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João Castro de Guimarães (GS1): As oportunidades que a interoperabilidade oferece

Por a 7 de Outubro de 2022 as 11:25

João Castro GuimarãesJoão Castro de Guimarães, director executivo da GS1 Portugal

A plataforma digital da GS1 Portugal para partilha de dados de produto, a Sync PT, que agrega dados dos ‘bilhetes de identidade’ de produtos que circulam no mercado nacional, atingiu recentemente o marco histórico de um milhão de produtos registados. Um milhão.

Um milhão de produtos registados num “centro de dados” pode parecer muito ou parecer pouco, dependendo do nível de compromisso de cada um e, mais importante, de cada negócio, com a partilha de dados de qualidade relativos a produtos com parceiros de negócio, independentemente da localização geográfica desses parceiros, nacional ou internacional, do setor de atividade ou da categoria de produto. Pode parecer um “marco” expressivo ou inexpressivo, dependendo do nível de empenho de cada agente económico na internacionalização, na transição digital, na ampliação dos mercados, de canais e pontos de venda e no cumprimento dos requisitos regulamentares de informação ao consumidor, sobretudo em comércio online.

Usando do distanciamento possível e procurando não desempenhar o papel de “juiz em causa própria”, um milhão não parece, um milhão de produtos registados numa plataforma digital de partilha de dados de produto, que garante a interoperabilidade de sistemas nacionais e internacionais, de retalhistas e produtores é, de facto, assinalável.

E é assinalável não pelo número redondo, mas por tudo o que isso representa, em particular nas atuais circunstâncias e pelo que pode estimular outros agentes económicos a considerar este tipo de mecanismos de transição digital para o aumento da eficiência e competitividade.

Recorde-se que a Sync PT foi criada pela GS1 Portugal em 2014, como solução tecnológica de apoio à comunidade empresarial portuguesa. À data, as empresas nacionais a operar no setor alimentar, produtores e retalhistas, tiveram de se adaptar aos requisitos do Regulamento 1169 / 2011, do Parlamento e do Conselho Europeu, relativos à prestação de informação aos consumidores sobre produtos alimentares. A Sync PT ajudava a dar resposta a esses requisitos, surgia como instrumento de capacitação do tecido empresarial para a digitalização da sua atividade, garantindo a omnicanalidade pela viabilidade do e-commerce. Produtores ou detentores de marcas passaram a publicar nesta plataforma informação sobre os seus produtos. Retalhistas (e outros parceiros de negócio) passaram a ter acesso a essa informação, de forma interoperável, para disponibilização nas suas plataformas digitais, por exemplo, muitas vezes interface com o consumidor.

Os desenvolvimentos acrescentados nos últimos anos na plataforma permitem, para além da criação de um “bilhete de identidade” dos produtos, que oferece a interoperabilidade global de um conjunto fixo de atributos (o GTIN – Global Trade Item Number, o identificador único de bens comerciais; marca; descrição; imagem; categoria; peso líquido e país de venda) adicionar informação relativa a dados comerciais, regulamentares, de marketing, logísticos e imagens. As novas funcionalidades permitem também a partilha destes dados com parceiros de negócio, a gestão autónoma da informação de produto e empresarial, assim como a criação e impressão dos códigos de barras e etiquetas logísticas.

Assim, ao dar visibilidade global a um milhão de produtos, a Sync PT potenciou-lhes o comércio eletrónico e a possibilidade de colocação em marketplaces, enquanto instrumento de apoio na expansão da atividade das empresas produtoras ou que os representam, quer pela presença em plataformas de comércio online quer pela distribuição para outros mercados.
Ora, a questão que se impõe, para as empresas portuguesas e a operar no nosso mercado, é: de que é que estão à espera?  Não valerá a pena ativar instrumentos como este, de fácil acesso e comprovado custo-benefício, para dar passos concretos na partilha de dados e na ampliação de canais de venda e mercados? Diria que não é “a million dollar question”… Diria, efetivamente, que sim…

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