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Sandra Lopes (Grupo Areeiro): “A valorização da embalagem continua a ser a base da inovação”

Por a 3 de Fevereiro de 2022 as 14:00

Sandra Lopes_Grupo AreeiroDos primeiros refrigerantes conservados em garrafas pirolito, transportados em carroças e vendidos a copo, até às leves, ergonómicas e recicláveis garrafas PET. Conheça a história do Grupo Areeiro

Lisboa, 1930. Serafin Perez Antunes inicia o fabrico e a venda de uma gasosa “tipo champanhe” no bairro alfacinha de Alcântara. A gasosa Pirolito, bebida gaseificada embalada em garrafa fechada hermeticamente por uma bola de vidro, revela-se um fenómeno em vendas e rapidamente Antunes investe em duas novas unidades de produção. Uma fábrica para produzir a gasosa Trevo, ainda hoje uma marca muito forte para o grupo, e outra unidade para produzir a bebida Frutina.

“Quando começámos a comercializar os primeiros refrigerantes, na altura em garrafas pirolito, as bebidas eram vendidas a copo e transportadas em carroças”, lembra Sandra Lopes, do departamento de marketing do Grupo Areeiro – Empresas das Águas do Areeiro, detentor das marcas Fastio, Água do Arieiro e Trevo, entre outras, em entrevista ao Hipersuper.

Em 1949, o fundador do grupo adoece e o filho, Domingo Perez, assume, com 18 anos, o negócio da família. É sob a sua alçada que o grupo compra a Quinta do Arieiro, em Caldas da Rainha, e a Água do Arieiro. É também sob a sua orientação que, dois anos depois, o grupo passa a comercializar as marcas Água do Arieiro, Laranjada, Gasosa e, um ano depois, a marca Frutol.

“São marcas que se souberam adaptar, crescer e evoluir num mercado de grandes oscilações, como a entrada das grandes superfícies comerciais, o início da comercialização das marcas de distribuição, a preocupação por hábitos de consumo saudáveis e, agora, mais recentemente, a pandemia”, sublinha a marketeer.

“Das garrafas pirogravadas passamos para garrafas em PET, mais leves, ergonómicas e recicláveis e os rótulos têm agora uma comunicação mais clean e fresca”, denota a responsável, acrescentando outra mudança: a Gasosa Arieiro recupera o nome da fábrica onde nasce e passa a designar-se Gasosa Tradicional Trevo. “Também o refrigerante de sumo de fruta Frutol, passou a ter a uma linha zero, sem açucares adicionais e com sabores inovadores”.

A responsável lembra ainda que a Água do Arieiro data de 1909. Antes de ser adquirida pelo grupo era distribuída em bilhas de barro. Em 1963, a comercialização passou a ser em garrafas pirogravadas e atualmente a marca está disponível, no mercado, em garrafas de pet e vidro, formatos adequados a diferentes ambientes de consumo. Hoje, esta água está na base de todas as receitas de bebidas do grupo.

“Uma adaptação rápida às tendências de mercado é fundamental. No grupo Areeiro, desde sempre evoluímos e inovamos com o foco no consumidor, em termos de embalagens e sabores. Ao longo dos anos, fomos moldando as embalagens em formatos, materiais e capacidades e, através das propriedades organoléticas, fomos lançando sabores diferenciadores e adequados ao paladar português. Por exemplo, quem não se recorda do Frutol Pêssego?”, pergunta a marketter.

O Grupo Areeiro tem três unidades de produção: a Água do Fastio brota e é engarrafada na Serra do Gerês, em Terras de Bouro. A Água do Arieiro nasce na Quinta do Arieiro, em Caldas da Rainha, e é engarrafada na fábrica instalada na mesma cidade, tal como os refrigerantes e as gasosas.

O grupo Areeiro trabalha com dois canais de distribuição principais: o canal horeca e o canal da grande distribuição. O canal horeca e o canal de alimentação tradicional são assegurados pela empresa Bebidis, através de quatro centros operacionais de venda direta, direcionados para a zona mais a litoral do País, e mais de 30 distribuidores para a zona mais a interior, para alcançar uma cobertura nacional.

O canal grande distribuição, por sua vez, é assegurado pela Becosa, empresa responsável pela comercialização e distribuição para os hiper e supermercados, cash&carrys, entre outros.

Com a pandemia, as vendas ficaram ainda mais dependentes do canal de grande distribuição. “O período de pandemia fez com que existissem alterações no desenho da estratégia de comercialização e distribuição”, constata a marketeer, sublinhado que, atualmente, os clientes do canal Horeca são contactados regularmente pela equipa de contact center e visitados por gestores de clientes. “Fazem-se sugestões e recomendações ajustadas a cada estabelecimento, como se de uma personalização se tratasse, em que cada cliente é único”.

O principal veículo de promoção de inovação no grupo Areeiro, que dá emprego a 200 trabalhadores, tem sido a embalagem. Atualmente, a empresa aposta em garrafas mais leves, ergonómicas e 100% recicláveis, na linha PET, e, na linha vidro, disponibiliza garrafas em tara retornável em diferentes capacidades. “Os investimentos que temos feito têm sido aplicados em melhorias nos processos de valorização das embalagens”. Como? “Adquirindo equipamentos tecnológicos, mais ecológicos e autónomos, e dando preferência a matérias-primas nacionais e provenientes de florestas sustentáveis”, conta Sandra Lopes.

A empresa tem investido também em inovação nos sabores. Além de terem sabores diferenciados, “atualmente, os nossos refrigerantes são menos calóricos e têm menos quantidade de açúcar. No ano passado, lançamos o Frutol Zero, com zero açucares adicionados”.

A empresa que fez um trajeto “muito bom” no primeiro trimestre de 2020, ano para o qual tinha previsões ambiciosas, viu-se a braços com pandemia e teve de criar novos modelos e ferramentas de trabalho. “Atualmente, os consumidores começam a adaptar-se ao dito ‘novo normal, mas ainda existem resistências, medos e receios, como o medo de ir aos restaurantes e às grandes superfícies, em grupo”. Por isso, a empresa deverá fechar o ano com resultados um pouco acima dos alcançados no ano transato, mas que continuam muito aquém dos alcançados em 2019.

Além de Portugal, o Grupo Areeiro comercializa as suas marcas, através de parcerias, em 14 países, entre os quais Timor-Leste, Macau e Moçambique.

*Artigo originalmente publicado na edição 398 do Hipersuper

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