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Bacalhau no Tejo, por José Pinto Gaspar (CVR Tejo)

Por a 4 de Outubro de 2013 as 14:40

José Pinto Gaspar, presidente da CVR Tejo

Por José Pinto Gaspar, presidente da Comissão Vitivinícola da Região do Tejo

O portuguesíssimo bacalhau, iguaria tão apreciada por todos nós e por muitos dos que nos visitam, é, como se sabe, pescado nos longínquos mares da Noruega e da Terra Nova.

No entanto, muitos dos tradicionais Lugres que levaram os nossos pescadores até essas longínquas paragens, saíam da Costa Nova em Aveiro e também do nosso Tejo.

O Tejo, como maior rio português, embora nascido em Espanha, representa para todos nós um marco fundamental na nossa cultura e história, cultura, gastronomia e vinhos.

Mais importante que a partida dos Lugres do nosso Tejo foi, sem dúvida, a largada das nossas frotas quinhentistas à descoberta de novas terras. Nessa altura, o bacalhau, como hoje o conhecemos, era ainda um ilustre desconhecido. No entanto, o Vinho produzido nesta região envolvente do Tejo era já bem conhecido.

Encaminhando-nos agora para a gastronomia envolvente do Rei Bacalhau e para o seu inevitável acompanhante, o Senhor Vinho, há também uma interminável descoberta em seu redor.

Se é vulgar dizer-se que há mil e uma maneiras de cozinhar bacalhau, poderemos, sem dúvida, afirmar que há mil e dois vinhos adequados a acompanhar essas iguarias.

Tradicionalmente os nossos escanções aconselham vinhos brancos para pratos de peixe e vinhos tintos para os de carne. No entanto, gastronomicamente falando, será que bacalhau é peixe? Certamente que sim, se for um bacalhau cozinhado fresco. No entanto, o bacalhau, como tradicionalmente o conhecemos, salgado e posteriormente demolhado, sapidamente tem pouco que ver com o que era ao natural, fresco.

Então o que dizer dos vinhos que podemos recomendar para acompanhar o bacalhau? Todos ou quase todos. Depende, essencialmente, do modo como o bacalhau é confeccionado. Se um bacalhau assado no forno, bem condimentado, com cebola e alho em abundância, regado com um bom azeite e ladeado de umas lascas de um bom presunto pede a acompanhar um vinho tinto encorpado e algo taninoso, já por outro lado, para um bacalhau espiritual é recomendável um vinho branco com alguma fruta mas também estrutura e acidez.

Entre estes dois extremos poderemos encontrar sempre um vinho adequado para a selecção gastronómica à base do Rei Bacalhau. Se falarmos, por exemplo, do tradicional bacalhau cozido, tanto poderemos recomendar um vinho tinto mais ligeiro como um branco com algum corpo e madeira, tudo dependendo da época do ano, do ambiente envolvente e acima de tudo do gosto de quem o consome.

O tempo do tradicionalismo já lá vai. Tradição sim, mas com moderação, tal como o consumo do vinho. É assim para tudo na vida, em constante evolução e mudança. Se a gastronomia também evolui e muito, então o que dizer dos vinhos portugueses? Seguramente dos melhores e que mais têm evoluído em todo o mundo, até porque têm também de acompanhar uma das melhores gastronomias planetárias.

Bacalhau no Tejo? Sim, desde que acompanhado por alguns dos melhores vinhos portugueses, os Vinhos do Tejo.

 

 

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