Fabricantes depositam esperanças no Verão

De olhos postos nos quatro meses mais quentes do ano, os fabricantes de bebidas fazem projecções optimistas. Se o Verão for bom, pode inverter-se a trajectória de quebra no consumo

O consumo de bebidas frescas dispara nos meses mais quentes do ano. O calor, os festivais de Verão, as festas de rua e o ambiente de lazer próprio das férias, estimulam a venda de cervejas e águas. Não é por acaso que os fabricantes de bebidas depositam muitas esperanças nesta época estival. O objectivo é travar a trajectória de quebra de consumo no mercado interno.

“Nestes meses mais fortes, reforçamos a activação das nossas marcas”, diz em entrevista ao Hipersuper Rui Freire, administrador de marketing da Unicer, acrescentando que o objectivo é garantir “a proximidade com o consumidor onde quer que ele esteja”. Também as actividades promocionais” bem direccionadas e com valor acrescentado” permitem “reforçar a proximidade junto do consumidor”.

Nuno Pinto de Magalhães, director de comunicação e de relações institucionais da Central de Cervejas (SCC), deposita muitas esperanças no Verão. “O mercado interno de cervejas está a cair desde o último trimestre de 2010. Até à data, a quebra situa-se em volume entre 5 e 10%, face mesmo período do ano anterior. Se tivermos um bom Verão, Junho e Setembro representam 40% do volume global anual, e acréscimo de turistas, como todos esperamos, o impacto pode ser minimizado”.

Quanto ao mercado de água engarrafa, esse, tem apresentado “uma tendência crescente quer em volume quer em valor”, assegura Raul Simões, responsável de marketing da divisão de águas da SCC. “Apesar do contexto macroeconómico desfavorável, estamos optimistas em relação à evolução do período de Verão”.

Canal Alimentar

Concretamente no mercado alimentar, os números mais recentes da Nielsen ajudam a conceber projecções optimistas para o Verão (ver gráficos). Entre Março de 2010 e o mesmo mês de 2011, a categoria de água mineral cresceu 8% em volume para 764 milhões de litros. A quota (em valor) de mercado dos fabricantes de marca caiu, no entanto, 2%, enquanto a das Marcas do Distribuidor (MdD) subiu 6%. Raul Simões, da SCC, não só assume o ganho de quota das MdD como aponta uma explicação: “poderá dever-se a alguma inactividade das marcas nos últimos anos. Reconhecendo esta situação, a Água do Luso lançou recentemente uma nova campanha de comunicação, algo que não acontecia há seis anos”.

Quanto ao segmento de cervejas, este caiu 2% em volume mas subiu 4% em valor, no mesmo período. As MdD aumentaram a quota de mercado em 25% enquanto a das marcas de fabricante subiu apenas 3%. Apesar disso, os produtores de marca detém 95% do mercado em valor.

“O negócio das cervejas é muito forte. O lançamento de Super Bock Classic para o segmento mais importante – mainstream – é revelador dessa situação. Não se verifica uma transferência de consumo para as marcas brancas mas estamos, evidentemente, atentos. Graças ao vasto portefólio, temos a marca Cristal como alternativa clara. É, inclusive, a marca mais vendida em Angola”, sublinha o administrador de marketing da Unicer, acrescentando que no segmento de águas com gás a situação é semelhante. “A Águas das Pedras é uma marca consolidada e conhecida por todas as gerações. Em 2010, alcançou um volume de vendas superior a 35 milhões de litros e uma quota acumulada de mercado de 46%”.

Nuno Pinto de Magalhães, da SCC, sublinha, por sua vez, que a cerveja é uma categoria onde a qualidade do produto, o sabor é o principal atributo de escolha, e a ligação emocional com a marca, são relevadas pelo consumidor, em detrimento exclusivo, face a outras categorias, do factor preço.

Estamos atentos à tendência de crescimento das MdD, nomeadamente no actual enquadramento económico, tendo no nosso portefólio a marca Imperial, uma cerveja que pode concorrer neste segmento, devido ao mix de preço e qualidade”.