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Grupo Super Bock despede 10% dos trabalhadores

Por a 16 de Junho de 2020 as 19:23

CEO Super Bock Group - Rui Lopes FerreiraO Super Bock Group decidiu avançar para o despedimento de  10% dos trabalhadores, uma medida que é justificada com a “significativa redução da atividade” do grupo “provocada pelo efeito da pandemia Covid-19”. O cenário de futura recessão também levou a empresa a adotar a medida.

O grupo, que comunicou esta terça-feira à tarde a decisão à Comissão de Trabalhadores, dará início ao processo ainda este mês. “Esta difícil decisão implica um reajustamento que afetará cerca de 10% da força de trabalho em diferentes áreas da organização, é tomada perante uma conjuntura excecional”, refere o grupo em comunicado.

O encerramento do canal Horeca nos últimos meses foi um dos fatores que pesou mais na decisão da administração. “O canal Horeca, que foi forçado a uma paragem obrigatória de dois meses e que mantém constrangimentos ao desenvolvimento normal da sua atividade, representa cerca de 70% do mercado de bebidas refrescantes em Portugal”, menciona o documento, acrescentando que os efeitos desta realidade serão prolongados e terão um impacto significativo na atividade do grupo.

A empresa, no âmbito do despedimento, diz estar “empenhada em implementar soluções de compensação pelo impacto desta medida, tendo constituído um programa de apoio que inclui condições acima do quadro legal, bem como um programa de outplacement e formação focados na empregabilidade”.

“A realidade atual é complexa e inédita e, num mundo cada vez mais volátil, a prioridade do Super Bock Group é, e será sempre, a sustentabilidade da empresa, adequando de forma contínua a sua estrutura às necessidades atuais e futuras do negócio”, conclui.

A Cervejeiros de Portugal, em carta enviada ao ministro da Economia, solicitou, em abril, uma  moratória de, pelo menos, seis meses no pagamento do  Imposto  Especial de Consumo (IEC). “Até agora, não tivemos nenhum apoio específico. A moratória da taxa de IEC não nos foi concedida”, afirmou Francisco Girio, secretário-geral da associação, em declarações ao Hipersuper.

Sindicato fala em rumores de venda da empresa

A empresa encerrou em 2015 a fábrica de Santarém, cortando 70 postos de trabalho, a que se juntaram outros tantos em Leça do Baldio. Dos 1.200 trabalhadores da empresa, serão agora despedidos cerca de 120. A empresa apresentou, no entanto, uma alternativa aos trabalhadores. “A administração, em alternativa, apresentou uma proposta de renegociação da laboração continua. Mas esta já é mal remunerada porque está subvalorizada no nosso País”, adianta José Eduardo, dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), depois de contactado pelo Hipersuper.

O dirigente sindical considera que há um aproveitamento da situação. “Estamos a falar de uma empresa que distribuiu cerca de 60 milhões de euros de dividendos aos acionistas referentes ao último exercício e que, nos últimos dez anos, distribuiu 300 milhões de euros”, indica. Além do mais, José Eduardo diz tratar-se de uma empresa altamente rentável, pois conseguiu financiamento para a sua modernização e acabou sempre por baixar a dívida à banca. “O investimento foi sempre feito com recurso a empréstimos à banca e saldados com os ganhos da empresa”, acrescenta.

José Eduardo considera assim que a empresa tem capacidade para amortecer as perdas derivadas do encerramento do canal Horeca durante dois meses. “A empresa, com as reestruturações que tem vindo a fazer nos últimos, não tem gorduras. Não faz sentido. A empresa vai ressentir-se na sua capacidade de produção. Estando a emagrecê-la ainda mais, fazem sentido os rumores de que a Violas se está a preparar para vender a sua posição a um preço mais apetecível”, conclui.

*Notícia actualizada com declarações de Francisco Gírio, secretário-geral da Cervejeiros de Portugal,  e de José Eduardo, dirigente do SINTAB. 

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