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Shaeco quer faturar um milhão de euros em 2022

Por a 26 de Março de 2021 as 12:32

Vera Maia_ShaecoA Shaeco investiu no ano passado 45 mil euros para lançar uma loja online internacional e um monoproduto: o champô sólido 100% português “One & Done”. Em 2022, prevê atingir o retorno do investimento e faturar um milhão de euros

O champô sólido 100% made in Portugal é o produto estrela da Shaeco e foi lançado nos mercados português e comunitário através de um modelo de negócio exclusivamente online, em meados do ano passado. “O champô sólido foi o nosso foco inicial, porque sempre acreditámos que poderíamos trazer diferenciação ao mercado”, lembra Vera Maia, CEO da Shaeco, em entrevista ao Hipersuper. Como não era a primeira marca portuguesa de champô sólido a chegar ao mercado nacional, Vera Maia e a sua equipa decidiram inovar pela via da funcionalidade do produto e pela produção industrial local e escalável. “A Shaeco não é a primeira marca portuguesa neste segmento a apresentar-se ao mercado nacional, mas é a primeira a apresentar um produto único para todos os tipos de cabelo”, sublinha.

O projeto de lançamento desta nova marca, inicialmente através de um monoproduto mas que entretanto se estendeu a sabonetes e produtos utilitários feitos a partir de cortiça, demorou cerca de um ano e meio a sair do papel. “Demoramos cerca de 18 meses, desde a fase de negociação com fornecedores, ao desenvolvimento da marca e embalagens próprias, registo de marca, entre outros. Optámos por um lançamento exclusivamente online e, nesse período, também desenvolvemos a loja digital com o nosso parceiro tecnológico”.

O champô sólido é apenas um ponto de partida para uma história comercial que, acredita a responsável, será longa. “O champô é apenas o primeiro passo para conseguirmos entrar na cabeça dos nossos clientes”.

O lançamento contou com um investimento inicial de 45 mil euros e o objetivo passa por continuar a investir para escalar o negócio. “2021 será ainda um ano de bastante investimento. Sabemos que, para crescer até aos níveis de vendas que esperamos, teremos de reinvestir, ao longo dos próximos anos, grande parte do valor de vendas já alcançado”. Este ano, a empresa prevê quadruplicar a faturação registada em 2020 e, no próximo ano, quando está previsto alcançar o retorno do investimento, o volume de negócios deverá atingir um milhão de euros.

Produção em Viana do Castelo

A experiência da maternidade despertou a consciência ambiental de Vera Maia. “Nos últimos anos, principalmente desde que fui mãe, procurei implementar alternativas mais sustentáveis no meu dia-a-dia. Desde recusar produtos em plástico, à utilização de sacos próprios nas compras, à redução do consumo”. Foi neste processo de procura de produtos alternativos e mais amigos do ambiente que se deparou com um produto relativamente novo no mercado de grande consumo – o champô sólido. “Depois de experimentar vários, nunca fiquei totalmente satisfeita com o resultado”, conta. Decidiu, assim, tirando partido da vontade de “ter uma marca própria e de vender através dos canais digitais”, aventurar-se no lançamento de uma marca de champô sólido made in Portugal apto para todas as pessoas.

ShaecoO champô, produzido em Viana do Castelo, tem tido “boa” aceitação no mercado português e nos palcos internacionais. Portugal representa cerca de 80% das vendas da empresa. “Temos sido muito bem recebidos no mercado nacional, o que demonstra a preocupação na mudança por parte dos clientes portugueses. Ainda temos um longo caminho a percorrer, contudo, não podemos ser fundamentalistas. Devemos incentivar à mudança, dia após dia, em pequenas alterações no nosso comportamento. E não devemos sofrer de eco-ansiedade, ou seja, sentirmo-nos mal por não conseguirmos fazer já tudo bem”.

Com inspiração nas pequenas necessidades do quotidiano, nasceu primeiro o champô sólido One & Done e, mais tarde, a Pebble, uma caixa de transporte desenvolvida a partir do desperdício da indústria nacional de cortiça. “Mais recentemente, lançámos ainda a saboneteira Seashell, também em cortiça, sabonetes de corpo em vários formatos e uma edição especial da caixa em cortiça, mas quadrada. Também lançámos packs especiais com um saco em pano, ideal para ser reutilizado no transporte dos produtos”. A marca promete novidades ainda este ano. “Em breve teremos produtos novos, complementares aos que já vendemos atualmente e que nos foram pedidos diretamente pelos nossos clientes”.

O champô One & Done é desenvolvido com um ingrediente estrela, o DSL, “que limpa e purifica o cabelo e é uma alternativa ao SLS”, um componente mais agressivo para o couro cabeludo. É adequado para todos os tipos de cabelo e não contém parabenos. “Não usamos plástico na embalagem e utilizamos o mínimo papel possível. O nosso papel é reciclado e reciclável. Ao utilizar este champô sólido, os consumidores evitam que cerca de três embalagens de plástico vão parar ao oceano ou ao lixo”, exemplifica.

Para a responsável, os principais concorrentes do produto são as marcas de grande consumo. “Se analisarmos não só a tipologia de produtos que vendemos, mas também a nossa estratégia de internacionalização e a nossa produção industrial, acreditamos que os grandes concorrentes da marca são as marcas de grande consumo que são comercializadas em espaços comerciais de grande dimensão, como hipermercados. Assim que as marcas com maior notoriedade apresentarem alternativas mais sustentáveis, as marcas mais pequenas e independentes vão ter a capacidade de concorrer no mercado global porque, a partir desse momento, os nossos produtos deixaram de ser atribuídos a nichos e entrarão nos radares dos clientes ao nível mundial”.

Foco no online, mas de olho nas lojas físicas

Apesar de apostar inicialmente num modelo de venda exclusivamente online, a Shaeco associou-se, entretanto, a um conjunto de revendedores que colocam a marca em canais de distribuição físicos e digitais em Portugal e outros países europeus. Estes espaços são especializados em produtos sustentáveis e eco-friendly.

“Inicialmente, procurámos a validação do negócio e da marca através dos canais digitais, porque era mais fácil e rápida. Por outro lado, a equipa é formada por vários especialistas em marketing digital, o que nos permite rapidamente identificar, implementar e testar melhorias na estratégia que adotamos. A entrada da marca em lojas físicas está nos planos a prazo. “Também iniciamos este projeto com uma gama limitada de produtos, a qual estamos neste momento a alargar e onde nos iremos focar no futuro. Queremos ter uma oferta mais alargada antes de investirmos em canais de distribuição offline”.

A exportação representa atualmente 20% da faturação da empresa, dividida entre Espanha, França, Reino Unido e Alemanha. “Em 2020, a nossa maior aposta passou pelos Estados Unidos da América, com distribuição local. Mas, decidimos em 2021 focar a nossa estratégia nos países da comunidade europeia. Sentimos necessidade em solidificar a notoriedade da marca ao nível local antes de investirmos numa nova estratégia fora da comunidade europeia”, conclui.

*Artigo originalmente publicado na edição 388 do Jornal Hipersuper

 

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