Emprego & Formação

A retoma…

Por a 24 de Julho de 2009 as 5:56

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Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe… Assim é a economia mundial. Os ciclos económicos envolvem por definição uma alternância de períodos de crescimento com períodos de estagnação ou mesmo de declínio, no que respeita ao PNB de uma determinada economia. O cenário em que nos encontramos hoje em dia é precisamente este último. No entanto, o clima actual de retracção económica parece ser mais difícil de superar do que nunca. Chega a ser de alguma forma enigmático que tudo seja assim encarado e importa aqui deixar algumas reflexões… Se apregoamos diariamente a velocidade com que a mudança e a inovação nos atingem e invadem as nossas casas, as nossas escolas, os nossos locais de trabalho, porque motivo não conseguimos imprimir a mesma velocidade ao desejável contra ciclo? Certamente porque aqui estão em causa factores que a ciência e a tecnologia não conseguem dominar. E porque já basta de entrevistas, livros, debates e artigos que reflectem auspiciosamente sobre a palavra que aqui não escrevo, sejamos então capazes de transpor e concentrar o nosso esforço e as nossas energias para algo positivo….

Portugal é muito mais do que um passado épico de lendas e conquistas por mares nunca dantes navegados. Senão vejamos: somos fornecedores de tecnologia para instituições como a NASA ou a Agência Espacial Europeia; produzimos e somos premiados por ter dos melhores azeites e vinhos do mundo; a nossa produção científica cresce a uma taxa média anual de 13% desde 1980; desenvolvemos a Via Verde, sistema de teleportagem dinâmica aplicada em toda a rede rodoviária do país e já em fase de conquista de novos mercados; criamos o conceito de pré-pago, que revolucionou as comunicações móveis em todo o Mundo; vivemos num país que está na vanguarda da microelectrónica mundial, criando chips para empresas como a Toshiba, a Microsoft, a Philips e a Motorola; contribuímos para a revolução das regras da canoagem de competição ao desenvolver um modelo de Kayak absolutamente inovador; etc, etc…

Estes são apenas alguns breves exemplos bem claros e recentes do que de melhor somos capazes de fazer. Podemos daqui retirar a capacidade intrínseca e inequívoca que temos de ir mais longe, de pensar um passo à frente e de arriscar. Sucede que ironicamente na fase em que as empresas mais precisam romper com os esteriótipos é precisamente e também aquela na qual mais ouvimos falar do adiar de decisões de investimento que em qualquer outra circunstância seriam inquestionáveis…como por exemplo recrutar!

Será então é um ciclo vicioso? Não, é só um ciclo económico. E um ciclo económico reflecte as variáveis tangíveis, não mede a dose de auto estima de um país nem a capacidade de ele próprio se reinventar, de arriscar e dar um passo em frente.

Seria ridículo aqui ignorar que as empresas em Portugal vivem momentos difíceis: Mas essa é uma realidade que infelizmente já vinham conhecendo muito antes de 2009 e de 2008. Os seus problemas são estruturais, mas sobretudo importa destacar que nas actuais circunstâncias ficarão a dever-se mais à crise de expectativas e à atitude dos seus parceiros de negócio do que propriamente, e em muitos casos, à real quebra nas suas vendas ou nas suas encomendas. Muitas vezes é à custa dela, dessa tal “senhora” cujo nome aqui não escrevo que muitos clientes deixam de pagar aos seus fornecedores e que lhes vetam a possibilidade de também aqueles honrarem os seus compromissos, seja com os seus trabalhadores ou com o próprio estado; não é por acaso que profissionais com competências desenvolvidas na área de gestão de crédito e cobranças tem vindo a ser tão requisitados e valorizados no mercado. Não é por acaso que muitos departamentos financeiros estão a ser reestruturados e repensados para fazer face a um tempo de “vacas magras”, onde a eficiência na gestão é palavra de ordem e condição única de sobrevivência! A aposta em profissionais bem preparados e sobretudo flexíveis, que sejam capazes de responder aos desafios de longo prazo – mas sobretudo aos que a curto prazo muitas vezes se impõe – é regra fundamental para qualquer organização nos dias de hoje.

Só na sua estrita aplicação serão capazes de sobreviver e dar tal passo em frente, o passo que muitas vezes e ao longo dos últimos anos lhes tem faltado.

A retoma, que está para além de ser apenas económica, encerra em si uma questão de atitude e essa ninguém compra, nem ninguém vende ….

Vera Rodrigues, Senior Consultant, Hays Accountancy & Finance, [email protected]

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