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Gerir um Natal sustentável

Por a 22 de Dezembro de 2022 as 18:12
Carlos Hipólito, Head of Portugal na Phenix Portugal

Por Carlos Hipólito, Head of Portugal na Phenix Portugal

O Natal é uma época tipicamente relacionada com o desperdício, tanto para consumidores, como para as empresas de retalho.

Os tradicionais jantares de família, associados à partilha de uma mesa cheia, aumentam a procura de alimentos e, consequentemente, a resposta das empresas de retalho prende-se com o aumento da produção. Incontornavelmente o desperdício também aumenta e, não só é necessário educar as famílias para a diminuição do desperdício, como também é necessário educar as empresas, que comercializam produtos alimentares, caracterizados pela sua curta durabilidade. Porque, apesar das inúmeras iniciativas já existentes, o desperdício não é um cenário mitigado e há sempre algo mais que podemos fazer.

Em prol de umas festividades mais sustentáveis, penso que existem alguns passos essenciais que as empresas devem ter em consideração.

Em primeiro lugar, existem produtos alimentares que são tradicionalmente, ou mesmo unicamente, comercializados nesta época. Desta forma, constituir o foco nesta seleção de produtos, ao invés de promover uma grande diversidade dos mesmos, ajuda a uma gestão mais eficiente dos recursos e do desperdício, havendo uma maior garantia de escoamento e, consequentemente, uma quebra mais reduzida. A produção consciente, é, portanto, um passo essencial, quer no Natal, quer no ano por inteiro, e a constituição de uma seleção de produtos mais vendidos ajuda a que haja um maior controlo sobre o que é produzido e sobre os produtos que têm necessidade de reposição ou de escoamento.

Neste âmbito, penso que também é crucial a preparação de um plano de contingência. Prevenir é sempre melhor do que remediar, e adotar técnicas de recuperação das perdas e do desperdício alimentar é uma forma de prevenção. O desperdício deve ser sempre considerado um dado adquirido e, neste sentido, a contratação de empresas que giram o excedente, o escoamento de produtos para ração animal, ou a doação do desperdício a fábricas de recuperação energética, são algumas das soluções que podem ser adotadas neste período mais propício ao agravamento deste problema.

Entre o prevenir e o remediar, existe o fator monitorização, que é igualmente importante. Monitorizar e avaliar o processo é uma parte essencial da redução do desperdício nas empresas de retalho. A sua experiência e o seu know-how permitem prever resultados, identificar e antecipar percentagens de desperdício e pensar em soluções que permitam lidar com o excedente nesta época em particular. Assim, monitorizar a estratégia estabelecida aumenta as hipóteses de eficácia e de sucesso.

E, por último, porque não criar soluções criativas que surpreendam os consumidores e que apelem ao combate ao desperdício de uma forma apelativa? Neste caso, a criação de receitas antidesperdício, dedicadas ao consumidor, com produtos típicos do Natal seria uma excelente solução. Muitas são as empresas de retalho que têm revistas ou newsletters de marca própria com receitas incluídas. E como o desperdício é um problema característico da época natalícia, porque não adicionar algumas receitas temáticas e dicas, a esses suportes, que permitam reinventar aquilo que é o menu, maioritariamente constituído por sobras, nos dias seguintes aos festejos?

O combate ao desperdício é um dever de todos, principalmente em épocas mais sensíveis, como a do Natal. Existem inúmeras formas acessíveis de solucionar este problema e, quer nas nossas casas, quer nos nossos locais de trabalho, está em cada um de nós o poder de as implementar. E se o Natal já significa partilha e união, cabe-nos que seja também sinónimo de sustentabilidade, em prol de um futuro melhor. Boas festas!

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