Espanha quer conquistar o mundo através da barriga

A apresentação da edição de 2018 da Alimentaria Barcelona reuniu na capital da Catalunha dezenas de jornalistas de todo o mundo. A cobertura internacional do certame, considerado o melhor escaparate da indústria alimentar do país vizinho, é explicada pela ambição do país e das suas empresas em conquistar o mundo através da barriga

A população mundial deverá crescer a partir dos atuais 7,6 mil milhões para os 9,8 mil milhões em 2050. A recente estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas) levou Florence Ranson, diretora de Comunicação da FoodDrinkEurope, a estimar um aumento de 60% na procura de alimentos no mundo nos próximos três anos, por ocasião da apresentação internacional da edição de 2018 da Alimentaria Barcelona, que vai ter lugar entre 16 e 19 de abril na capital da Catalunha. Espanha está a posicionar-se para fazer crescer as vendas de alimentos e bebidas no exterior à boleia desta dinâmica comercial esperada e já delineou a estratégia para conquistar o mundo.

Com o consumo dos lares espanhóis estagnado, “dificilmente, podemos comer mais do que comemos”, como diz Fernando Moreno, diretor do Departamento para a Indústria Alimentar, do Ministério da Agricultura espanhol, as empresas viraram os holofotes para os mercados internacionais. As exportações da indústria alimentar espanhola aceleraram 50% desde 2012 e registaram, no ano passado, 50 mil milhões de euros.

“Não só crescem as exportações como diminuem as importações. A balança comercial está muito equilibrada. A indústria alimentar é o pilar do crescimento da economia do país”, sublinha Fernando Moreno. Bate recordes de exportação desde há 20 anos e regista um superavit de 10 mil milhões de euros.

É por tudo isto que organização da Alimentaria, a maior feira de alimentação e bebidas na Península Ibérica, reuniu jornalistas de todo o mundo em Barcelona, além de entidades públicas e privadas ligadas ao comércio internacional, no final do ano passado, para a apresentar a edição de 2018 da feira que representa o “melhor escaparate da indústria alimentar espanhola”, considera, por sua vez, María Naranjo Crespo, diretora da divisão de Alimentação e Gastronomia do Instituto Espanhol para o Comércio Internacional. A cobertura mediática explica a ambição espanhola em conquistar o mundo através da barriga.

Comitiva de oradores que participou na conferência de apresentação da Alimentaria Barcelona

“Maior edição de sempre”

É neste contexto que a Alimentaria Barcelona prepara a “maior edição de sempre”. O certame vai ocupar quase todo o recinto da “Gran Vía de Fira de Barcelona”, uma área de exposição líquida de 100 mil metros quadrados (m2). A feira vai ter lugar este ano em conjunto com o Hostelco, o salão Internacional de equipamento para a restauração e hotelaria. “Estamos a criar a maior uma das maiores plataformas para a indústria de alimentação, gastronomia e equipamento para a Distribuição e o canal Horeca”, anuncia António Valls. O diretor-geral da Alimentaria Exhibitions estima que a feira gere um impacto económico na ordem dos 200 milhões de euros. “A celebração conjunta dos dois salões contribuirá para criar valor na gastronomia e nas indústrias alimentar e turística, evidenciado a importância destes setores para a economia espanhola, que, em conjunto, representam mais de 25% do Produto Interno Bruto”.

Os organizadores da feira esperam reunir na capital da Catalunha mais de 4500 empresas, quase 30% estrangeiras. E vão investir cerca de dois milhões e meio de euros para receber em Espanha cerca de 45 mil visitantes internacionais e 800 “hosted buyers”, profissionais de cadeias de distribuição, importadores e fornecedores, entre outros, que vêm à procura de novos produtos e com os quais os expositores têm reuniões de negócio. De Portugal são esperadas cerca de meia centena de empresas.

*A jornalista viajou a convite da organização da Alimentaria Barcelona