O que nos diz o futuro da alimentação?
Por Jaime Martin, CEO da Lantern
Já dizíamos, há um ano, que a tendência veggie não era um nicho, mas uma grande oportunidade. E os dados que a segunda edição do nosso estudo The Green Revolution Portugal da Lantern reforçam esse facto. Em Portugal, o número de veggies cresceu 34% em dois anos. São agora mais de um milhão.
E quem são os veggies? Maioritariamente são pessoas que têm uma alimentação quase vegetariana, mas que ocasionalmente comem carne ou peixe. São conhecidos como flexitarianos. Eles representam 80% da comunidade veggie.
Depois vêm os vegetarianos, que comem legumes, lacticínios e/ou ovos e mel. Este é o grupo que mais tem crescido percentualmente – 137%, passando de 80 mil para 180 mil em dois anos. O último grupo são os vegans, que abdicam dos lacticínios, ovos e mel. Atualmente, 40 mil portugueses seguem esta dieta estrita.
Além do que comem, a grande diferencia entre os flexitarianos, os vegetarianos e os vegans está nas suas motivações. Os primeiros mudaram a sua dieta à procura de uma vida mais saudável, enquanto os vegetarianos e os vegans têm nas suas motivações a sustentabilidade e o cuidado dos animais.
Mas não pensem que estes veggies são muito diferentes dos omnis (omnívoros). Não têm mais cães, não reciclam mais nem estão mais preocupados com o meio ambiente. Destacam-se unicamente pelo seu maior nível de envolvimento social e ativismo, sobretudo no momento de compra, onde procuram produtos mais sustentáveis e com menor pegada de carbono.
Mas não são apenas os veggies quem está a reduzir o seu consumo de carne: 41% dos portugueses declaram terem reduzido ou até eliminado o consumo de carne vermelha no último ano. Na última edição, foram 45%. Mas não é só na carne que se verificam quedas de consumo. Os lacticínios seguem pelo mesmo caminho: 36% dos portugueses estão a eliminar ou reduzir o consumo de leite, 21% o consumo de iogurtes e 23% o consumo de queijo, apesar dos bons produtos que temos em Portugal.
Logicamente que isto impacta as indústrias de proteína animal, nomeadamente no seu futuro, mas também representa uma oportunidade para o desenvolvimento de novos e inovadores produtos. Os veggies, nesta última edição do estudo The Green Revolution, entendem que os produtos plant-based são melhores do que eram.
Não há dúvidas de que este setor vai continuar a crescer significativamente nos próximos anos. Ainda há muito por construir e os portugueses estão mais que abertos a provar estes novos produtos. A tecnologia continua a evoluir e vamos continuar a ver produtos cada vez mais saborosos e também ainda mais saudáveis. O futuro será mais veggie. Está preparado para isso?