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O futuro da tecnologia e dos pagamentos, por Sérgio Botelho (Visa)

Por a 2 de Dezembro de 2013 as 16:24

Por Sérgio Botelho, Country Manager da Visa Europe em Portugal

 O que outrora foi identificado como um modelo de negócio estável tornou-se actualmente num verdadeiro atractivo para o investimento e para a inovação.

Estima-se que num período de apenas 30 meses, desde o início de 2010 até meados de 2012, mais de 300 empresas atraíram cerca de 1,45 mil milhões de euros em financiamento com capital de risco para os seus projectos de pagamentos online e móvel. É um valor considerável, mas totalmente diferenciado dos investimentos concretizados pelas grandes empresas de telecomunicações e de tecnologia.

Acredito que a emergência de novas tecnologias e a entrada de empresas que não pertencem ao sector dos pagamentos electrónicos na área dos pagamentos móveis, conduzirão a um cenário de incerteza no qual os pagamentos são mais complicados.

Tal como nos nossos negócios, também as nossas vidas e os nossos comportamentos dependem cada vez mais da tecnologia e os pagamentos terão necessariamente que evoluir nesse sentido.

Alimentada pelas tecnologias móveis e digitais, existe uma condição para que os pagamentos se tornem mais simples e convenientes. Devem estar disponíveis em qualquer dispositivo, canal e lugar e ajudar os comerciantes e os fornecedores de serviços a melhorarem e a enriquecerem a experiência dos seus clientes. Têm o potencial de se tornarem o ponto de convergência entre os mundos online e offline, uma fonte de dados e uma nova e poderosa forma de garantir lealdade e de influenciar comportamentos.

As 7 tendências

De acordo com o mais recente relatório da Visa “The Future of technology and Payments”, existem sete tendências sociais e comportamentais que a tecnologia está a facilitar, a acelerar e, em alguns casos, a exacerbar as nossas vidas e que, por sua vez, tem implicações na forma como os serviços de pagamento são disponibilizados, geridos e processados.

Em primeiro lugar, a tecnologia continua a evoluir a um ritmo surpreendente, assegurando cada vez mais poder aos computadores, num maior número de locais, de forma mais simples e acessível. Esta tendência tem óbvias repercussões no futuro da rede POS, proporcionando ao terminal de aceitação a agilidade e o tempo de funcionamento, factores imperativos.

Em segundo, os modelos de gestão de identidades assumem um papel primordial na determinação da forma como nós transaccionamos e interagimos. Desta forma, as implicações são a criação de um espaço para uma solução colectiva da indústria, desde a autenticação à criação de perfis, partilha dinâmica de risco com os comerciantes e de preservar e possibilitar o anonimato.

A terceira tendência prevê que dados sobre o consumidor, a sua localização e os comportamentos passados serão utilizados com o objetivo de antecipar e responder aos seus desejos e necessidades. Este facto poderá conduzir ao peso excessivo das expectativas do consumidor e ao fim da privacidade.

A quarta tendência está relacionada com o facto de vivermos num mundo de modelos comerciais “hands-off” e “light-touch”, onde os produtos e serviços são disponibilizados automaticamente, o que leva à facilitação de novos modelos de consumo, à antecipação de novos padrões de pagamento, abrindo os circuitos fechados, potenciando a importância do software e a considerações tridimensionais.

A responsabilização extrema é a quinta tendência, porque tudo é escrutinável, incluindo os comportamentos. E quais são as implicações? O valor e a sensibilidade particular dos dados de pagamento transformam-se em dados limpos, a guerra pelo talento e tornam-se o motor da economia digital.

Somos super-homens! Esta é a sexta tendência. A tecnologia é parte de nós, literal e em sentido figurado, aumentando as nossas capacidades humanas e conduzindo aos pagamentos ampliados para compras exageradas, dados biométricos, soluções de pagamento para os mais novos e para os mais velhos e, de uma forma geral, ajudar os “super-homens”.

Finalmente, mas não menos importante, o mundo é um lugar mais aberto e colaborativo, e a abertura e a colaboração tornam-se pré-requisitos para negócios bem-sucedidos.

Inovação em segurança

As implicações são muitas mãos a desenvolver trabalho leve, permitindo e encorajando inovação em segurança, ao invés da inovação ingénua, abrindo-se à comunidade de fazedores, re-imaginando o modelo de valor, analisando quem consegue receitas e porquê e as soluções de pagamento em modelos de financiamento público.

Na minha opinião e para concluir, os consumidores esperam que as coisas aconteçam. E os pagamentos terão também que acontecer. Ninguém acorda um dia com o desejo pagar por algo. E para assegurar os níveis necessários de automação e integração, temos necessariamente que trabalhar com um conjunto de parceiros mais alargado.

É simples mas não realista esperar que a nossa rede chegue a todos os consumidores, de todas as formas e em todas as circunstâncias. Desta forma, devemos permitir que outros preencham essa lacuna, desde que aportem valor e, obviamente, beneficiando com soluções conjuntas. Este é um cenário positivo para todos!

 

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