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Da Loja ao WWW: expandir a mercearia com o ecommerce

Por a 12 de Junho de 2017 as 13:47

Uma análise do Comparajá.pt

Um dos desafios da revolução tecnológica passa por transformar antigos negócios em plataformas de ecommerce. “Dar rodas” a negócios cujos modelos passavam simplesmente por lojas físicas envolve bastante estudo e reflexão. Quais são, então, as obrigações e custos exigidos para não perder o comboio do comércio eletrónico? O ComparaJá.pt, plataforma gratuita de comparação de produtos financeiros, analisou o mercado para dar resposta à questão

O ecommerce veio para ficar. Na Europa, segundo relatório de ecommerce europeu B2C 2016, foram registadas em 2015 vendas totais de 455,3 mil milhões de euros através deste meio. Em Portugal atingiram-se vendas de 3,3 mil milhões de euros, um crescimento de 15,7% face ao ano anterior, superando a média europeia.

Os eshoppers também começam a estar bastante presentes no setor do retalho da alimentação. Segundo o estudo “e-Commerce Report CTT 2016”, a penetração das compras online de supermercado em Portugal está nos 18%. É uma oportunidade que os grandes retalhistas da área da alimentação já agarraram, mas ainda há espaço para pequenas mercearias que queiram expandir o seu negócio.

Afinal, o que é preciso para uma mercearia se lançar online?

Para quem esteja a pensar em lançar-se no setor do comércio eletrónico, há uma série de obrigações e custos que tem que se ter em atenção. Muito disso passa por disposições legais a ter em atenção, por exemplo, no transporte dos alimentos que tem que respeitar certas normas.

Para efeitos de contexto, pensou-se num empresário com uma mercearia em Lisboa com uma faturação anual a rondar os 150.000 euros. Supõe-se que já possui uma carrinha refrigerada para transporte de mercadorias, assim como um espaço comercial com licença para venda de bens alimentares. E coloca-se a questão: no fundo ficaria melhor servido se optasse por uma loja ecommerce ou pela abertura de um segundo estabelecimento que lhe permitisse expandir o seu negócio e, consequentemente, o seu lucro.

Em termos de licenciamento, não há nenhuma especificação singular para o negócio ecommerce, embora a mercearia deva possuir licenciamento normal de acordo com o exigido pela legislação em vigor para esse tipo de negócio. No entanto, como o negócio terá – em princípio – entrega ao domicílio, será necessário precaver uma série de situações. O incumprimento das mesmas pode levar a multas. Em relação a este transporte de mercadorias aplicam-se as normais dispostas no Regulamento (CE) nº 852/2004, de 29 de abril de 2004. Tal exige que, por exemplo, se mantenham limpos os veículos ou contentores que transportam estes produtos.

Custos associados à expansão do negócio

A passagem de um negócio com loja física para um negócio online envolve custos associados, nomeadamente em termos de mão de obra, softwares e logística. Em primeiro lugar, será necessário adquirir uma viatura com as características exigidas para o transporte alimentício (nomeadamente, refrigeração). Estando tal assegurado, há outros fatores que importa ter em atenção. Entre eles estão:

Criação e manutenção do website

O primeiro passo para se vender online passa por ter um site para o efeito. E esse site não pode ter um software qualquer. Normalmente, os sites de ecommerce exigem sistemas próprios. Os mais conhecidos no mercado são o PRESTASHOP e o Magento. Os preços para a implementação destes softwares podem variar, dependendo se o programa vem já com templates pré-definidos ou se estão personalizados. Os valores dos mesmos começam nos 800 a 900 euros.

Após a criação do site é importante também pensar a sua manutenção. Será precisa mão de obra para, por exemplo, inserir produtos no site, corrigir preços, gerir encomendas e afins. Portanto, será necessário ter alguém que possa fazer a gestão desta parte do site. Além do mais, é necessário ter em atenção que o site pode precisar de acompanhamento técnico, nomeadamente a nível de programação pelo que poderá ser exigível a contratação de um “developer” que vá corrigindo “bugs”. Aqui o empresário pode ter duas opções: ou a contratação de alguém a “full” ou “part-time” ou a contratação de uma empresa, em regime de outsourcing, que faça este acompanhamento. Se optar pela segunda opção terá que, ou pagar uma avença mensal, ou trabalhar através de um “fee” pago à peça.

Software de Gestão de Stocks

Outra parte importante de ter um site com vendas online é a possibilidade de conseguir gerir stocks e saber o que se vai vendendo online. Nesse sentido, o empresário merceeiro que se queira lançar na Internet tem que adquirir também um software que lhe permita manter todo o negócio offline e online integrados e sob controle. Há softwares do género online, havendo alguns gratuítos mas com funcionalidades mais reduzidas e outros em que – com um custo de algumas centenas de euros – oferecem características e funções mais abrangentes.

Distribuição e acondicionamento dos produtos

Um negócio online “vive” de uma distribuição célere e eficaz. Pelo que aqui seria necessário, de antemão, um meio de transporte que permitisse acomodar os produtos. De referir que o dito meio de transporte precisaria de estar adepto com as características exigidas por lei para o transporte de alimentos perecíveis.

Nesta logística, estão implícitos alguns custos. Nomeadamente, custos com combustível e armazenamento individual dos produtos. Por armazenamento individual, entendem-se as caixas onde se guardarão os produtos para entrega posterior. Estas caixas individuais variam o preço de acordo com o alimento a ser condicionado. Embalagens para armazenar frutas e saladas podem rondar os €3 por 10 unidades, enquanto embalagem para alimentos podem ficar alimentos podem rondar os €10 por 25 unidades.

Seguro para proteção dos produtos refrigerados

Se a empresa vai transportar produtos refrigerados importa ter um seguro que cubra essas eventualidades. A Liberty Seguros, por exemplo, tem um seguro do género. Imaginando que os produtos da mercearia têm um capital seguro total de €35.000 (dos quais €10.000) são de produtos refrigerados, fez-se a simulação com base numa mercearia de Lisboa com uma faturação anual de 150.000 euros.

O seguro, que tem proteção contra roubo dos produtos e dano nos mesmos, tem um custo para o empresário de 225,95 euros. Nesta proteção estão ainda incluídas, por exemplo, coberturas para Incêndio, Raios e Explosões, Danos por Água, danos derivados de tempestades, entre outros.

Compensará, ao invés, abrir uma segunda loja?

 

Mas ao empresário compensará antes abrir uma segunda loja ao invés de optar pelo rumo do comércio eletrónico? Para analisar a questão é importante colocar em perspetiva os custos e as burocracias de cada parte.

A opção de adquirir uma nova loja envolve uma série de custos associados:

●     Pagamento mensal de renda pelo espaço

●     Contratação de mão-de-obra para atendimento ao público

●     Aquisição de mobiliário para decoração do espaço

●     Stock adicional e espaço próprio para armazenamento do mesmo (nomeadamente através da aquisição de um armazém frigorífico)

Outro fator que o empresário terá que levar em conta aquando da aquisição de um segundo espaço será o seguro multirrisco. O seguro multirrisco servirá para proteger o espaço e também o recheio do espaço.

Negócio online pode ficar mais em conta

Em termos de custos, feito um levantamento geral das necessidades de cada “via” de negócio chegou-se à seguinte conclusão, tal como exposta na tabela abaixo. De relembrar que, além destes, acrescem também potenciais custos com seguros.

comparajá
Considerando os gastos que se têm com o negócio online face aos que se têm com a aquisição de uma segunda loja, pode ser mais atrativo para o comerciante optar pela expansão online do negócio.

Os gastos que o comerciante tem com a loja física são bastante avultados, principalmente no que toca à manutenção da mesma. Com o aumento das rendas nos principais centros urbanos, adquirir um segundo espaço torna-se quase proibitivo. Nesse sentido, a expansão do negócio pela via do ecommerce afigura-se como uma via alternativa, com maior retorno, de atingir novos públicos. E, quiçá, no futuro as lojas físicas poderão ser mesmo ultrapassadas e substituídas por mecanismos em que a compra e venda online seja primordial.

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