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Venda de produtos portugueses no estrangeiro aumenta na quadra natalícia

Por a 22 de Dezembro de 2023 as 15:19

As marcas e produtos agroalimentares portugueses há muito tornaram-se globais, em grande parte pelo trabalho desenvolvido por importadores portugueses nos cinco continentes. Aos poucos, têm deixado o âmbito das comunidades portuguesas e passam a integrar os gostos e hábitos dos naturais dos países para onde são exportados. A pensar no consumo na quadra natalícia, o Hipersuper falou com alguns importadores portugueses…

A Bexeb faz chegar os produtos portugueses ao mercado luxemburguês há já 21 anos. A empresa fundada por Manuel Ferreira da Cunha importa de Portugal uma variada gama de produtos alimentares, para além de vinhos a outras bebidas alcoólicas, e fornece o seu portfolio de produtos às grandes superfícies comerciais, restaurantes e bares.
O bacalhau Grupomar, o vinho do Porto Niepoort, a pastelaria da Panidor, a gama da Maçarico e o arroz, massa e legumes Caçarola, são alguns dos produtos do vasto portfolio de marcas portuguesas importadas e distribuídas pela Bexeb num país onde os portugueses e lusodescendentes são a maior comunidade de estrangeiros, representando 14,5% da população total, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas luxemburguês.
“Comercializamos muito bem os produtos portugueses durante todo o ano, mas alguns deles aumentam as vendas por causa da quadra natalícia. É o caso do bacalhau, dos vinhos, do Vinho do Porto, além do Pão de Ló e das couves”, revela Manuel Ferreira da Cunha, que aos 16 anos deixou para trás a freguesia do Coimbrão, em Leiria, e rumou ao Luxemburgo, onde reside há 50 anos.
O empresário português destaca os vinhos nacionais como uma categoria que ganhou espaço junto dos consumidores luxemburgueses, mas à custa de “um trabalho árduo” e muita divulgação. “Marcas como as da Herdade da Malhadinha Nova, Herdade dos Grous, Esporão ou Herdade do Mouchão, são conhecidas”, exemplifica.
Manuel Ferreira da Cunha, que se orgulha de “já se ver luxemburgueses a comer produtos portugueses”, destaca o trabalho desenvolvido todos os anos pela sua empresa junto dos consumidores, com a realização do Dia da Porta Aberta Bexeb, na sede em Bacharage. Este ano, aconteceu a 9 e 10 de dezembro e voltou a divulgar e dar a degustar uma gama variada de marcas ‘Made in Portugal’. “Mais de 70% dos visitantes são luxemburgueses”, garante, acrescentando que ali se deslocam pela “boa relação qualidade/preço” dos produtos portugueses.

Mais bacalhau, polvo, azeites e queijos no Natal
O Grupo Seabra é um grande player de importação, distribuição e vendas de produtos alimentares multiétnicos nos Estados Unidos. Fundado pelo português António Seabra, inclui a Triunfo Foods, a rede de supermercados Seabra Foods, a Teixeiras’a Bekery, a Seabra Bakery & Cafe, a Aidil Wines & Liquors e os restaurantes Casa Seabra e Seabra’s Armory.
Atualmente, a Triunfo Foods, empresa de importação e distribuição fundada em 1975 e implantada na principal rua da cidade de Newark, importa produtos de vários continentes e distribuí-os pelas costas Leste e Oeste, através de cinco armazéns localizados em Nova Jersey, Massachusetts, Flórida e Califórnia.
De Portugal, chega uma variada gama de marcas, entre as quais Sumol+Compal, Delta Cafés, Bacalhau Riberalves, Bom Petisco, azeites Galo e Oliveira da Serra, e uma variedade de mel, chás e chocolates, entre muitas outras.
No Natal, aumenta a procura por “bacalhau, polvo, azeites e queijos”, revela António Seabra, o CEO do Grupo Seabra, natural de Vila Nova de Tazem, em Gouveia, que em 1967, com apenas 12 de idade, emigrou para os Estados Unidos acompanhado do pai e dos irmãos.
Marcas e produtos que na maior parte “ainda são consumidos por portugueses”, revela, acrescentado, porém que esta é uma realidade que está a mudar. “Com Portugal em grande destaque a nível mundial, na parte turística, e com produtos de alta qualidade que oferecemos, começa a existir mais procura na parte americana”.

Último trimestre representa 40% das vendas
“Esta é a altura mais forte do ano em termos de vendas. Outubro, novembro e dezembro representam 40% do total de vendas anuais da empresa”, assegura Fernando Saraiva, vice-presidente da Saraiva Enterprises. Só na primeira quinzena de novembro chegaram ao porto de Massachusetts, sete contentores de vinhos portugueses, importados pela empresa.
Fundada em 1985, em New Bedford, a Saraiva Enterprises é uma empresa especializada na importação e distribuição de vinhos e de bebidas espirituosas portuguesas, nos Estados Unidos da América.
Vinhos Borges, Quinta da Pacheca, Adega do Redondo, Carmim, Esporão, Bacalhoa, Quinta do Carmo, Casa de Santar, Arcos do Rei, JP, Licor Beirão, e mais recentemente a 100 Hectares, são algumas das marcas top de vendas na empresa. No total são cerca de 250 as referências portuguesas importadas, entre vinhos, licores, aguardentes e Fernando Saraiva prepara-se para acrescentar a Adega da Cartuxa ao portfolio da importadora.
“Os vinhos portugueses são cada vez mais conhecidos e aceites pelos americanos em geral”, assegura o empresário natural de Linhares da Beira, concelho de Celorico da Beira, que chegou aos EUA em 1970, com apenas seis anos. Para esse conhecimento, muito contaram os portugueses “que não perdem a oportunidade de dar a provar os nossos vinhos aos amigos americanos”, sublinha.
Assegura que este crescente conhecimento e consumo tem tudo para continuar, e agora com um novo fator: os turistas americanos que visitam Portugal, “descobrem os nossos vinhos e quando regressam, querem comprá-los”.
Fernando Saraiva destaca que a empresa de que é coproprietário sempre divulgou os vinhos portugueses, através de promoções, provas e participação em eventos e constata que a imagem evoluiu muito. “A imagem dos vinhos e espirituosos portugueses é cada vez melhor, são cada vez mais, conhecidos como vinhos de muita qualidade, e com uma boa relação qualidade/preço”, conclui.

Muita qualidade… muitos impostos
Filho de portugueses naturais de Agilde, no concelho de Celorico de Basto, José António Marinho Nunes esteve desde sempre ligado à comunidade portuguesa, não apenas como grande importador de produtos, mas também a nível cultural, como presidente da Casa de Viseu no Rio de Janeiro.
Sócio fundador da Sabores de Portugal, importadora localizada no Rio de Janeiro, tem no queijo de ovelha, no bacalhau e nos vinhos, os produtos mais comercializados.
“Na nossa importadora trabalho muito com queijos de ovelha portugueses, principalmente o Flor da Beira e Quinta do Cruzeiro. O consumidor no Brasil tem uma grande preferência pelo queijo da Serra. Já pensei trazer outros tipos de queijo, e Portugal tem queijos excelentes, mas o consumidor brasileiro acaba por fazer algum tipo de comparação aos queijos nacionais. Mas já o queijo de ovelha português, é único”, revela.
Os Vinhos Norte, produtor de Vinho Verde, é uma das marcas portuguesas que mais vende, enquanto a marca Pascoal e as do Grupo Rui Costa e Sousa, & Irmão são o top de vendas na categoria bacalhau.
À semelhança dos outros importadores que falaram com o Hipersuper, também para a Sabores de Portugal a quadra natalícia é sinonimo de aumento de vendas. “Vemos crescer exponencialmente a venda de bacalhau e vinhos nesta altura. Até porque, o bacalhau português não tem igual”, assegura José Marinho Nunes.
Quantos aos vinhos, sublinha que não há dúvidas acerca da sua qualidade, mas “sofrem uma concorrência desleal” dos vinhos do Mercosul, principalmente os chilenos. ”Por exemplo, só o imposto de importação para vinhos de fora do Mercosul é de 27%. Os que vêm do Chile não pagam esse imposto. E ainda há outros impostos em cima desse”, lamenta.
José Marinho Nunes tem a certeza de que os vinhos portugueses poderiam até ser os vinhos importados mais vendidos no Brasil, pela sua qualidade, “que é indiscutível”, se não fosse a carga tributária que sofrem no país. “Há muitos clientes que vão a Portugal e compram nos supermercados muito bons vinhos, por exemplo, a três euros. Não conhecem este mecanismo de importação e quando regressam ao Brasil veem o mesmo vinho a 12 euros. Mas se eu, importador, o vender por nove euros, tenho prejuízo”, exemplifica.
Com estes entraves, os produtos portugueses vão se impondo pela qualidade. “Eu nunca tive nenhum cliente a reclamar da qualidade dos produtos portugueses que distribuo. E o consumidor brasileiro já reconhece marcas portuguesas, principalmente nos vinhos e nos queijos”, destaca.

*Artigo originalmente publicado na edição 418 do Hipersuper

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