Homepage Newsletter Opinião

Entregas de última milha: a nova era da logística

Por a 5 de Junho de 2023 as 12:20
Por Ricardo Amorim, Diretor Comercial da Stuart Portugal e Espanha

Por Ricardo Amorim, Diretor Comercial da Stuart Portugal e Espanha

Atualmente, o setor dos transportes de última milha está bastante desenvolvido, fruto da inércia que derivou do extraordinário boom do retalho online que se fez sentir quando despoletou a pandemia. Uma alavanca que provocou alterações nos hábitos de consumo que, embora já se fizessem sentir, resultaram na reorganização do desenvolvimento urbano das cidades e das populações.

É inegável que estamos a atravessar uma nova era logística, que enfrenta uma profunda transformação a todos os níveis. Um processo evolutivo acelerado que parecia impensável há apenas 10 anos.

A questão é que esta dinâmica não perde velocidade, já que se espera que em 2024, o número de transações comerciais online seja cinco vezes maior que em 2014, atingindo os 22% de todas as transações de retalho a nível mundial. Este crescimento vai conduzir a um aumento natural do número de veículos de distribuição. A presença destes veículos nas ruas das 100 maiores cidades do mundo aumentará 36% até 2030. Daí que os grandes centros urbanos já estejam no processo de harmonizar este crescimento, para normalizar os fluxos de tráfego diários.

Por outras palavras, esta é uma nova era que, como tal, traz novos desafios.

O primeiro desafio passa por criar um contexto para o crescimento sem deixar de contabilizar os aspetos ambientais que impactam a atividade do transporte de última milha. Mas como podemos aumentar a atividade e diminuir o impacto que temos no ambiente?

Inserido num universo digital cada vez mais complexo, trata-se, antes de mais, de uma questão de responsabilidade e de compromisso por parte dos operadores. E devemos utilizar todos os recursos e conhecimentos à nossa disposição para garantir que as nossas operações têm um impacto social e económico positivo no nosso ambiente.

A resposta está num importante aliado: a Inteligência Artificial (IA). A principal contribuição que a IA está a dar ao sector da logística é a de racionalizar e otimizar o planeamento de todos os tipos de envios, facilitando a tomada de decisões, com base nos volumes a gerir, quais as plataformas, as rotas e o pessoal a dedicar aos envios. O resultado é uma otimização progressiva da eficiência nos processos.

O transporte neutro em carbono é outro eixo vital no combate ao impacto ambiental da atividade de distribuição. Mas não falamos apenas do tipo de veículos, mas sim da gestão da frota. E aqui entra novamente a IA para ajudar-nos a ter janelas horárias programadas que possibilitem otimizar as rotas, agrupar mais do que uma encomenda, selecionar o motorista de acordo com a distância e o tipo de transporte mais adequado.

Outro desafio são as distâncias e os prazos de entrega, num contexto onde os consumidores são cada vez mais exigentes e onde ganha vantagem o operador que é mais eficiente nas suas entregas e que assim permite agilizar a atividade dos pequenos comércios que servem tanto nos locais onde se encontram como em takeaway, como bares, restaurantes, etc.

Trata-se de satisfazer as duas partes, aproximando os centros de distribuição dos locais onde os retalhistas prestam serviço ao público, desenvolvendo ferramentas precisas e intuitivas para facilitar os processos de distribuição e estabelecendo rotas atualizadas em tempo real para acelerar os prazos de entrega.
E como as previsões são feitas de forma mais inteligente e antecipada, será possível continuar a aproveitar a utilização da frota de veículos e dos motoristas desta região.

Então a questão surge naturalmente: alguém podia imaginar que, passado apenas uma década, este seria o progresso do setor da logística de última milha?

Acima de tudo, e ao ritmo a que estamos a avançar, esta pergunta torna-se inevitável: somos sequer capazes de imaginar como será a logística de última milha e o seu impacto no ambiente social, urbano e económico daqui a uma década?

Creio que devemos ser ousados e imaginar sem limites, porque já estamos imersos na nova era deste nosso setor. E as possibilidades são infinitas.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *