.

A rota do ovo

São uma organização de produtores totalmente verticalizada. Recebem os animais com um dia (sendo o processo de incubação o único que contratam), segue-se o processo que denominado de recria, efetuado em instalações adequadas e com isolamento dos locais onde mais tarde produzirão os ovos (este processo demora 17 semanas), seguindo-se a mudança das aves para as instalações de produção onde completam o processo de crescimento para iniciarem o seu ciclo de postura por volta das 22 semanas.

Acresce que toda a alimentação dos animais é feita em fábricas próprias do Grupo e distribuída por frota própria para as instalações de produção. Todo o ciclo de produção de todos os produtores integrados é acompanhado por um corpo técnico do Grupo, que implementa regras comuns de produção, assim como normas de biossegurança, comuns a todas as explorações.

Segue-se o processo de recolha dos ovos das explorações, que também é efetuado por viatura próprias, com destino aos diversos centros de embalamento, sendo aí sujeitos ao processo de inspeção, seleção, classificação e embalamento. Depois a sua distribuição, também por frota própria, pelos diversos circuitos comerciais que dispõe.

Toda a produção do Grupo CAC assenta em estruturas próprias de produção, mas “maioritariamente em contratos de exclusividade de produção, em que este fornece todos os serviços e produtos e compra toda a produção, num regime de preços pré-contratualizados, retirando do produtor qualquer risco”, completa, Manuel Sobreiro.

E porque o grupo ambiciona manter a qualidade que atingiu está na fase da conclusão de investimentos no valor global de oito milhões de euros. Apostou na ampliação do seu principal centro de classificação, na Biodeira de Cima, e na aquisição de uma nova linha de inspeção, classificação e embalamento, com capacidade para mais de 120 mil ovos/hora, que com toda a robotização incluída custou cerca três milhões e novecentos mil euros. Este novo equipamento permitiu duplicar a capacidade instalada e viabilizar o escoamento dos aumentos de capacidade previstos para as áreas mais produtivas, mas “não foi efetuado a pensar nas necessidades imediatas, mas sobretudo projetado para que o crescimento da empresa nos próximos cinco anos não esteja comprometido naquilo que é essencial, a capacidade de inspeção, classificação e embalamento”, reforça o Presidente da CAC.

Grão a grão…

Manuel Sobreiro, diz que seguramente que nesta caminhada “houve dificuldades, mas sempre foram ultrapassadas, com sucesso”.

Vivem-se tempos incertos. Com a guerra na Ucrânia e a incidência da gripe das aves, o setor aumentou o preço dos ovos em 25%, mas a realidade é que há custos que os produtores têm de suportar, nomeadamente o aumento do preço da ração. Segundo Manuel Sobreiro, as subidas dos custos da ração já estão a acontecer desde o início da pandemia, dada a disrupção das cadeias de abastecimento, subidas estas que não conseguiram repercutir nos preços das vendas, tendo em conta, o excesso da oferta.

“O início da guerra veio acrescentar incerteza e aumentos ainda mais significativos, subidas essas que já se repercutiram no mercado porque a escassez de ovos no mercado, assim o ditou”, e afiança “não estamos, neste momento, preocupados com a escassez de cereais, estamos sim preocupados com o continuado custo elevado dos mesmos, sem perspetivas de baixas nos próximos meses.

O maior custo até agora neste mercado foi a subida do preço das embalagens, de acordo com Manuel Sobreiro, em termos percentuais, sofreram um aumento de 70%, em termos médios — “e ainda não pararam de subir, porque a sua produção depende em muito dos custos do gás”, explica.

Porém, mesmo perante as adversidades, o Grupo CAC, em 2021 teve um aumento de 7% no volume de negócios total e 13% na venda de ovos de galinhas criadas ao ar livres, atingindo um recorde de vendas, em 2021, com 90 milhões de euros. Mais ponderado, o Presidente do Conselho de Administração do Grupo diz que tudo aponta para um crescimento generalizado em todas as categorias, em 2022, com maior incidência nas categorias de Ar Livre e Biológico, mas “por uma questão de prudência que o momento exige, não podemos confirmar o valor que perspetivamos”, ou seja, de um crescimento a rondar os 10%.

Em maio deste ano, o Grupo foi distinguido com a Medalha de Mérito Municipal dado pela Câmara Municipal, Grau Prata, o que para Manuel Sobreiro representa muito para a empresa, para os trabalhadores e para os produtores integrados.

“Foi o efetivo reconhecimento deste percurso empresarial de 36 anos, bem patente nesta região de Leiria, assim como nos 25 Concelhos do País onde dispomos de explorações. Percurso esse marcado pela responsabilidade empresarial, social e por uma procura permanente na inovação de processos, aliada à preocupação com a sustentabilidade” sublinha.

Teresa Cotrim

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