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Cadeias de distribuição esperam bom ano em 2021

Por a 24 de Fevereiro de 2021 as 17:18

retalhoAs várias insígnias de retalho alimentar, apesar das limitações impostas à sua atividade e da evolução da pandemia, preveem ter bons resultados, ao nível de vendas, neste ano

Incerteza, apoio aos produtores locais, aposta no preço, em produtos biológicos, na proximidade com os consumidores e nas operações online são alguns dos pilares que poderão marcar a grande distribuição em 2021, pelo menos a avaliar pelos depoimentos recolhidos junto de algumas cadeias de distribuição alimentar.

No caso do Pingo Doce, as previsões apontam para “um ano de enorme incerteza no comportamento dos consumidores, estando tudo dependente da evolução da pandemia”, refere fonte oficial da cadeia de distribuição da Jerónimo Martins. Em relação a 2020, a mesma fonte indica que o reforço à produção nacional foi entendido como uma prioridade, que aliás foi extensível a várias cadeias de distribuição. Num período de grande fragilidade do país – em resultado das medidas de confinamento e de um prolongado estado de emergência – a companhia decidiu reforçar o seu apoio à produção nacional, aumentando as compras de perecíveis que estavam a ser particularmente afetados pela contração do consumo (borrego, vitela, queijos regionais, vinhos, fruta, peixe selvagem e enchidos) e promovendo o seu escoamento, com importantes investimentos realizados com o objetivo de maximizar o acesso das famílias portuguesas a esses produtos”, realça a mesma fonte.

Estando o país a navegar na incerteza económica, devido à imprevisível evolução da pandemia, o Lidl espera também reforçar o apoio aos produtores nacionais, prática, aliás, que a cadeia alemã tem levado a cabo nos últimos anos. “De momento, a segurança e proteção de todos é fundamental e essa tem sido a prioridade para o Lidl, quer com os seus colaboradores quer com os seus clientes. Para o futuro, a necessidade de apoiar os produtores nacionais ganha ainda maior relevância, dado o contexto de dificuldade económica que estamos a atravessar”, adianta fonte do departamento de comunicação corporativa da insígnia alemã. “Neste período particularmente difícil, não somos alheios às dificuldades sentidas pelos pequenos e médios produtores do setor agroalimentar no que diz respeito ao escoamento de produtos e, por isso, temos reforçado o nosso apoio”, acrescenta a mesma fonte.

O apoio ou relação comercial com os produtores nacionais tem passado pela exportação dos seus produtos para lojas de outros países. Em 2020, por exemplo, o Lidl, nos meses de março e de abril, em concreto, apoiou a exportação de mais de 30% de frutas e legumes do que no período homólogo de 2019. E em apenas dois meses e meio ajudou a exportar o equivalente a 21 camiões de laranja do Algarve para a Alemanha. Sensivelmente no mesmo período, a insígnia arrancou com a exportação de limão do Algarve e quadruplicou as encomendas de atum de Santa Catarina.

Mas não é só para o reforço de apoio aos produtores nacionais que o Lidl quer canalizar os seus esforços. Áreas como a sustentabilidade e o um reforço de produtos biológicos estão também na agenda do Lidl. A [sustentabilidade] faz parte do nosso ADN e é vivida integralmente através da adoção de boas práticas económicas, ambientais e sociais ao longo da nossa cadeia de valor, centrando-se na política de oferecer qualidade ao melhor preço. Estamos conscientes da nossa responsabilidade perante a sociedade e o ambiente, enquanto uma das principais cadeias de retalho a operar em Portugal e trabalhamos diariamente para tornar as nossas atividades comerciais o mais sustentáveis possível, em conjunto com os nossos fornecedores, parceiros e colaboradores”, explica fonte do departamento de comunicação corporativa do Lidl. Em relação aos produtos biológicos, a cadeia de discount aponta para um reforço das referências em loja. “Os produtos biológicos têm vindo a assumir maior protagonismo no cabaz de compras dos portugueses, fruto de uma maior consciencialização e preocupação com uma alimentação saudável, pelo que é uma área na qual temos investido e contamos já com cerca de 100 artigos nas nossas lojas”, indica a mesma fonte.

“A pandemia obrigou a rever algumas prioridades, contudo, não mudou o nosso foco”, diz fonte oficial da Auchan. Também a cadeia de distribuição francesa continuará a sua estratégia de dar prioridade aos produtos nacionais e locais, “estando sempre ao lado dos produtores em épocas boas e menos boas”. “Continuaremos a promover a saúde e bem-estar dos nossos colaboradores e clientes e a propor produtos e serviços de qualidade ao melhor preço, com a transparência necessária que lhes permita fazer escolhas conscientes, com especial respeito pelo equilíbrio e sustentabilidade da comunidade e do ambiente”, refere a mesma fonte Auchan.

Helena Guedes_DIADepois de um processo de reestruturação, a DIA Portugal tem em mente reforçar a sua operação de comércio eletrónico, implementada no ano passado. “Continuamos atentos e a seguir de perto o impacto das novas medidas de confinamento, aproveitando as lições aprendidas em todo este percurso e estamos prontos para continuar a apoiar as necessidades dos nossos clientes, no que diz respeito ao aumento de consumo nos lares e melhoria da nossa oferta de comércio eletrónico e entregas rápidas. Nesse sentido, estamos a cumprir com o nosso propósito de estar cada vez mais próximos dos nossos clientes e comunidades através das nossas lojas de proximidade”, afirma Helena Guedes, diretora comercial da DIA Portugal, em declarações ao Hipersuper.

O comércio online das lojas Minipreço abarca, neste momento, toda a região da Grande Lisboa e do Grande Porto, avança a responsável. “E temos serviços de entregas rápidas disponíveis em 78 lojas através de alianças estratégicas em diferentes regiões”, especifica. “De um modo geral, sentimos que os nossos clientes estão a responder à nossa atrativa oferta de proximidade e às nossas capacidades de venda online e os números positivos das vendas comparáveis constituem um bom indicador desse progresso”, explica Helena Guedes.

A Mercadona, por seu turno, dá como garantido que terá de gerir a operação em função da evolução da pandemia. “Acreditamos que 2021 vá ficar marcado pela capacidade de reação e resiliência em todos os setores da economia. O que sabemos, para já, é que neutralizar este vírus será um processo longo, portanto é um ano em que teremos de agir de acordo com o avançar da pandemia, mas sem esquecer a economia”, afirma Inês Santos, diretora de relações externas Lisboa e relações empresariais da Mercadona. E, ainda que o desempenho da empresa esteja depende da evolução da pandemia, a responsável acredita na resiliência da operação, pelas características intrínsecas ao setor da distribuição.  “As pessoas têm de continuar a comer, e, portanto, o retalho alimentar é um setor essencial para a Sociedade e para a economia”, afirma.

Inês Santos garante, por outro lado, que depois da experiência vivida em 2020, a empresa está mais preparada para lidar com as medidas restritivas impostas pelo Governo, como está a suceder neste momento. “Tanto as insígnias de retalho como os consumidores trazem a aprendizagem da experiência passada e, portanto, antevemos que o comportamento possa ser mais previsível”, diz.

Cadeias de distribuição otimistas em relação a 2021

Depois de um ano de 2020 exigente, devido à restrição do número de clientes em cada loja e das restrições dos horários aos fins-de-semana no final do ano aos fins-de-semana, as cadeias de distribuição a operar em Portugal perspetivam um bom desempenho em 2021. O grupo Jerónimo Martins, apesar de ter aumentado as suas vendas consolidadas em 2020, sofreu um recuo nas vendas no Pingo Doce. A insígnia encerrou o ano com vendas de 3.869 milhões de euros, um recuo de 1,9% face a 2019.

Mas, face aos trimestres anteriores, a operação melhorou o seu desempenho no último trimestre. O Pingo Doce registou vendas de 1.025 milhões de euros nos últimos três meses do ano, um valor quase em linha com igual período de 2019, tendo sofrido um recuo de apenas 0,8%. “O Pingo Doce reforçou a sua dinâmica comercial e de comunicação e manteve a sua expansão, conseguindo mitigar o impacto da perda de horas de vendas ao fim de semana e entregar as vendas do trimestre sensivelmente em linha com 4T 19. Neste período, o LFL (excluindo combustível) foi de -2,0%”, lê-se no documento com as vendas preliminares da Jerónimo Martins de 2020. “Após vários meses a lidar com a pandemia de Covid-19, acreditamos estar mais preparados para enfrentar um contexto operacional que continuará muito exigente em 2021”, indica fonte oficial do Pingo Doce, questionada acerca das perspetivas de desempenho de negócio para este ano.

A DIA Portugal, que está a trabalhar no âmbito do plano reestruturação, tem vindo a melhorar o seu desempenho, nomeadamente em Portugal. No quarto trimestre de 2020, as vendas em Portugal cifraram-se em 157, 7 milhões de euros, um crescimento de 7,6% face a igual período de 2019. Até 2023, a companhia pretende estabelecer mudanças bastante claras na área comercial e de operações. “Na área comercial destacamos o novo conceito de loja, que prevê renovações, relocalizações e novas aberturas até 2023, o reforço da marca própria com a introdução de um conjunto significativo de novas referências, o alargamento da cobertura do comércio eletrónico, a otimização do sortido em loja indo ao encontro das necessidades específicas do cliente em cada ponto do país, e o desenvolvimento de um novo programa de fidelização que apoie o novo conceito de loja”, elenca Helena Guedes. A responsável acrescenta que “nada disto seria concretizável sem a contínua otimização dos processos logísticos, reduzindo a complexidade das operações, do inventário e melhorias na cadeia de fornecimento”. Helena Guedes realça, deste modo. que a empresa está “bastante otimista” para 2021, “sabendo que ainda temos um longo caminho a percorrer, mas que temos as bases lançadas para acreditar no nosso modelo de proximidade e no aumento de fidelização dos nossos clientes”.

Estando a atravessar um caminho crescimento nos últimos anos em Portugal, o Lidl pretende manter a sua estratégia, estando assim otimista quanto ao desempenho da operação em 2021. “Com muitas pessoas em teletrabalho e com restrições em restaurantes, tem havido uma tendência crescente de fazer as refeições em casa e naturalmente houve uma mudança de consumo para os supermercados. No entanto, fruto do contexto de pandemia, a situação económica fará com que haja cada vez mais uma atenção dos consumidores para o fator ‘preço’ e no Lidl temos a premissa de oferecer a máxima qualidade ao melhor preço, reconhecida pelos nossos clientes”, explica fonte da insígnia. O crescimento da quota de mercado, explica a mesma fonte, é fruto “do investimento que tem sido feito a nível de recursos humanos, nas suas infraestruturas e no sortido”, diz. “Em tempos de pandemia, [o Lidl] foi dos primeiros a implementar medidas de segurança, pelo que também temos sido reconhecidos pelos clientes nesse sentido”, acrescenta.

Inês Santos_MercadonaNo caso da Mercadona, as previsões apontam também para um bom desempenho. Os responsáveis pala insígnia de retalho alimentar espanhola estão otimistas em relação aos resultados alcançados até ao momento – “que não se traduzem apenas em números, mas também em opiniões cada vez mais positivas dos “Chefes” [clientes] que temos vindo a conquistar e fidelizar”, realça Inês Santos. “Em 2021 continuaremos a abrir lojas, na expetativa de que mais pessoas nos conheçam, provem os produtos e reconheçam a qualidade que têm, com um preço muito competitivo. Acreditamos que estamos a acrescentar valor ao consumidor português e continuaremos a trabalhar diariamente com esse objetivo”, antecipa.

Investimentos são para manter

O cenário de pandemia poderia ter levado as insígnias de distribuição a adiar a alguns dios seus investimentos. Mas não foi o que se verificou. Nem se prevê que aconteça em 2021. “O Pingo Doce manteve a sua estratégia de expansão. Atualmente temos mais de 450 lojas espalhadas pelo País, de Norte a Sul e Arquipélago da Madeira, sendo que em 2020 inaugurámos 13 lojas, em linha com o plano de expansão desenhado para esse ano”, adianta fonte da insígnia da Jerónimo Martins.

Da parte do Lidl, apesar de alguns percalços, a insígnia alemã manteve o seu plano de investimento no ano fiscal que terminada em fevereiro. “Tivemos um início de ano desafiante em termos de construção e de obtenção de materiais, que melhorou no período do verão e enfrentámos depois ainda alguns constrangimentos fruto da pandemia. A dois meses de terminarmos o nosso ano fiscal, a previsão de investimento estará em linha com o que foi feito em 2019 e de acordo com as nossas previsões para 2020”, adianta fonte do departamento de comunicação corporativa do Lidl. O investimento, acrescenta, “resulta do processo de expansão e modernização da nossa rede de lojas, bem como do investimento no novo entreposto em Santo Tirso e na ampliação do nosso entreposto de Torres Novas”. “De março a dezembro de 2020, reabrimos 11 lojas e abrimos 4 novas lojas”, indica a mesma fonte. A cadeia de discount pretende intervir em mais nove lojas até ao final do ano fiscal, contando com remodelações, aberturas e substituição de lojas, um processo alinhado com o “plano de investimento na remodelação e expansão da nossa rede de lojas a nível nacional”, indica a mesma fonte.

O investimento em lojas de proximidade continua a ser prioritária para a Auchan, que mantém o objetivo de ter entre 60 e 70 lojas MyAuchan na zona de Lisboa. “Esta meta dependerá sempre do mercado”, indica fonte da empresa. “Quanto a lojas de maior dimensão, abrimos em 2019 a loja de Paço de Arcos e estamos neste momento a remodelar grande parte delas. Quanto a expansão, as regiões do Algarve, de Lisboa e do Porto continuarão a ser a nossa aposta”, acrescenta.

A DIA Portugal, no âmbito do processo de reestruturação, acabou por fechar as suas lojas deficitárias e por apostar em lojas com mais rentabilidade. Para se ter uma noção do processo de transformação do parque de lojas, o Minipreço, em dezembro de 2019, tinha uma rede de 576 lojas, tendo neste momento 567.  “Este esforço de redimensionamento tem permitido uma concentração de recursos nas lojas mais rentáveis que incluiu reformas em 125 lojas no primeiro semestre deste ano para favorecer o arranque do nosso plano de otimização de sortido. A tendência será a de avaliação contínua do nosso parque de lojas e apostar nas lojas rentáveis e que apresentem crescimentos like for like que nos permitam apostar no seu crescimento”, explica Helena Guedes. A responsável está ainda ciente de que a pandemia levou muitos clientes a procurar mais lojas como as do Minipreço. “A situação de pandemia trouxe consequências diretas nas lojas de proximidade, desde logo, pela preocupação dos clientes em evitar lojas de maior dimensão onde a probabilidade de aglomerado de pessoas era maior. Este facto contribuiu decisivamente para que o retalho de proximidade realizasse um esforço de otimização de sortido para garantir uma compra integrada num cabaz onde não faltassem os produtos básicos que satisfizesse as suas necessidades, sem comprometer a qualidade”, garante. A responsável, em resumo, adianta que a empresa vai continuar a consolidar o parque de lojas, “redimensionando-o para potenciar o desenvolvimento de uma nova proposta de valor comercial da DIA, com reforço da oferta de marca própria e da venda online, juntamente com a contínua eficiência operativa”.

Depois da abertura de dez lojas em 2020, a Mercadona pretende continuar o foco na expansão da rede de lojas. “Em 2021, abriremos oito a dez lojas em Portugal, nos distritos de Aveiro, Braga e Porto”, adianta Inês Santos, acrescentando que a empresa vai continuar os processos de licenciamento das outras infraestruturas que está a desenvolver, com o objetivo de avançar com o plano de expansão noutras zonas do país.

Limitação de horários complexificou operações

A adaptação à situação de pandemia foi um dos grandes desafios das várias insígnias de distribuição em 2020. As várias cadeias de distribuição tiveram como prioridade a segurança e proteção dos colaboradores e clientes ou a preparação “para vários cenários com uma adaptabilidade permanente”. O aumento da atividade de e-commerce foi uma realidade em 2020. “A pandemia acelerou esta realidade e obrigou-nos, inclusive, a ajustar os nossos serviços e a encontrar mais soluções, que nos permitiram conquistar novos clientes e fidelizar clientes ao online”, diz fonte oficial da Auchan. Por outro lado, existiu uma preocupação em antecipar o excesso de procura de alguns bens alimentares. “O nosso principal foco foi garantir uma excelência operacional que minimizasse algumas falhas momentâneas que pudessem ocorrer em algumas categorias que registaram aumentos de vendas na casa dos três dígitos, nomeadamente, os produtos enlatados, os congelados, produtos lácteos, papel higiénico e a mercearia salgada”, refere Helena Guedes.

O ano também ficou marcado pelas restrições do número de clientes por metros quadrado, assim como pela limitação de horários aos fins-de-semana no último trimestre. O Pingo Doce esteve particularmente exposto à redução da circulação de pessoas, quer pelo seu histórico de grande densidade de vendas e elevado número de visitas, quer pelo impacto que a ausência de tráfego tem nos restaurantes, cafés e na categoria de take-away da insígnia”, indica fonte da insígnia da Jerónimo Martins. Também a limitação de horários acabou por afetar “significativamente a atividade económica”. Mas o Pingo Doce conseguiu dar resposta a esta limitação. “Foi neste contexto fortemente condicionado que o Pingo Doce reforçou a sua dinâmica comercial e de comunicação e manteve a sua expansão, conseguindo mitigar de certa forma o impacto da perda de horas de vendas ao fim de semana e entregar as vendas do trimestre sensivelmente em linha com o quaro trimestre de 2019”, explica a mesma fonte.

A mesma limitação de horários também acarretou um aumento da complexidade da operação, como aconteceu com a Auchan. “É um fator perturbador do bom funcionamento dos espaços comerciais. Por um lado, porque acaba por levar uma grande quantidade de pessoas às lojas, num espaço mais curto de tempo, dando origem a enormes filas à entrada. Por outro lado, necessitámos de pedir aos fornecedores que aumentassem a entrega de produto durante a semana e reduzissem ao fim de semana”, explica fonte da Auchan.

*Texto originalmente publicado na edição impressa de fevereiro do jornal Hipersuper

 

 

 

 

 

 

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