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Contraciclo e Retail Parks: Um estranho caso de sucesso

Por a 10 de Dezembro de 2021 as 17:33

Carlos RécioCarlos Récio , diretor de retail advisory & transaction services da CBRE

Confesso que duvidei sobre a possibilidade deste título ser mal interpretado, mas após uma curta reflexão decidi mantê-lo, uma vez que retrata o que sucedeu nos últimos 18 meses na linha de negócio de que sou responsável na CBRE, com especial foco numa classe de ativos, os Retail Parks.

Este segmento revelou-se a tipologia de ativos mais resiliente aos efeitos negativos da pandemia, provavelmente pelas suas caraterísticas físicas (espaços ao ar livre, lojas de grandes dimensões, acesso direto das lojas ao exterior), o que transmite uma sensação de segurança aos consumidores, mas também pelas insígnias que normalmente encontramos nestes conjuntos comerciais, cujas atividades foram as que menos sentiram o efeito do confinamento, tendo inclusive algumas registado valores de vendas superiores às de 2019, como são o caso das atividades de retalho alimentar, eletrónica de consumo, mobiliário e decoração, bricolagem e ainda artigos de desporto.

Foi o formato que teve menos quebras de visitantes (em 2020 rondou os 12% face a 2019) por comparação com o mercado que recuou cerca de 35%. As vendas registaram um decréscimo de 10,5% face a 2019, um valor bastante inferior aos registados noutros formatos e no mercado de retalho em geral. Em 2021, os indicadores que possuímos, até ao momento, mostram uma evolução igualmente positiva na recuperação das afluências, aproximando-se ainda mais das registadas em 2019 e em caso pontuais, superando-as.

Neste setor, os negócios mantiveram um ritmo acelerado: quase 50 mil metros quadrados de novas áreas abriram ou ainda estão por abrir em Retail Parks. Além disso, algumas marcas desafiaram a atualidade. Exemplo disso é a Motocard que abriu a primeira loja física em Portugal, dentro de um centro comercial, e que, até à data, apenas utilizava exclusivamente o canal online para realizar a sua operação. É uma tendência diferente e oposta ao que vínhamos a assistir, nomeadamente com um reforço e uma aposta nas vendas online para a maior parte dos retalhistas.

Importa ainda referir que esta dinâmica de novas aberturas não se registou unicamente no setor dos Retail Parks. No comércio de rua e nos centros comerciais, desde logo o formato mais afetado pela pandemia, verificam-se igualmente sinais muito positivos que sugerem que a recuperação económica já se iniciou há algum tempo e poderá traduzir-se de forma mais expressiva em 2022, com resultados próximos do período pré-pandemia.

Ao fim e ao cabo, nos últimos 18 meses e nestes dois formatos, o nosso know-how permitiu realizar 89 novos negócios colocados em Portugal Continental e na Madeira.

Antecipa-se assim que o mercado de retalho em Portugal continuará numa trajetória de recuperação e consolidação, com insígnias e proprietários focados na melhoria dos seus negócios e na rentabilização das respetivas atividades.

 

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