Marcas ‘inteligentes’

Um recente estudo da consultora Motivação dá conta de que as marcas próprias da distribuição (MDD) continuam em alta. Até aqui nada de novo.

Que a principal razão para o aumento do consumo de MDD é o preço e a qualidade das mesmas também não constitui nenhuma surpresa.

Curioso não deixa de ser, contudo, a análise que poderá ser feita ao consumo das MDD por nível de escolaridade (ver quadro publicado na página 8 desta edição), em que é possível verificar uma clara preferência dos diversos graus de escolaridade por determinadas marcas.

Assim, é possível verificar que, liderando a preferência global dos consumidores lisboetas, é junto dos mais “letrados” que as MDD do Pingo Doce ganham mais adeptos, enquanto o Lidl, por exemplo, tem a sua base nos consumidores com escolaridade até à 4.ª classe.

Esta diferença parece não ter muito significado, mas é demonstrativa da força que uma marca própria poderá ter junto de uma classe social que, apesar de detentora de mais conhecimento, é também ela a mais racional no acto da compra.

As campanhas de publicidade que invadiram a televisão, nos tempos mais recentes, poderão também ter a sua influência, já que, se do lado do grupo Jerónimo Martins a estratégia passa por colocar personalidades conhecidas a promover as suas marcas, as outras insígnias seguem a estratégia de sempre, baseada, algumas vezes, na comparação de preços.

Outro dado “curioso” do estudo é o que demonstra que é junto da população entre os 25 e 45 anos que mais aumentou o consumo das MDD. Talvez seja este o consumidor que mais facilmente percebeu a vantagem das MDD e que vê na relação preço/qualidade a vantagem de optar pelas marcas da distribuição em vez das do fabricante.

Talvez o título deste editorial não devesse ser marcas “inteligentes”, mas antes consumidores “inteligentes”, até porque, se até há bem pouco tempo muitos “escondiam” o facto de comprar MDD, actualmente, muitos revelam que este é um actode compra inteligente.