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As reacções ao pedido de ajuda português

Por a 7 de Abril de 2011 as 11:00

O discurso de José Sócrates, Primeiro-ministro de Portugal
“Como sempre disse aos portugueses, a rejeição do Programa de Estabilidade e Crescimento na Assembleia da República, no dia 23 de Março, agravou de forma dramática a situação financeira do nosso País. A rejeição do PEC proposto pelo Governo, e que tinha tido o apoio e o voto de confiança das instituições europeias, foi o sinal mais errado que podíamos dar aos mercados financeiros e às instituições internacionais. Foi o sinal errado, no momento errado.

Os portugueses são testemunhas do que aconteceu de então para cá: O rating da República baixou abruptamente, como nunca tinha acontecido; as taxas de juro dispararam, em todos os prazos; os bancos portugueses e importantes empresas nacionais viram o seu rating baixar para níveis perigosos, nunca antes atingidos.

Toda esta situação tornou-se uma ameaça real ao financiamento da República, do nosso sistema bancário e, por consequência, da nossa economia.

Desde a rejeição do PEC, acentuaram-se muito gravemente as dificuldades de financiamento da República e da economia portuguesa. As taxas de juro que se verificaram hoje na emissão de dívida pública de curto prazo são um sinal claro da crescente dificuldade de Portugal em aceder ao financiamento nos mercados internacionais.

Esta situação é especialmente grave para o nosso País. E estou firmemente convencido, avaliadas todas as alternativas e depois de todos os contactos que fiz, que tenderá a agravar-se ainda mais se nada for feito.

Ao longo deste último ano lutei todos os dias para que isto não acontecesse. A verdade é que tínhamos uma solução e ela foi deitada fora. Como na altura alertei, a rejeição do PEC e a abertura de uma crise política vieram fragilizar o País e diminuir a capacidade do Governo para responder às dificuldades.

Sempre encarei um pedido de ajuda externa como uma solução de último recurso. E ainda esta semana o recordei. Tentei tudo. Mas em consciência julgo que chegámos ao momento em que não tomar essa decisão acarretaria riscos que o País não deve correr. E a minha obrigação e a minha responsabilidade é pôr acima de tudo o interesse nacional.

Por isso, o Governo decidiu hoje dirigir à Comissão Europeia um pedido de assistência financeira, por forma a garantir condições de financiamento a Portugal, ao nosso sistema financeiro e à nossa economia, em termos que tenham em conta a situação política nacional e as limitações constitucionais do Governo, como Governo de gestão.

Informei desta decisão o Senhor Presidente da República, a quem solicitei que realizasse as diligências que entendesse necessárias junto dos partidos políticos. Este é o momento para todos assumirmos as nossas responsabilidades perante o País.

Todos sabem como lamento que esta decisão se tenha tornado inevitável. Os portugueses sabem que lutei por outra solução, em nome do interesse nacional. Pois é também em nome do interesse nacional que hoje digo aos portugueses que é preciso dar agora este passo.

Quero garantir a todos que me empenharei, com toda a minha determinação, para que a negociação deste pedido de ajuda tenha os menores custos possíveis para Portugal e para os portugueses.

Este é um tempo de exigência e de responsabilidade. É um tempo que impõe um juízo claro e vontade firme. Um tempo para darmos o melhor de nós próprios ao serviço de Portugal e ao serviço dos portugueses”.

As reacções

“O PSD não deixará de apoiar este pedido de ajuda externa que o Governo hoje [ontem] endereçou à União Europeia”
Pedro Passos Coelho, Presidente do PSD, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“A entrada do FMI em Portugal é uma necessidade total”
Alexandre Soares dos Santos, Chairman da Jerónimo Martins, in www.expresso.pt, 06/04/2011

“Não temos outro remédio. Portugal necessita de ajuda como o homem precisa de pão para a boca. Devemos culpar os políticos”
Joe Berardo, Presidente da Metalgest, in Diário Económico, 06/04/201

“Sócrates não disse que medidas aplicará como contrapartida, não explicou o que quer cortar mais aos portugueses”
Bernardino Soares, Líder parlamentar do PCP, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“Não devemos dramatizar. Temos dificuldades e temos capacidade para lidar com elas”
Paulo Azevedo, CEO da Sonae, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“Não temos outra solução. As empresas precisam que os bancos financiem a economia”
Eduardo Rangel, Presidente do grupo Rangel, in Diário Económico, 06/04/2011

“O pedido de ajuda é inevitável. O problema da liquidez pode ser resolvido com o resgate. Temos um problema insuperável, confirmado pelos banqueiros”
António Pires de Lima, Presidente da Unicer, in Diário Económico, 06/04/2011

“O que tem de ser tem muita força. É pena que tenha demorado tanto tempo”
Mira Amaral, Economista, , in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“É o desfecho inevitável. Era insustentável para o Governo manter-se nesta situação”
António Saraiva, Presidente da CIP, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“Tenho de admirar o primeiro-ministro: fez o que era inevitável, mas fê-lo à custa do País”
Henrique Netto, Empresário, in Diário Económico, 06/04/2011

“Isto é um erro. Não é ajuda. Portugal devia (…) pedir a reestruturação da dívida”
Carlos Carvalhas, Ex-secretário-geral do PCP, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“Vamos todos sofrer uma enorme retracção pois seremos considerados devedores”
João Miranda, Presidente da Frulact, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“Só tenho a dizer uma frase: ponham por favor a agenda do País à frente da agenda partidária”
João Pereira Coutinho, Presidente do grupo SIVA, in Diário Económico, 06/04/2011

“Com ou sem FMI/FEEF, Portugal tem rapidamente de criar estabilidade
Manuela Tavares Sousa, CEO da Imperial, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“Para que os agricultores possam investir, é necessário acesso ao crédito, bancário”
João Machado, Presidente da CAP, in Jornal de Negócios, 06/04/2011

“É uma decisão da maior gravidade para o país”
Bernardino Soares, Líder parlamentar do PCP, in Diário Económico, 06/04/2011

“Houve uma incapacidade total para resolver o problema. O endividamento é enorme para os próximos 50 anos”
Tomás Roquette, Administrador da Quinta do Crasto, in Diário Económico, 06/04/2011

“Se a ajuda for ajuda, é sempre bem-vinda. Não é o fim do mundo. É ajuda”
Paulo Azevedo, CEO da Sonae, in Diário Económico, 06/04/2011

“Portámo-nos mal e vamos para o castigo. A culpa é de todos e agora vai ser à bruta”
Miguel Júdice, Presidente do grupo Lágrimas, in Diário Económico, 06/04/2011

“Sou pessoalmente favorável a aumentos de IVA e diminuição dos outros impostos, como o IRC, IRS”
Alexandre Soares dos Santos, Chairman da Jerónimo Martins, in SIC, 06/04/2011

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