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ASPOC quer duplicar consumo de carne de coelho

Por a 24 de Setembro de 2021 as 14:52

Carne de CoelhoAs dietas modernas privilegiam carnes magras e nutritivas. É o caso da carne de coelho. Para tirar partido da tendência, a associação do setor está a investir 1.5 milhões de euros numa campanha de promoção, com o objetivo de duplicar o consumo no próximo triénio

 

É uma carne magra com elevado valor nutricional e faz parte da tradição gastronómica do País, mas os portugueses consomem, em média, carne de coelho apenas uma vez por mês. A carne de coelho enfrenta no mercado nacional duas barreiras principais ao consumo: o facto de se associar o coelho a um animal de estimação e de ser vendido, até há bem pouco tempo, apenas inteiro. Foi com o objetivo de derrubar estes muros, que a ASPOC (Associação Portuguesa de Cunicultura) lançou uma campanha no mercado ibérico, em parceria com a associação interprofissional espanhola. A campanha aposta num programa a três anos, com um investimento de 1.5 milhões de euros do lado português, e é apoiada por fundos europeus. Manter este património gastronómico vivo e, ao mesmo tempo, abrir espaço para a inovação, são objetivos a alcançar até 2023.

A campanha em curso dá seguimento a um projeto de promoção europeia de consumo de carne de coelho iniciado em 2018. Na altura, a campanha focou-se na partilha de experiências geracionais e na comunicação dos benefícios e versatilidade deste tipo de carne.

Nesta nova fase, a campanha aposta em mensagens de redescoberta da carne de coelho enquanto um dos produtos emblemáticos da dieta mediterrânea. A apresentadora Fátima Lopes dá rosto à campanha que também aborda questões mais abrangentes, como a sustentabilidade, o meio ambiente, o processo de produção europeu e o bem-estar animal.

“O público-alvo desta campanha são os consumidores regulares de carne branca que, durante a semana, alternam a sua alimentação com carnes vermelhas. São homens e mulheres adultos, com e sem filhos, com idades compreendidas entre 25-50 anos. Pessoas interessadas, ativas, preocupadas com o seu bem-estar, que têm hábitos de vida saudáveis e privilegiam dietas equilibradas e fáceis de confecionar”, descreve Firmino de Sousa, presidente da ASPOC, em declarações ao Hipersuper.

Até ao final de 2021 estão previstas várias ações de promoção e divulgação da carne de coelho: produção de conteúdos e de receitas de bloggers e influencers; roadshows junto do canal Horeca (nomeadamente churrasqueiras); campanhas digitais utilizando meios online e redes sociais exclusivas (Facebook e Instagram) e presenças em TV, com spots de 20 segundos em canais por cabo, que decorrem em simultâneo com materiais de ponto de venda nos espaços das cadeias de distribuição.

 

Portugal e Espanha lideram produção na Europa

Os portugueses consumiram no ano passado 6.637 toneladas de carne de coelho, que representa vendas de 33 milhões de euros. Em média, os portugueses consomem 1,06 quilos de carne de coelho por mês, nas contas da ASPOC. “O consumo reportado de carne de coelho, em 2020, foi de 0,66 quilos per capita, mas a este valor deve ser acrescentado um valor estimado de cerca de 60%, que corresponde à produção própria das famílias para auto consumo, uma tradição que ainda se mantém em algumas regiões do País, o que aumenta o consumo per capita para 1,06 em 2020”.

Ou seja, 97% dos lares em Portugal consomem carne, mas só uma vez por mês consomem carne de coelho. “O potencial de crescimento é enorme. Definimos como objetivo passar o consumo para duas vezes por mês nos próximos três anos”, revela o presidente da associação que assinala, em 2021, 30 anos de atividade no mercado nacional. Ou seja, a associação ambiciona duplicar o consumo no próximo triénio.

Portugal é o quinto maior produtor europeu de carne de coelho, com uma produção de 6,269 toneladas, em peso líquido, no ano passado. A integração com Espanha, em termos de política de preços, comércio internacional e programas de comercialização, faz da Península Ibérica o maior produtor da Europa.

Apesar estar no Top 5 dos maiores produtores europeus deste tipo de carne, o País não é autossuficiente. “Dificilmente, nos próximos anos, esta situação se irá alterar. O comércio internacional existe, mas, atualmente, Portugal importa mais carne de coelho do que exporta. Portugal está integrado no mercado ibérico, sendo entre Portugal e Espanha que se verificam as maiores trocas comerciais quer de animais vivos, quer de carne para consumo”, adianta o presidente da ASPOC.

 

Duplicar consumo em três anos

A estratégia para alcançar o objetivo de duplicar o consumo em três anos passa por desmistificar a ideia de que o coelho é um animal de estimação. “Na verdade, este é um problema relativamente recente pois até há 20, 25 anos o coelho era um animal criado e ou caçado para consumo das famílias. As raças que, entretanto, foram sendo introduzidas no mercado como animais de estimação são, na sua maioria, de origem asiática, não são as que são criadas nas nossas explorações”, sublinha o presidente da ASPOC. Mas, o crescimento do consumo passa também por reforçar o lançamento de formatos mais simples e convenientes. “Até há bem pouco tempo, o coelho era vendido apenas inteiro, o que é uma barreira ao seu consumo. Os consumidores atuais querem formatos mais simples e convenientes”. O coelho é atualmente apresentado cortado, em embalagens de diversos formatos e com cortes de acordo com o tipo de consumo e a preferência dos consumidores”, acrescenta.

Segundo o “Estudo sobre o consumo de carne de coelho em Portugal”, realizado pela Nielsen IQ em 2020, a carne de coelho é entendida pelos consumidores como sendo uma carne próxima das carnes brancas. “Em termos de imagem, os consumidores, caracterizam-na como semelhante à carne de frango ou de peru, associando-a a atributos saudáveis (carne magra, baixas calorias, para pessoas em dieta/que praticam desporto ou com problemas de saúde), mas em geral há uma grande falta de conhecimento sobre os vários benefícios da carne de coelho”, reitera Firmino de Sousa.

Além disso, o conceito de produto de excelência da dieta mediterrânia, “um dos focos principais da nova campanha”, passa por mostrar aos consumidores “novos cortes de carne: coxas, lombos e meio coelho cortado. São novas formas de apresentação desta carne, inovadores, ajustadas ao dia-a-dia dos consumidores e que permitem mais rapidez na confeção de receitas simples e praticas”.

No que diz respeito aos canais de distribuição, as grandes superfícies têm “uma importância relativamente grande nas vendas”. Os talhos e o retalho tradicional também “têm uma quota relevante, até acima da média, dada a sua proximidade com os consumidores”, remata o presidente da ASPOC.

 
*Artigo originalmente publicado na edição 394 do Jornal Hipersuper

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