Homepage Newsletter Produção

Frutalmente poderá faturar dez milhões de euros em 2022

Por a 27 de Setembro de 2018 as 10:33

Mário Rodrigues, diretor Frutalmente_DonaUvaA Frutalmente escoa 90% dos seus produtos para as cadeias de grande distribuição. Com a divulgação da marca Dona Uva, a organização de produtores quer alargar a sua presença a pontos de venda de proximidade e, no futuro, aumentar a exportação.

A uva é colhida diretamente para a caixa. Quanto menos manipulada, melhor. Assim, mantém-se a autenticidade. A Frutalmente, criada em 2012 com seis produtores de uva de mesa, tem neste momento 19 produtores. Quer posicionar-se no mercado pela qualidade da sua uva e das restantes frutas produzidas nos seus terrenos. Afinal, todo o processo de produção obedece a normas de certificação, qualidade e de segurança alimentar.

No ano seguinte, o grupo criou a marca Dona Uva. E a organização de produtores pensa que é chegado o momento de tornar a marca mais conhecida junto do consumidor. “Após quatro anos de colheitas com os nossos produtores, conseguimos fazer também com que trabalhem da forma como queremos e estamos em condições, em termos de cultura, de melhoramentos de sistemas de condução e de qualidade do produto, de ter neste momento todos os produtores de uma forma muito homogénea e de conseguir trabalhar como queremos. Foi a altura certa de expandir a marca”, afirma Mário Rodrigues, diretor executivo da Frutalmente.

A área de produção é de 195 hectares, 20 dos quais para a produção de uva sem grainha. Os terrenos da organização de produtores de uva situam-se no Ribatejo, no Oeste e no Alentejo. São produzidas dez variedades de uva, duas delas sem grainha. Entre julho e novembro as uvas são colhidas. Agora é tarefa dos responsáveis da empresa divulgá-la para alargar os pontos de distribuição. Como? “Através de encontros com jornalistas, feiras, e começar a estar presentes em vários eventos a nível nacional onde se comece a ouvir a marca Dona Uva como uma referência a nível nacional”, adianta Mário Rodrigues.

Calor afeta colheita

O período de calor extremo afetou este ano a colheita. Houve uma perda de 30% da produção e houve parcelas com 100% de quebras. Os prejuízos à produção foram de 400 mil euros. “Mesmo assim, estamos a contar ter três milhões de quilos”, avança. A Frutalmente faturou, em 2017, 4,3 milhões de euros. Prevê fechar 2018 com um valor entre 4,5 e cinco milhões de euros. As cadeias de distribuição são os grandes clientes do grupo. Representam 90% dos produtos escoados. Entre as grandes cadeias de distribuição estão o Continente, o Lidl, a Auchan, o Intermarché, o Minipreço e o Pingo Doce. Os principais clientes são o Continente e o Lidl. “A marca está referida na Auchan, no Minipreço, pontualmente no Pingo Doce e muito nos mercados tradicionais, através de distribuidores que vendem para lojas mais pequenas”, explica o diretor executivo da Frutalmente.

Em relação aos restantes 10% da produção, os distribuidores colocam as uvas em lojas de proximidade. E com a maior divulgação da marca, a Frutalmente traça como meta reforçar os seus produtos nas lojas de proximidade. “É aqui que queremos reforçar também a nossa presença, nas mercearias e lojas mais pequenas, para distinguir os nossos produtos de todos os produtos que existem no mercado”, explica.

Os grandes concorrentes são os produtores espanhóis e os pequenos produtores portugueses.  “Muitas vezes produtos mais fracos invadem os mercados tradicionais e os mercados abastecedores, o que faz com que os preços nos mercados abastecedores estejam em baixa”. Estes concorrentes não permitem colocar os produtos no Mercado Abastecedor de Lisboa. Mas Mário Rodrigues adianta que as uvas têm grande aceitação nos mercados abastecedores do norte do país. “Conseguimos trabalhar muito bem com o mercado do Norte, do Porto, Coimbra, Braga, Barcelos. Aqui é mais difícil porque temos muitos produtores mais pequeninos, que vendem muitas vezes a preço aberto e com menos qualidade para o mercado abastecedor de Lisboa.  O que nos dificulta muitas vezes fazer a distinção do nosso produto, que é um produto de qualidade, um produto também com preços diferentes, mas que é trabalhado e cuidado de outra maneira e com mais encargos”, realça.

Para combater a sazonalidade, a Frutalmente aposta também na produção de outras frutas. Ameixa, alperce, dióspiro, figo, goji, maçã, pera rocha, pêssego e romã são as frutas em catálogo. Mário Rodrigues prevê que estas frutas possam faturar entre um e 1,5 milhões de euros em 2018. “Para ter a marca a funcionar, temos as instalações, temos o know-how, temos mais produtos e abrimos a organização a outros produtos para fazer face a um período em que, por si só, não conseguiríamos ter uva de mesa. E para tentar aumentar também os recursos já existentes, aproveitá-los e aumentar a nossa faturação e o nosso volume de negócios”, diz.

Aumentar exportações

Quanto à exportação, esta representa 5%. Holanda, Angola e São Tomé são alguns dos países para onde a organização de produtores escoa as suas uvas. Neste momento, o grupo agrícola está em conversações para colocar nos mercados de Paris a uva grimson, uma variedade de uva sem grainha. “Somos muito fidelizados à grande distribuição nacional. Pontualmente a produção, aumentando as áreas, aumentando as produções e aumentando os volumes, certamente vamos ser obrigados e querer fazer mais exportação, senão não vamos conseguir escoar tudo no mercado nacional. E estamos a começar a ter contatos, a começar a ter negociações para começar a exportar mais”, explica Mário Rodrigues. E concretiza: “Na Holanda querem fazer protocolos para que comecemos a fazer uma exportação contínua. Em França igual, mais propriamente para Paris. E já fazemos alguma coisa para o Luxemburgo”.

Até 2020, a Frutalmente tem projetado o aumento de 60 hectares de área para produzir uva sem grainha. O projeto é de dois produtores. E cada um aumentará a área em 30 hectares. “Vai aumentar a capacidade de produção de uvas sem grainha. E podemos atingir mais de dez milhões de euros de faturação em 2022”, avança o diretor executivo da organização de produtores.

Novos produtos

A organização agrícola está também a preparar a confeção de produtos a partir da uva. Com base numa parceria com o chef Rodrigo Castelo, do restaurante Taberna Ó Balcão, em Santarém, a ideia é comercializar novos produtos. “Temos uma parceria com o chef Rodrigo para tentar fazer produtos alternativos, de quarta gama, com algum valor acrescentado, diferenciadores e que sejam utilizados durante o inverno”, explica.

Chef Rodrigo Castelo_DonaUva (1)

Para tal, a Frutalmente tem de ir em busca de parcerias. “Não temos condições logísticas para o fazer. Mas depois de inventar a receita, de ter o produto acabado e ter algo que seja de fato diferenciador podemos, através de parcerias, conseguir valorizá-los e metê-los no mercado”. E exemplifica: “Podemos fazer compota de uva e chegarmos ao pé de alguém que já faça compotas, que já tenha o mercado aberto e que consiga fazer a compota com as nossas uvas ou com a nossa ameixa. O chef faz a receita e depois tentaremos implementá-lo no mercado. Primeiro temos de atingir o objetivo de ter um produto que seja diferenciador, um produto que seja apelativo ao consumo e depois o vamos comercializá-lo, pôr na prateleira, dar a conhecer aos nossos clientes”.

* O artigo foi originalmente publicado na edição de setembro do Hipersuper.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *