A importância da previsão e otimização de processos no retalho

João Amaral, senior account manager do SAS para o Retalho e Consumo

Hoje em dia, os consumidores esperam que lojas e marcas invistam significativamente na redução da sua pegada de carbono e melhorem a sustentabilidade do seu negócio. Os retalhistas podem seguir dois caminhos distintos para atingir esse objetivo. O primeiro e mais usado é reduzir a sua pegada de carbono em processos de fabricação e logística, por exemplo, usando camiões elétricos movidos a energia solar ou comprando a fornecedores locais em vez de comprar no exterior. Embora seja um caminho óbvio a seguir, muitas vezes encontra obstáculos (necessidade de investimentos, custos mais altos) que vão contra outras metas de negócio. A segunda forma de melhorar a sustentabilidade, que não tem essa desvantagem, é melhorar a eficiência dos processos de fabrico e da cadeia de fornecimento.

As cadeias de fornecimento, mesmo as mais eficientes, geram bastante desperdício. Os camiões não viajam no limite da sua capacidade de carga e nem sempre seguem o percurso mais curto. Os resultados das vendas em loja podem ser enganadores pois funcionam principalmente com base em desconto, o que resulta em produtos obsoletos que precisam de ser descartados ou até destruídos.

A vantagem e o objetivo em lidar com a eficiência da cadeia de fabrico e fornecimento é melhorar a sustentabilidade e o lucro. Nesse sentido, os dados e uma boa analítica são recursos essenciais, pois “retalho é detalhe” e apenas a análise pode lidar com a sua complexidade.

E aqui, podemos dividir a análise em duas áreas: Previsão e Otimização de Processos.

A alta qualidade da previsão permite não apenas uma melhor perspetiva das vendas da loja mas também a antecipação de possíveis interrupções no fornecimento. Quanto melhor a visão e certeza do retalhista na sua oferta e no que vai vender, melhor poderá antecipar e tomar as decisões mais corretas.

A otimização de processos é ainda mais importante. Ao analisar o processo de ponta a ponta, os algoritmos de otimização podem analisar todos os parâmetros potenciais do processo e determinar qual é o modelo ideal num determinado momento. Descobrirá que seria mais eficiente, por exemplo, reduzindo a frequência de abastecimento, utilizando camiões com diferentes capacidades, aumentando ou diminuindo as regras de stock, entre outros, e tudo isto a um nível muito granular, tipicamente produto a produto, loja a loja, dia a dia, adaptando os parâmetros regularmente, dependendo do contexto.

Em prol da otimização de processos, satisfação do cliente, redução de custos e sustentabilidade torna-se cada vez mais óbvio considerarmos que os dados são o combustível necessário para fazer análise e os retalhistas possuem enormes quantidades de dados muito relevantes e detalhados, graças a cartões de fidelidade, dados de caixa, de loja, logísticos e de fornecedores.

Do ponto de vista analítico, os retalhistas estão sentados numa mina de ouro de dados à espera de serem explorados e estão cada vez mais conscientes disso, mesmo que geralmente estejam apenas numa fase inicial desse processo.

“Personalização” é a abordagem mais importante no atual relacionamento com clientes que procuram experiências relevantes, convenientes e contextuais em todos os canais. É uma disciplina que as empresas mais inteligentes aproveitam para construir um relacionamento baseado em lealdade e confiança.

E esta personalização é conseguida graças aos resultados retirados precisamente da análise e do tratamento de dados históricos passados e presentes, aplicando modelos de cálculo e algoritmos e sugerindo tendências com base na informação histórica, suportada por modelos analíticos que geram cenários alternativos concretos, suportados pelas tendências e comportamentos dos consumidores e dos mercados.

A meu ver, a resiliência no retalho vem acompanhada por uma grande dose de agilidade e esperança. Agilidade em ultrapassar obstáculos e repensar os modelos, reagindo em tempo real graças à inovação e ao tratamento de dados. Com a esperança de conduzir firmemente o negócio, num mundo mais sustentável, inventando um modelo produtivo que reconcilie o benefício e a sustentabilidade dos negócios.

E tudo isto permitirá que o retalho esteja cada vez mais conectado com a vida das pessoas e que ajude a ser também um barómetro da sociedade moderna!