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João Sousa (CTT): “A conectividade das redes 5G irá alavancar todo o potencial dos serviços digitais de proximidade lançados nos últimos anos”

Por a 14 de Dezembro de 2022 as 13:10

“A sustentabilidade, a digitalização e a aposta nos recursos humanos são, sem dúvida, pilares fundamentais na estratégia dos CTT. Encaramos estas três áreas como uma enorme oportunidade para a empresa, que está a passar por um importante processo de transformação da sua atividade e a virar-se, cada vez mais, para a sustentabilidade”, conta João Sousa, administrador dos CTT, em entrevista ao Hipersuper. Mais do que uma empresa de correio, os CTT são atualmente uma empresa de expresso e encomendas, de logística e de produtos e serviços digitais. Esta ampla cobertura de serviços permite às empresas escolher um único parceiro para diferentes necessidades, salienta João Sousa.

A sustentabilidade é o “pilar fundamental” da estratégia da empresa que estabeleceu dois grandes objetivos a prazo: operar até 2025 com metade dos veículos elétricos na última milha (atualmente, tem 400 veículos com zero emissões) e alcançar a meta de “net zero” até 2030. O administrador adianta que o caso de estudo para a eletrificação da última milha mostra que o investimento necessário para atingir a meta “net zero” até 2030, “é fazível”.

Com a eletricidade a representar 40% da pegada energética, a empresa tem em marcha um ambicioso plano de descarbonização. “Percorremos 65 milhões de quilómetros todos os anos, aos quais acrescem outros tantos percorridos pela nossa rede de subcontratados. Assim sendo, o consumo das frotas, própria e subcontratada, toma especial relevância e é onde iremos concentrar os nossos esforços e atenção nos próximos anos, em termos de gestão carbónica”, revela o gestor.

CTT EcoA par da eletrificação da frota e da transição para a mobilidade verde, a empresa está a apostar na energia renovável. “Assinámos recentemente uma parceria com a EDP para instalar centrais de produção de energia solar em mais de 40 localizações”, avança o administrador, acrescentando que, além de fornecer energia aos edifícios da empresa, este projeto tem ainda como objetivo criar comunidades de energia, para empresas e famílias. Estas novas instalações irão produzir anualmente 8,8GWh que irão contribuir para evitar 1.600 toneladas de emissões de C02.

Ainda na área da sustentabilidade, João Sousa dá o exemplo a criação da rede de cacifos para a entrega das encomendas, que está quase nas 500 unidades, solução que contribuiu para diminuir a dispersão de veículos de entrega em ambiente urbano, uma vez que um cacifo permite entregar a vários destinatários.

No que diz respeito aos recursos humanos, o administrador dos CTT afirma que a empresa leva muito a sério o bem-estar dos trabalhadores, o desenvolvimento de competências e a retenção de talento. Além da formação contínua, disponibiliza um programa de trainees, a Academia CTT, com formação especializada, acompanhamento com mentores e contacto direto com a Comissão Executiva, para ajudar na criação das competências dos trabalhadores do futuro.

“Ao nível da gestão de pessoas diria que, atualmente, existe também o enorme desafio da contratação de pessoas, dado o aumento de procura destes perfis pelas empresas do setor e a menor atratividade para as gerações em fase inicial de carreira”, adianta o gestor. JoãoCTT Sousa enumera mais um rol de desafios. Saber “antecipar como é que as funções podem evoluir” em resposta ao rápido desenvolvimento da tecnologia, “investir no desenvolvimento das competências” dos trabalhadores, preparando-os para os desafios e necessidades do negócio e promover “políticas remuneratórias e de benefícios baseadas na meritocracia, alinhadas com o modelo de resultados esperados de negócio, assim como políticas de organização do trabalho mais flexíveis, com vista ao bem-estar e à conciliação entre a vida profissional e pessoal e familiar”.

No capítulo da digitalização, o administrador realça que os CTT têm vindo a apostar na digitalização da proposta de valor e que a conectividade das redes 5G irá alavancar todo o potencial dos serviços digitais de proximidade lançados nos últimos anos. “No nosso setor, em transição dos correios para a logística enquanto cadeia de valor alargada, o potencial destas tecnologias é imenso. O 5G em particular, através das suas características de baixa latência, alta velocidade e disponibilidade, possibilitará, por exemplo, a sensorização em escala de objetos e de elementos da cadeira operativa logística, que permitirão não só garantir processos cada vez mais eficientes, nomeadamente a capacidade de prever com exatidão fluxos de tráfego nas nossas redes e ajustar a operação, mas também no fornecimento de uma experiência de cliente final muito mais granular, próxima e imediata, seja este cliente expedidor ou o destinatário final”, exemplifica.

Os e-sellers e marketplaces estão a descentralizar os seus pontos de distribuição para dentro dos círculos urbanos, ficando assim mais próximos do cliente final, assumindo um perfil de last-mile delivery, mais alinhado com a experiência do cliente nas lojas físicas, afirma o administrador, acrescentando que “esta descentralização e proximidade traz complexidade à gestão logística, quer ao nível do ‘real time stock control’ quer ao nível do ‘last mile delivery’, colocando o ecossistema de IoT (Internet of Things) em contexto de 5G como um eixo catalisador de novas soluções de automação e entrega com exigências de baixa latência”.

As redes 5G também ajudarão a responder às necessidades de um cliente mais exigente, que pretende rapidez de informação, domínio e conhecimento em tempo real do processo de entrega e a possibilidade de saber em cada momento onde está o seu objeto, finaliza João Sousa.

 

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