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EXCLUSIVO: “Portugal recuperou a dignidade enquanto marca de País produtor”

Por a 6 de Novembro de 2012 as 22:23

Amândio Santos, Presidente do Conselho de Administração da Portugal Foods, faz, em entrevista ao Hipersuper, um balanço da participação portuguesa no SIAL Paris, que decorreu entre 21 a 25 de Outubro na cidade das luzes

Que balanço faz da participação portuguesa na edição deste ano do SIAL Paris?

O balanço da participação portuguesa sob a umbrela PortugalFoods é bastante positivo. Por um lado, as empresas portuguesas tiveram a oportunidade de uma maior aproximação aos mercados externos e, por outro, mostrar que a produção nacional é uma opção de fornecimento nesses mercados, com produtos de elevada qualidade e únicos.

Na PortugalFoods acreditamos que uma presença colectiva em eventos como a SIAL Paris, a Anuga na Alemanha, a PLMA na Holanda, a SIAL Xangai, e outros, cuja geografia e importância sectorial exijam a presença de um “Portugal Excepcional”, continuará a representar uma enorme mais-valia e uma fórmula com resultados que a PortugalFoods pretende assegurar.

Além disso, na acreditamos também que as nossas empresas, individualmente, saem a ganhar com a força que colectivamente demonstramos.

Os mercados tradicionais das exportações portuguesas aproveitam as sinergias que daí advêm e identificam, num espaço colectivo, empresas avalizadas e com potencial exportador.

Os novos compradores reconhecem em Portugal um mercado cuja excelência gastronómica clima, geografia atlântica, hábitos e história oferecem produtos distintos e de excelência e, por isso, uma presença digna da marca Portugal potencia a confiança e gera atractividade comercial.

Sentiu que a crise, que afecta particularmente a Europa, influenciou de alguma forma a performance da feira ou, pelo contrário, não teve qualquer influencia no número de expositores e visitantes?

Não sentimos que a crise tenha influenciado a performance da feira. O que vimos foi a presença colectiva de muitos países europeus e de todos os cantos do mundo a apresentarem o seu potencial agro-alimentar. Surpreendeu-nos a presença da Grécia com uma dimensão impressionante. A Espanha sempre dinâmica e dando dimensão ao país como uma identidade colectiva. O Brasil, a Turquia, a Tunísia e muitos outros que vêem em Paris uma montra para compradores de todo o mundo, este ano com numerosos compradores do Médio Oriente, Norte de África e Ásia.

Também a Senhora Ministra da Agricultura, Assunção Cristas, sublinhou o facto de sentir que entre os empresários portugueses presentes na feira o espírito era de motivação e entusiasmo com a riqueza dos compradores e expositores presentes na feira.

É a primeira vez que as empresas portuguesas participam nesta feira sob a umbrella da Portugal Foods?

Nas ultimas edições da Sial Paris Portugal não se fez representar de forma colectiva e de facto este ano sob a Umbrella da Portugal Foods recuperou a dignidade enquanto marca de país produtor.

Foi em 2011 que as empresas tiveram a oportunidade de participar em certames internacionais sob a umbrela da PortugalFoods, nomeadamente na Feira de Novi Sad, na Sérvia e na Feira Anuga na Alemanha, com um total de mais de 50 empresas a participarem. Em 2012, a PortugalFoods esteve presente na Alimentaria Barcelona, na SIAL Xangai, na PLMA Holanda, a SIAL Paris e ainda numa missão empresarial, com 6 empresas, a acompanhar o Primeiro-Ministro Português à Colombia e ao Peru. No total, contabilizam-se mais de 80 empresas. E ainda este mês de Novembro, a Portugalfoods irá a Abu Dhabi iniciar o conhecimento deste importante mercado, levando uma dezena de empresas.

Que objectivos delinearam para a participação no SIAL? Foram concretizados?

Cada dia que passa, cada iniciativa que abraçamos e cada empresa que a nós se associa, vamos registando um maior entusiasmo neste projecto PortugalFoods, que vai gerando a verdadeira marca Umbrella e uma plataforma para a internacionalização do agro-alimentar português. A SIAL Paris foi um exemplo desta estratégia de eficiência colectiva que a PortugalFoods promove e objectiva para todo o sector agro-alimentar português.

Assim, consideramos que o principal objectivo foi atingido e que residia na convicção que a Marca Portugal sob um “único chapéu” alavancaria as empresas individualmente e isso foi concretizado. O que vimos foi uma cooperação entre empresas que partilharam experiências, e facilitaram contactos num verdadeiro espírito de exportação em rede. Acreditamos que as marcas exportadoras podem e devem contribuir para alargar a base de empresas exportadoras e isso está a acontecer com as empresas Associadas da PortugalFoods – a plataforma para a internacionalização.

Tendo em conta a origem dos profissionais que mostraram interesse nos produtos portugueses presentes no certame, quais os países com mais potencial nos projectos de exportação das empresas que participaram no SIAL?

Na estratégia de internacionalização que a PortugalFoods elaborou com a participação de várias entidades do sector e, principalmente, numa ampla auscultação feita às empresas, foram identificados alguns mercados como prioritários, outros como “a apostar selectivamente” e ainda outros a “consolidar posições”. Assim, a prioridade vai para o Japão, Hong-Kong, China, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Rússia, México e Venezuela. No entanto, é muito importante que as empresas continuem a sustentar posições que detemos em mercados consolidados, em especial países da CPLP e europeus, com foco para França, Alemanha e Reino Unido.

A SIAL Paris de facto validou o nosso diagnóstico pois os contactos estabelecidos pelas empresas apontam efectivamente para estas regiões do globo, aquelas que mais crescem e maior poder de compram vêm revelando.

Por outro lado, quais os produtos em exposição que cativaram mais a atenção do público que visitou o SIAL?

De um modo geral, todos os produtos cativaram atenção dos visitantes. A posição do stand da PortugalFoods, logo à entrada do Pavilhão, permitiu que a exposição dos nossos produtos fosse excelente.

Por outro lado, temos a felicidade de Portugal ter produtos âncora que são reconhecidos mundialmente e que têm um papel importantíssimo e facilitador para credibilizar todos os outros. De facto, as conservas, o azeite , o vinho, as bolachas e o bacalhau contribuíram para que o interesse em queijos e lacticínios, charcutaria, aperitivos, molhos, sobremesas, refeições prontas, arroz, chocolates, entre outros, passem a ser vistos como produtos que dão resposta ao interesse dos compradores e que a oferta de Portugal está de facto evoluida e com qualidade.

Foi importante para a Portugal Foods a visita da Ministra da Agricultura de Portugal à feira? Em que medida?

A visita da Ministra representou um momento muito importante para a Portugalfoods na medida em que num único espaço e momento foi possível partilhar com as empresas as suas preocupações. A exportação das carnes para a comunidade Russa e China, os problemas como o abastecimento de peixe, as barreiras para os lacticínios e derivados foram assuntos partilhados com a Ministra.

De facto, não podemos deixar de referir que o apoio demonstrado pela Ministra da Agricultura tem sido fundamental para o lançamento das bases para a estratégia para a internacionalização do agro-alimentar que a PortugalFoods apresentou e está a desenvolver e, por isso, a sua visita ao SIAL Paris seguramente permitiu “sentir” a dinâmica, o esforço e o empenho que as empresas estão a colocar na abordagem aos mercados de exportação e que os fundos públicos estão a ser aplicados de forma selectiva e bem rentabilizados.

O Vinagre de Figo da Mendes Gonçalves esteve exposto no SIAL junto dos produtos inovadores do mercado mundial. Como vê a Portugal Foods a atribuição deste prémio?

A PortugalFoods trabalha em duas grandes áreas: a inovação e a internacionalização. Na inovação, além de promover projectos de I&DI entre as empresas portuguesas e as entidades do sistema científico e tecnológico nacional e internacional, estimula os seus associados através de informação proveniente de uma vigilância activa aos mercados externos, permitindo que aqueles estejam a par dos produtos que vão sendo lançados nesses mercados, bem como das tendências do consumo.

Neste caso em específico, a PortugalFoods congratula-se pela Mendes Gonçalves enquanto seu associado, considerando-a um exemplo a seguir por todo o sector, sendo um orgulho para nós contar com o prestígio dos seus produtos e marcas nas propostas que fazemos aos compradores internacionais que procuram Portugal.

É possível estimar, nesta primeira fase, os negócios concretizados pelas empresas portuguesas na feira?

Os processos de internacionalização são morosos e requerem muito investimento. Uma semana após a feira não é fácil estimar quais os negócios concretizados, no entanto, sabemos de antemão que muitas reuniões que aconteceram nos espaços individuais das empresas foram a base para as mesmas trabalharem com vista à exportação dos seus produtos. O que foi evidente durante os cinco dias do evento era a presença de compradores dos cinco continentes em reuniões com as empresas no espaço PortugalFoods.

Já é certo que repitam a participação no SIAL na próxima edição?

A PortugalFoods é a marca umbrella reconhecida pelas empresas do sector agro-alimentar para a representação portuguesa digna e que gera a atractividade comercial.

Por outro lado, acreditamos que a imagem de Portugal, nos certames internacionais, deve ser constante e, por isso, a PortugalFoods pretende estar no SIAL 2014 e em todos os eventos que permitam que Portugal se apresente como país produtor de excelência.

 

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