Editorial

A era take home

Por a 29 de Maio de 2009 as 5:48

 vitor jorge

Estudos recentes indicam que o consumidor está mais infiel, mais racional e mais amigo das Marcas da Distribuição (MMD) e nem a tão anunciada esperança de que, quem conseguir manter o seu posto de trabalho dispõe de mais dinheiro ao final do mês, faz o consumidor gastar o seu dinheiro fora do lar.

A actual conjuntura económico-financeira veio reforçar o protagonismo que o consumidor possui no que diz respeito às opções de compra. Os dados das diversas empresas de estudo de mercado, associações e players, tanto do lado da distribuição como da produção, indicam a existência de uma clara transferência do consumo de fora para dentro do lar, com destaque para algumas categorias e produtos.

Se o canal Horeca vive dias “dramáticos”, com contínuas quebras na facturação (-35%, segundo a TNS Worldpanel), os congéneres do retalho alimentar registam consecutivos aumentos de vendas, com especial referência para a alimentação básica (refeições prontas e congelados a cresceram mais de 73%, segundo a mesma consultora).

Estudos recentes indicam que o consumidor está mais infiel, mais racional e mais amigo das Marcas da Distribuição (MMD) e nem a tão anunciada esperança de que, quem conseguir manter o seu posto de trabalho dispõe de mais dinheiro ao final do mês, faz o consumidor gastar o seu dinheiro fora do lar.

Exemplo disso mesmo foi dado recentemente pelos dois maiores players da distribuição em Portugal, ao referirem ao Expresso que a lasanha de marca própria Continente cresceu 135%, vendendo cerca de 100 mil unidades em quatro meses, enquanto o concorrente Pingo Doce vê, em somente 25% da sua rede de supermercados, serem vendidas 10 mil refeições refrigeradas por dia.

O fenómeno do crescimento das refeições prontas alastra-se, inclusivamente, a quem trabalha, já que grande parte destes produtos são adquiridos para serem consumidos nos empregos, em vez do habitual almoço no snack-bar ou restaurante.

E são vários os spots publicitários que nos invadem as televisões a mostrar como se pode confeccionar uma refeição para duas ou quatro pessoas por menos de 5 ou 6 euros.

Mas não se pense que o fenómeno take home se limita às refeições. Também recentemente fomos confrontados por nova “guerra” nas cervejeiras, não tanto pelas quotas de mercado, mas pelo lançamento de soluções que permitem ao consumidor beber a cerveja, normalmente bebida num qualquer café ou bar, dentro do conforto do lar.

Este fenómeno, no entanto, não é exclusivo de Portugal, verificando-se um pouco por toda a Europa que o consumidor está claramente a preferir gastas menos e consumir em casa do que fora dela.

E quem ganha com tudo isto? Claramente a distribuição moderna que, apostada na estratégia de marca própria consegue oferecer produtos a baixo preço e de relativa qualidade, não se antevendo grande melhorias para o canal Horeca dentro dos próximos tempos.

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