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Especial: Distribuição moderna cresce a passos largos em Angola

Por a 15 de Julho de 2015 as 10:22

AngolaAs maiores oportunidades de expansão em Angola estão no retalho não alimentar, revela o estudo “A evolução do setor da distribuição moderna em Angola”, desenvolvido pela Deloitte. Moda, casa, eletrónica e desporto são os segmentos que mais podem beneficiar do aumento “progressivo” do consumo privado no mercado angolano.

População cresce três milhões até 2018

Para perceber o que está a acontecer na grande distribuição em Angola é preciso, antes de mais, medir a população, explica Pedro Miguel Silva, Partner da Deloitte. Segundo dados cruzados a partir das estimativas EIU (Economist Intelligence Unit), World Development Indicators e World Bank, a população tem crescido a uma taxa média de 3,4% por ano, prevendo-se uma evolução de três milhões de pessoas até 2018.

A classe média está em ascenção, representando cerca de um quarto da população. São pessoas com emprego fixo que começam a ter condições para sustentar viatura própria, como também garantir habitação. Mais de metade da população total tem menos de 19 anos. Os jovens com mais rendimentos gastam grande parte do ordenado em marcas de roupa e são consumidores que valorizam artigos portugueses. Portugal é sinónimo de qualidade.

O PIB per capita aumentou desde 2010 mais de 38 mil akz (moeda angolana – kwanza), que em euros corresponde a cerca de 280 euros, e estima-se que ultrapasse os 77 mil akz (cerca de 570 euros) daqui a três anos. Os números refletem-se no consumo privado, que aumenta 13% por ano desde há 15 anos. Em 2014, o consumo privado correspondia a 1 169 mil milhões de akz (cerca de 8 630 mil euros), uma grande diferença quando comparado com os 224 mil milhões de akz (cerca de 1600 mil euros) registados em 2000.

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KeroRetalho alimentar dominado por cadeias nacionais

O primeiro hipermercado no País abriu em 1973 na capital, pela mão do Jumbo, que instalou em Luanda a insígnia Pão de Açúcar. Só mais tarde, em 1996, estreia o formato cash & carry, através da retalhista alimentar Maxi, do grupo Teixeira Duarte Distribuição, e em 2002 dá-se a entrada da primeira cadeia internacional, a sul africana ligada também ao canal alimentar Shoprite.

A distribuição em Angola estava concentrada em Luanda e arredores até 2005, ano em que o Governo angolano cria o PRESILD (Programa de Reestruturação do Sistema de Logística e de Distribuição de Produtos Essenciais à População). Em 2007, começaram a nascer os primeiros frutos do programa, para o qual se previa um investimento de um bilião e 500 mil dólares norte americanos em supermercados e lojas de proximidade por todas as províncias do país. Assim, abriram naquele ano 31 lojas debaixo da insígnia Nosso Super, que entretanto fecharam em novembro de 2011, e 29 delas voltaram a reabrir em maio de 2012, geridos por privados através de concessão. A insígnia Poupa Lá também resultou do programa PRESILD.

Até março de 2014, o território nacional contava sete estabelecimentos com o formato ‘hiper’. O desenvolvimento do setor intensificou-se com o aumento do ritmo de expansão das cadeias nacionais. O que acontece desde há cinco anos, quando abriu o primeiro hipermercado Kero. Este operador, em setembro de 2014 instalou o maior “hiper” de Angola em Luanda, com uma área de vendas de dez mil metros quadrados e mais de 40 mil referências, a décima loja.

Angola1Cadeias sul africanas lideram em África

Na maioria dos países da África subsariana, a distribuição moderna tem sido liderada por cadeias sul africanas, principalmente a Shoprite, que lidera em vários países, como Nigéria, Moçambique, Zâmbia ou Gana, além de ser também número um no seu país de origem. Já as cadeias francesas Casino e Carrefour dominam quase a totalidade dos mercados francófonos.

Em Angola, por sua vez, face à dinâmica de crescimento dos ‘players’ locais é expectável que sejam estes a dominar a distribuição moderna. Assim como acontece no Egito, onde o mercado é dominado pelo Metro Egypt com 121 lojas espalhadas pelo país, no Quénia e no Botswana.

Um dos grandes desafios no País africano de língua portuguesa tem a ver com a redução das importações. Angola importa mais de 60% dos bens alimentares de consumo e os não-alimentares são quase todos igualmente importados. Neste momento, assiste-se à promoção da produção nacional e ao desenvolvimento da qualificação do capital humano. Os operadores apresentaram planos de expansão ambiciosos para o país, alguns entretanto adiados por causa da redução das receitas petrolíferas, embora esteja prevista a entrada de cadeias internacionais em Angola. 

Angola 3Walmart entra com Massmart

Das insígnias existentes naquele país, o Nosso Super privilegia “aberturas de novas lojas em negócios diferenciados” no seu plano de expansão, a Poupa Lá tinha previsto abrir ainda em 2014 cinco lojas na província do norte Cabinda e anunciou a abertura de mais duas em regiões diferentes, sem falar em datas. A Score diz que vai abrir 40 lojas no País até 2018 e a Shoprite não comunicou a data das 21 novas lojas que pretende inaugurar.

O Continente previa entrar este ano em Angola, mas a situação complicou-se para a retalhista portuguesa, que teve que adiar os planos. Segundo declarações de Paulo Azevedo ao Sol, em Abril último, não há ainda nenhuma evolução. “Ainda não houve resposta”. Paulo Azevedo voltou a “não querer comentar” o futuro da parceria que a Sonae formalizou com a Condis – controlada por Isabel dos Santos – em Abril de 2011, para lançar a marca Continente no mercado angolano, revela o jornal Sol.

Quem está previsto chegar em 2015 é a Walmart, através da sul africana Massmart, cadeia de retalho alimentar adquirida pela maior retalhista do Mundo.

Enquanto as cadeias que vão chegando ao país se fixam na capital, as já existentes estão a expandir a presença a novos centros urbanos, uma vez que Luanda está muito mais saturada do que as restantes cidades.

Há medida que se avança do litoral para o interior do país, nota-se uma intensificação da desertificação, quer no número da população quer nos formatos de distribuição moderna disponíveis. Havendo centros urbanos em várias províncias que apresentam apenas um supermercado.

Luanda, com cerca de oito milhões de habitantes atualmente, é a cidade inquestionavelmente mais populosa do país. É também onde se reúnem mais e diferentes formatos de retalho. A província capital dispunha em 2010, segundo dados da Segurança Social, 62 supermercados, 11 grossistas (cash & carry) e seis hipermercados. Apesar da concentração entretanto ter aumentado e esta ser a região mais dinâmica, ainda há muito espaço para crescer.

Maior fatia do bolo para decoraçãoangola

O segmento de retalho de casa e decoração é dos que encontra mais oportunidades de crescimento para os próximos tempos, reflexo da crescente urbanização que se faz sentir no país. Moviflor, Kinda Home e Casacon estão presentes em solo angolano.

O Executivo prevê a criação de 14 novas centralidades com habitação para um milhão de pessoas, criadas no âmbito do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação. As estimativas apontam para que, em 2020, 65% da população total seja urbana.

O que supõe novas necessidades e novos hábitos e a elevação de segmentos comerciais, além de bens essenciais. A jovem classe média a emergir representa uma oportunidade para a diversificação da oferta ao nível da moda. Ao contrário do alimentar, que está dominado por marcas nacionais, neste departamento os angolanos privilegiam marcas globais, influenciados pela cultura dos media.  As importações de vestuário e calçado subiram 33,6% em 2013. Em 2010, o valor era de 6,3%.

Até à data, entre as insígnias mais reconhecidas internacionalmente a operar no território estão Benetton, Lacoste, Hugo Boss e a marca brasileira Havaianas. Salsa e Cortefiel também são outros exemplos e, por outro lado, Mango, Timberland, Zara e Levi’s têm entrada anunciada.

A percentagem elevada de população jovem – mais de metade está abaixo dos 19 anos – faz do segmento desporto um dos mais atrativos para as marcas, já que as importações a este nível aumentaram dos 5% para os 42,1% de 2011 para 2012. Nike, Adidas e Sport Planet são algumas das insígnias internacionais que já detém pontos de venda naquele mercado.

KEROOferta de shoppings ainda limitada

A oferta de retalho especializado beneficia da abertura de centros comercias e retail parks sobretudo em Luanda. Dos oito centros comerciais em operação, registados em 2014, sete situam-se na província que alberga a capital e fora daí, apenas a província de Huíla detinha um centro comercial. No entanto, estavam previstos mais dez shoppings abrirem no último ano, nove em Luanda e um em Benguela, que no total representam 100 mil metros quadrados de ABL (área bruta locável). Espera-se em 2016, 23 espaços que compreendam 410 mil metros quadrados de ABL.

Quanto aos retail parks, até 2014 operavam apenas dois, em Luanda e Benguela, mas prevê -se a abertura de mais três na capital.

 

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