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O futuro do comércio reutilizado

Por a 8 de Maio de 2024 as 15:11

Por Sara Van-Deste, head of special projects na Wallapop

Sara Van-Deste, head of special projects na WallapopÀ medida que avançamos em 2024, é evidente que o comércio reutilizado já não pode ser visto como uma tendência passageira. Estamos a testemunhar uma transformação notável de paradigma no mundo do comércio, onde a reutilização de produtos está a emergir como uma força poderosa, tanto pelo ponto de vista sustentável, como pelo fator económico.
É certo que a crescente preocupação ambiental tem desempenhado um papel fundamental na ascensão do comércio reutilizado, à medida que os consumidores se tornam mais conscientes do impacto das suas escolhas de consumo no planeta e a opção por produtos reutilizados se tornou uma forma mais tangível de contribuir no imediato para a redução do desperdício e a preservação do ambiente.
E são cada vez mais os estudos que comprovam o poder que o consumidor tem de impactar o ambiente nas suas escolhas do dia-a-dia, como é o caso do nosso estudo Impact Model, que revelou que, num ano, a nossa comunidade contribuiu para poupar cerca de 51 mil toneladas de CO2, 20 mil milhões de litros de água e 22 mil toneladas de plástico. Tudo isto através de pequenas escolhas, de consumidores individuais, que nas suas decisões de compra optaram por impactar positivamente o planeta.
No entanto, esta maior procura pela economia circular é também, em grande escala, motivada pela capacitação económica dos consumidores. A redução de preços possibilitada pelo comércio reutilizado tem impulsionado uma mudança de mentalidade na qual as pessoas valorizam cada vez mais a economia circular e o preconceito que outrora persistia tem vindo a diminuir exponencialmente.
A oportunidade de poupar dinheiro e o ambiente ao optar por produtos em segunda vida não só se tornou uma prática comum como está a redefinir a perceção de valor dos produtos e a desafiar o antigo paradigma de que o novo é sempre melhor, modificando um padrão generalizado de comportamentos anteriormente muito sedimentado.
À medida que esta tipologia de comércio continua a crescer, as plataformas digitais de produtos reutilizados deverão continuar a apostar em melhorias que proporcionem uma experiência ao utilizador mais intuitiva e envolvente, com o aumento da diversidade de categorias de produtos disponíveis e uma facilidade crescente na colocação e pesquisa por anúncios.
Até porque a perceção deste mercado é que ainda está muito focado apenas em peças de roupa, quando, na verdade, plataformas como a Wallapop já oferecem uma grande variedade de produtos, como decoração, instrumentos de música, videojogos ou livros – uma categoria que é também muito bem-sucedida, possivelmente pelo baixo preconceito que existe com dar uma segunda vida a um livro.
Mas acima disto, o foco das plataformas deve estar na construção de uma comunidade coesa de utilizadores que partilhem histórias, dicas e experiências entre si, criando um espaço aberto, confortável e seguro para os seus utilizadores. Este lado humano do comércio entre pares, não possibilitado no formato de comércio tradicional, será o elemento distintivo de um mercado que se adivinha cada vez mais competitivo num futuro próximo.
O futuro do comércio reutilizado está repleto de potencial e os consumidores estão a entrar em força nesta onda de um consumo mais responsável para o planeta e para a carteira. Já não é uma moda ou um hot topic que possa ser ignorada à espera que passe, é uma escolha coletiva e uma área que será interessante de acompanhar à medida que progride e se reinventa ao longo do seu crescimento.

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