Ponte Vertical em contraciclo na categoria de vegetais em conserva

Daniel Brissos (à esq.) e Paulo Rosa, managing
partners da Ponte Vertical

O ano está a ser de recuo para a categoria de vegetais em conserva. O valor da categoria era de 88,7 milhões de euros, em valor, no acumulado do ano à semana 24, um recuo de 4% face ao período homólogo do ano anterior. Em volume, o recuo foi de 6%, segundo dados da NielsenIQ.

A Ponte Vertical, que comercializa, na categoria, a marca Ponti, andou em contraciclo, não tendo sentido os efeitos da crise económica. “Nos nossos artigos e segmentos de artigos ainda não sentimos qualquer impacto negativo. Provavelmente porque o target das nossas gamas é um cliente A+B”, adianta Daniel Brissos, managing partner da Ponte Vertical. Por outro lado, as vendas de produtos no segmento premium não saíram afetadas. “Sentimos sim a pressão das promoções agressivas que muitas marcas têm feito no mercado, mais em 2021, para compensar vendas de 2020 em período pandémico”, lamenta o responsável.

O desempenho desta categoria nas vendas da empresa continuou, aliás, a tendência positiva de vendas sentida em 2020. “Comparando a totalidade de 2019 com 2020, tivemos um crescimento dos vegetais enlatados na ordem dos 60% com uma performance muito significativa de marcas como Ponti, tomate seco, e os vegetais cozidos ao vapor da Valfrutta”, revela Paulo Rosa, também ele managing partner da empresa.

As vendas da empresa, nos confinamentos, não se ressentiram. Antes pelo contrário. Afinal, existiu transferência de consumo para dentro do lar. Comparando o primeiro semestre de 2020 com o período homólogo do ano anterior, Paulo Rosa diz que as vendas foram francamente positivas. “Tivemos incrementos de vendas, seja pela forma da ‘compra pandémica’ ou não, de mais de 100% nas categorias de enlatados vegetais, mas também por muita força promocional elaborada a estas gamas”, sublinha.

Na comparação entre os dois confinamentos, o comportamento do consumidor mudou em 2021. “No primeiro confinamento sentimos um claro foco nos enlatados, até porque o consumidor não sabia o que iria acontecer, pela sua extensa validade e praticidade de consumo e armazenamento em casa. No segundo confinamento já achámos que foi um consumo mais normalizado, sem grandes mudanças nos hábitos dos consumidores”, explica Daniel Brissos.

A empresa, de resto, fez muito poucas alterações no seu portefólio. “Mantivemo-lo basicamente na sua totalidade, exceto os incrementos que fizemos ao mesmo dentro das tendências de mercado relacionadas com vida saudável, em concreto nos vegetais cozidos ao vapor”, adianta Paulo Rosa.

Mas a crise também fica marcada pelo crescimento das marcas próprias, que, aliás, já vinham a assumir essa trajetória no período pré-pandemia. “Existe um retomar de uma compra mais consciente e até um testar de novas marcas próprias por parte do consumidor, independentemente do poder de compra”, considera Paulo Rosa. Esta evolução também se fica a dever ao que considera ser uma evolução muito positiva na qualidade das marcas próprias e do seu packaging. “Aliado a estes fatores, temos também o consumidor que ficou desempregado e consequentemente com menor poder de compra”, acrescenta.

A Ponte Vertical, no último ano, também inovou o seu portefólio. Para tal, iniciou a comercialização do Tomate BIO da Valfrutta e também na gama de vegetais cozidos ao vapor da mesma marca. “Esta última gama assenta na continua tendência de mercado da procura por parte do consumidor de produtos mais saudáveis, de menor impacto para o meio ambiente e de agricultura sustentável”, realça Daniel Brissos.

A empresa, de resto, espera um ligeiro crescimento nas vendas em 2021. “Mas claramente a notar a diminuição do consumo dos produtos e segmentos mais premium”, diz Daniel Brissos. “No entanto para os vegetais mais ligados ao bem-estar e saúde a continuidade de um crescimento muito sustentado”, conclui.