“A concorrência é a nossa marca de água”

“A concorrência é a nossa marca de água, o nosso ecossitema e o nosso património mais valioso”. Foi desta forma que Luís Reis, presidente da APED, deu início a um dia e meio de trabalhos no IV Congresso da Distribuição Moderna e que se prolonga até amanhã [Quarta-feira] no Museu do Oriente.

Admitindo que as empresas associadas da APED estão “habituadas a contar com uma concorrência forte e aguerrida”, Luís Reis salientou que “esse é um factor determinante da sua própria força”, referindo que a concorrência “obriga-nos a um esforço redobrado na procura da excelência, da melhoria contínua, da inovação permanente, da superação diária”, conceitos que fazem com que as empresas da APED sejam “sofisticadas, moderna se excelentes”.

Realçando que o parque de lojas existente em Portugal é comparável à dos melhores mercados mundiais”, o presidente da APED referiu no seu discurso de abertura do evento que os destinatários últimos das vantagens da concorrência “são os consumidores”.

Mas não foi só na concorrência que Luís Reis centrou o seu discurso. O tema da produção nacional e o apoio que a distribuição moderna lhe tem dado também foram destacados, fazendo referência a diversas plataformas de discussão, “designadamente naquelas que gozam do alto patrocínio do Governo”, destacando a procura de soluções que afinem cada vez mais o funcionamento da cadeia de valor, salientando o “esforço negocial” que a associação tem vindo a desenvolver para que se implemente em Portugal o Código de Boas Práticas.

Luís Reis lamentou que não tenha sido possível obter a assinatura das três entidades (CAP, CIP e APED), que também integram a PARCA – Plataforma de Acompanhamento das Relações da Cadeia Agroalimentar.

“A explicação para este facto não é completamente clara para nós, mas suspeitamos que a ela não seja alheio o interesse dos grandes fornecedores multinacionais e dos seus agentes em Portugal que, procurando confundir-se e misturar-se com os produtores nacionais – eventualmente procurando tentar beneficiar de ventos políticos favoráveis -, acabam afinal por prejudicar os legítimos interesses destes e revelam hostilidade para com a livre concorrência”, afirmou o Luís Reis.

No final da sua intervenção, o presidente da APED deixou os seguintes temas para reflexão: “quantos sectores em Portugal criam emprego líquido sistematicamente?; quantos sectores têm feito importantes investimentos em Portugal, que não podem ser deslocalizados, e que aqui mantêm centros de decisão?; quantos países na Europa possuem um sector de distribuição com tantas empresa capazes de internacionalizar formatos de dimensão tão relevante como aqueles que caracterizam muitos dos associados da APED?”.

Já o secretário de Estado do empreendedorismo, competitividade e inovação, Carlos Oliveira, depois de destacar o sucesso dos formatos de distribuição a operar em Portugal, classificando-os como “do melhor que é feito a nível internacional”, deixou clara a mensagem de que o Governo está “empenhado em incentivar” a assinatura de um Código de Boas Práticas, de forma a que possa existir “maior equidade” e “maior transparência”.

De resto, Carlos Oliveira afirmou que a relação entre os sectores (CAP, CIP e APED) deve ser feita em “autorregulação”, não excluindo, no entanto, “uma regulação específica”, desejando que a assinatura do acordo aconteça “quanto antes”. Mas se não se passar do campo das intenções à prática, o secretário de Estado deixou o recado: “Governo terá de ponderar mecanismos de regulação que permitam obviar as dificuldades conhecidas neste sector”.

Carlos Oliveira destacou ainda o papel que os associados da APED poderão ter na ajuda à produção nacional, fazendo ainda referência à “indicação inequívoca da origem” que os produtos deverão ter, salientando que “o código 560 só permite identificar o local onde o produto é codificado e não onde é produzido”.