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Um olhar mais atento, por Sérgio Leote (Michael Page Retail)

Por a 22 de Março de 2013 as 13:41

Sérgio Leote, Consultor Sénior Michael Page Retail

Por Sérgio de Sena Leote, Consultor Sénior Michael Page Retail

Numa altura em que tanto se fala de crise e em que os seus diversos sinónimos parecem até começar aparentemente a fazer parte do nosso ADN, tendo em perspectiva os sectores de retalho e grande consumo, creio que o raciocínio mais imediato seria o de fazer centrar uma estratégia no factor preço.

Ainda que este último factor tenha um lugar de destaque, não deverá ser visto ou considerado com o único factor a considerar ou a levar em linha de conta. Aliás, socorrendo-me daquilo que foram os últimos trabalhos da Nielsen, fica expresso que a acção promocional não implica necessariamente uma mudança do local de compra por parte do shopper. É frisado que a acção promocional será essencialmente impactante na hora de escolher a marca dentro do ponto de venda e que esta não implica necessariamente novos clientes para a insígnia.

Também ao nível das tipologias de retalho, fica expresso no estudo Nielsen “Shopper Trends”, apresentado em meados do mês passado, que a tendência será para formatos mais pequenos. Seguindo o que é de resto uma tendência a nível europeu, o shopper pautará as suas opções segundo os vectores proximidade, ambiente de loja, sortido e relação qualidade/preço. Paula Barbosa da Nielsen, revela mesmo que “os supers serão o formato dominante, mas existe um novo formato de lojas de proximidade abaixo dos 300 metros quadrados que irá crescer”. Basicamente, é o conceito de conveniência a ganhar forma e a assumir-se como incontornável.

Para o caso português seria interessante avaliar as opções assumidas pelas principais insígnias no sentido de darem corpo a esta lógica focada na conveniência. Por um lado, vemos a despontar, ainda que de uma forma tímida, conceitos bastante pequenos, como o Amanhecer e o Meu Super, que trabalham centrados num modelo de proximidade/conveniência que parece o resultado de uma modernização do comércio tradicional, suportado em insígnias mais fortes. O que poderá ser um caminho interessante apontando a uma revitalização do comércio tradicional. Por outro lado, temos a aposta no modelo super, em que o exemplo mais emblemático é, sem sombra de dúvidas, o protagonizado pela Jerónimo Martins, na aposta na insígnia Pingo Doce e o desinvestimento no conceito hiper (Feira Nova). Mas ao nível dos hipers, não deve em todo o caso ser desconsiderado o que vem também fazendo a Sonae, procurando uma complementaridade de serviços dentro de uma mesma loja, como é exemplo disso a reconversão que pretendem estender a várias lojas do grupo e já apresentado na loja de Cascais.

Ainda segundo os dados da Nielsen, o canal online não registou um crescimento e está ainda longe do que é praticado noutros países, sendo que este será certamente um filão a explorar para a generalidade do retalho em Portugal. Do lado das vertentes a explorar poderão ainda referir-se as apostas que se poderão fazer ao nível das estratégias de CRM, fidelização de clientes, projectos customizados de categoria adequados a uma realidade regional, entre outros. Enfim, o espaço para melhorar continua a existir e hoje mais do que nunca importa que as empresas consigam ter uma perspectiva crítica que lhes permita continuar a melhorar e a optimizar métodos e procedimentos.

Se isto deve ser o ponto de partida para as empresas dos sectores de retalho e de grande consumo, também do lado das empresas de recrutamento e selecção deverá ser devidamente considerado. A percepção de risco que as empresas têm ao desencadearem um processo de recrutamento, faz com que hoje em dia cada processo se revista de mais cuidados. Há a percepção de que não se pode falhar e cabe às empresas de recrutamento e selecção conseguirem ter uma resposta cada vez mais rápida, eficaz e assertiva. Os timings de resposta deverão ser cada vez menores não se descurando nunca o enquadramento que os candidatos em questão terão no próprio processo. Também aqui a lógica não deverá centrar-se no factor preço mas sim no binómio conhecimento especializado de mercado e preço.

 

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