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Ano de 2022 será marcado por aumento de preços no setor de panificação e pastelaria

Por a 26 de Janeiro de 2022 as 16:30

chocolate-cake-gcbb0e287f_640Aumento do custo das matérias-primas. Subida dos preços na maioria dos produtos. É esta a realidade atual no setor de panificação e pastelaria, que, tal como outras indústrias, tem procurado ganhar eficiência para minorar o efeito inflacionista derivado do crescimento dos custos dos fatores de produção.

“Temos vindo a atualizar os preços ao longo de 2021, ajustando em função da variação de cada fator de produção. A Europastry tem, contudo, suportado parte de incremento de fatores de produção, respondendo com melhorias e eficiências ao nível de processo, otimização logística, entre outros”, adianta Filipe Canário, baker and sales & marketing manager na Europastry Portugal, em declarações ao Hipersuper.

Referindo-se à subida de custos das matérias-primas, Fernando Coelho, CEO da Credin Portugal, diz que a empresa tem sentido esse efeito em todos os países onde tem operação. “Permitiu, através de enorme flexibilidade interna, procurarmos cada vez mais respostas conjuntas e que nos consigam dotar de soluções mais otimizadas em termos de preço”, salienta o CEO da empresa. Apesar deste esforço, é incontornável a subida de preços em alguns dos produtos comercializados pela empresa. “Mas sempre garantindo o equilíbrio para não afetar a rentabilidade dos nossos clientes, através de inovação de novos produtos e soluções que permitam combater os desafios que a pandemia tem trazido, a vários níveis”, realça Fernando Coelho.

No caso da Dan Cake, o último ano ficou marcado por ligeiras subidas no preço. “Apesar de ter havido aumentos substanciais de custos de matérias-primas e materiais de embalagem, em 2021 fizemos ajustes pontuais nos preços dos nossos produtos, tendo em conta a situação económica dos consumidores fragilizada pela pandemia da Covid-19 vivida nos últimos tempos”, refere fonte da empresa.

Para este ano, as empresas esperam que o cenário se mantenha, podendo inclusive vir a ser agravado. “Estamos a preparar 2022 considerando que possam existir ainda mais subidas. Não podemos estimar o valor, mas, efetivamente, o que mais nos preocupa é a possível escassez de algumas matérias-primas, o que provocará certamente um agravamento da situação atualmente vivida”, antecipa Filipe Canário.

A Dan Cake está a ponderar subidas nos preços entre 12% e 20%. “Infelizmente e dadas as contingências económicas mundiais e consequentemente um agravamento dos custos de produção, somos forçados a subir os preços em todas as áreas”, salienta fonte da empresa. “Irá afetar todo o negócio quer a nível nacional quer em termos de exportação”, acrescenta.

Da parte da Credin, a empresa está a gerir o presente num panorama de indefinição no que diz respeito ao comportamento dos mercados. “Afeta as perspetivas e previsões em relação a 2022”, sublinha Fernando Coelho. Ainda assim, o tom é de otimismo. “Em comparação com 2021, as perspetivas serão mais animadoras, pela evolução do processo de vacinação em todo o mundo, mas a evolução dos casos será sempre um fator de influência no consumo assim como na cadeia de abastecimento”, explica o CEO da empresa. “A aprendizagem que temos feito desde março de 2020 será fundamental na gestão dos custos e otimização da operação para garantir que a subida de preços, será sempre ajustada aos valores médios do mercado”, acrescenta.

Partindo do pressuposto que a flutuação dos custos de produção tem um forte impacto na rentabilidade da operação, tendo o pão, em concreto, margens muito reduzidas, Filipe Canário diz que esta realidade “obriga a um ajuste do preço de forma imediata para garantir a manutenção da produção e respetiva comercialização”.

A este respeito, Fernando Coelho diz que a pandemia obrigou a empresa a fazer um curso rápido de como fazer uma gestão em “contexto de indefinição constante”. “Na Credin Portugal temos conseguido equilibrar bastante bem a balança dos custos e da rentabilidade, garantindo que protegemos e preservamos as nossas pessoas, assim como mantemos o nosso negócio na direção de continuarmos a ser um parceiro de eleição para todos os nossos clientes”, explica o CEO da empresa.

Neste contexto inflacionista, as empresas defendem a necessidade de existir ainda maior proximidade com o canal da distribuição. É esta, pelo menos, a perspetiva da Europastry. A distribuição, tal como todos os outros players, procuram gerir esta pressão de preços e incerteza para que os seus negócios sofram os menores impactos”, subscreve Filipe Canário. Afirmando que esta situação é “completamente ímpar” no seu percurso profissional de cerca de 20 anos, Filipe Canário adianta que o que se passa atualmente “promove o momento de aproximação entre as organizações, compradores e vendedores, para que juntos possamos encontrar soluções e minimizar estes impactos e simultaneamente promover e perpetuar a longevidade das organizações”.

Na perspetiva de Fernando Coelho, a relação com a distribuição no contexto atual constitui um desafio que assume diversas formas, destacando a importância das insígnias da distribuição para garantir a dinâmica de consumo e o crescimento do mercado alimentar. “A postura da Credin Portugal tem sido de saber responder às necessidades deste canal, caminhando para soluções que saibam criar valor ao mercado, sempre em linha com as tendências de consumo”, afirma o CEO da empresa. Este acrescenta que “os consumidores valorizam bastante, cada vez mais, os produtos mais autênticos, o clean label, assim como o facto de serem mais naturais, sem ingredientes artificiais, em conjugação com segmentos em crescimento, como o sem glúten ou o vegan”.

Em relação à equação negocial com a distribuição, a Dan Cake considera ser “impensável” conseguir suportar sozinha o aumento de custos. “A distribuição no final de contas terá de perceber que não se trata de ajuste de margens da empresa, mas sim de uma situação pontual mundial que está a afetar toda a cadeia de abastecimento”, realça a mesma fonte.

EMPRESAS CONTINUAM A NAVEGAR NA INCERTEZA
m contexto de pandemia, as empresas continuarão a navegar na incerteza. Ainda assim, as perspetivas para 2022 são ambiciosas. “Estamos confiantes que será novamente um ano recorde. Continuamos a acreditar que a inovação, a rapidez e, acima de tudo, a responsabilidade enquanto líder do mercado Ibérico de Pão e Pastelaria ultracongelada, em desenhar e oferecer produtos e soluções mais saudáveis e sustentáveis aos nossos consumidores, nos ajudará a fazer o nosso caminho e atingir as nossas metas”, afirma Filipe Canário.

Fernando Coelho perspetiva igualmente um bom ano para a Credin. E justifica a sua estimativa com a resiliência dos vários atores do setor. “Temos assistido a diversos fenómenos que têm vindo a marcar a sua presença, como a digitalização dos canais de venda, o mercado das entregas em casa, os formatos take-away ou os novos hábitos de consumo, mas o essencial continuará a passar pelos canais principais, que estão cada vez mais munidos de novas ferramentas e soluções que garantem a satisfação dos consumidores”, explica o CEO da empresa. “Acreditamos que 2022 poderá ser um ano de reforço da marca Credin Portugal no mercado, pela aposta reforçada na inovação e no desenvolvimento de novas soluções e respostas de negócio para os nossos clientes”, sublinha.

Ambas as empresas, apesar da crise económica iniciada com a pandemia, não deixaram de apostar na inovação. No caso da Europastry, Filipe Canário diz que a grande revelação de 2021 foi o Pão especial Cristal, que carateriza como um pão leve, muito hidratado de côdea muito fina. “Uma autêntica inovação”, enfatiza.

A empresa lançou ainda uma nova gama de pastelaria à base de azeite. O responsável carateriza as referências da gama como “produtos com um aroma e sabor inconfundíveis e uma textura e miga leve e suave, onde a substituição das habituais gorduras ainda que não parcialmente hidrogenadas, pelo azeite, confere a esta nova gama de produtos características únicas e muito mais saudáveis”. “Estamos a falar de produtos cuja gordura insaturada contribui para manter os níveis normais de colesterol sanguíneo, produtos ricos em antioxidantes naturais e em polifenol e que contêm menos açúcar”, acrescenta. A gama é composta por com croissants, queques e os DOTS. E para janeiro de 2021 a Europastry prepara-se para apresentar 17 produtos ao mercado.

Dentro do portefólio da empresa, há ainda produtos que estão a crescer claramente acima da média, nomeadamente os pães especiais e rústicos e o segmento de massas lêvedas doces. “A categoria de pastel de nata está em alto crescimento também no mercado nacional, o que nos dá particular satisfação dado o investimento que realizamos numa nova linha de produção mais atual e com melhorias substanciais ao nível da qualidade do folhado e do resultado final que garante uma oferta ainda mais qualitativa”, exemplifica Filipe Canário.

Da parte da Credin, o lançamento de produtos vegan e o reforço da linha Clean Label foram os grandes destaques de 2021. “O desenvolvimento de novos produtos e a inovação são áreas centrais na Cedin Portugal, para que consigamos assegurar que o nosso foco no cliente e nas suas necessidades, sejam materializados em produtos e soluções relevantes. O objetivo para 2022 será mantermos esta direção estratégica, focarmos em produtos que sejam essenciais e tendências de consumo, para que os nossos clientes consigam apresentar as melhores soluções aos consumidores”, sublinha Fernando Coelho.

Em relação aos produtos que estão a gerar mais crescimento nas vendas, o responsável diz: “Temos conseguido garantir o crescimento através de várias referências, pertencentes a várias categorias de produto do universo de Panificação e Patelaria. Essencialmente temos assentado a nossa oferta de soluções diferenciadores, na resposta às principais tendências de consumo, assim como aquilo que são os hábitos dos portugueses, entregando sempre produtos e soluções de elevada qualidade. Este acaba por ser o nosso principal driver”.

No caso da Dan Cake, a presente em Portugal é marcado também pelo que se passa na Europa. “As tendências europeias também se estão a verificar em Portugal, portanto, teremos consumidores mais preocupados com a saúde em geral, mas a procurar agradarem-se a eles próprios, logo produtos mais saudáveis por um lado e mais indulgentes por outro”, explica fonte da empresa.

2021 FOI ANO DE RECUPERAÇÃO
Depois de um ano de 2020 mau para muitos negócios, o ano que passou ficou marcado pela recuperação do setor, tendo havido uma aproximação aos valores de venda verificados antes da pandemia. “Felizmente a ano 2021 não foi, do ponto de vista económico, em nada semelhante a 2020. Concretamente em Portugal, 2021 já se aproxima do recorde marcado no ano de 2019”, adianta Filipe Canário.

Este desempenho resultou do crescimento a dois dígitos em vários canais de vendas. No Horeca em concreto, a empresa registou crescimentos superiores a 25%. O que se ficou a dever à “atividade permanente das nossas equipas comerciais que, em nenhuma ocasião, permitiu que o momento de pandemia, fosse impedimento para apoiar a nossa carteira de clientes, e isso contribuiu para um reconhecimento e aumento de confiança na nossa organização e nos nossos produtos”, salienta.

O ano também ficou marcado por um recorde de inovação, através do lançamento de 145 produtos em Portugal. “[Produtos]focados em serem alternativas para as vitrinas dos nossos clientes, respondendo às necessidades dos consumidores e repercutindo-se em crescimento nas receitas dos nossos clientes”, realça o responsável. A empresa, por outro lado, também aproveitou o crescimento do canal online para captar mais receitas. “A afirmação do e-commerce foi também um fator importante de alta performance sendo que 20% da nossa carteira de clientes é utilizador dessa ferramenta”, especifica.

Também na distribuição o desempenho foi considerável. “Fomos muito felizes em 2021 e, à semelhança do Horeca, a distribuição cresce acima de dois dígitos. Na realidade, em 2021 acabamos por ultrapassar os resultados do ano de 2019 o que é muito positivo para o nosso grupo e um sinal claro que o mercado Português regressou em força”, acrescenta Filipe Canário.

O CEO da Credin diz que “2021 permitiu gozar da aprendizagem que tivemos em 2020, o que nos ajudou a alavancar melhor a nossa estratégia e a ajustar os planos de ação”. “Deste modo conseguimos que, em 2021, as perdas fossem bastante menores que em 2020, graças à flexibilidade das nossas equipas e à capacidade de respostas aos novos desafios deste canal”, acrescenta.

A empresa espera fechar 2021 com um crescimento em relação ao ano anterior. “Graças, novamente, à aprendizagem que temos tido de todo o contexto pandémico, assim como à resiliência das nossas pessoas e equipas, que souberam rapidamente ajustar processos e formas de atuar, para conseguirmos maximizar os nossos níveis de produção e distribuição, de forma a capitalizar as inovações de produtos e as várias ações de marketing e vendas feitas ao longo do ano”, explica Fernando Coelho.

A empresa, por fim, conseguiu ainda cimentar a sua posição no canal de distribuição. “Graças à capacidade de resposta na identificação de novas tendências e na criação de soluções otimizadas à grande distribuição, temos conseguido fortalecer a nossa presença neste canal, fazendo de 2021 também um ano de crescimento face a 2020”, salienta.

A Dan Cake, de resto, sofreu uma ligeira diminuição das vendas em 2021. “No total do nosso negócio, dado o contexto socioeconómico que vivemos, nos bens não essenciais como os da pastelaria, notou-se um ligeiro decréscimo”, adianta fonte da empresa. Em sentido contrário foi o desempenho no canal da distribuição. “Quer na nossa marca Dan Cake, quer em marca da distribuição, assistimos a ligeiros aumentos de venda em produtos mais específicos no mercado nacional”, conclui.

Artigo publicado originalmente na edição 398 do Hipersuper

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