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Ernst & Young admite pedido de ajuda externa de Portugal até Junho

Por a 4 de Abril de 2011 as 12:39

A consultora Ernst&Young, no seu Eurozone Forecast (EEF), dá conta que a economia da zona euro está a crescer a um ritmo muito mais lento do que o expectável para esta fase de recuperação, estimando-se que o PIB tenha um aumento de apenas 1,5% este ano e 1,7% em 2012.

Em relação a Portugal, a consultora admite que a demissão do Primeiro-ministro, José Sócrates coloca praticamente como certa a necessidade de ajuda externa. A Ernst&Young adianta mesmo um período para este pedido de ajuda, avançando que ele acontecerá “antes do mês de Junho”, altura em que o País terá de pagar ao mercado perto de cinco mil milhões de euros.

A consultora salienta que, “até agora, os esforços para acalmar os mercados financeiros não tiveram resposta positiva”, adiantando ainda que, “embora a austeridade fiscal estar a dar sinais de uma melhoria das finanças públicas, Portugal entrará em recessão este ano”.

Relativamente ao panorama global e ao crescimento do PIB em 1,5%, em 2011, a Ernst&Young refere que esta evolução deverá ser, tal como no ano anterior, motivada pelas “exportações e o desempenho da economia mundial deverá manter-se robusto, impulsionado pelos mercados emergentes e pelos EUA”.

Quanto ao desemprego, a consultora admite que na zona euros deverá manter-se “elevado”, adiantando que, até 2015, o desemprego afectará aproximadamente 14 milhões de pessoas.

Marie Diron, Senior Economic Advisor to the Ernst&Young Eurozone Forecast diz: “embora tenhamos esperança que os próximos 12 meses sejam de recuperação para a zona euro, admitimos que muito facilmente o curso da economia pode ser alterado ou por eventos à escala global ou pelo agravamento da crise da dívida”.

Já Mark Otty, Area Managing Partner for Europe, Middle East, India and Africa, Ernst & Young explica que “apesar de uma recuperação na economia global, a zona euro continua a enfrentar o desafio e preocupações da dívida soberana, da instabilidade política e do aumento dos preços. Este ambiente de incerteza continua a travar o investimento por parte das empresas e a consequente criação de emprego”.

Existem, porém, riscos de deterioração significativa para o crescimento do PIB e da inflação em especial com eventuais novas tensões no Oriente Médio. O EEF estima que se o preço do petróleo subir até 150 dólares/barril a inflação na zona euro poderá chegar aos 3% este ano e mais 2,5% em 2012. “A verificar-se, o crescimento do PIB seria reduzido para 1,2% este ano e 1,3% no próximo ano. Com o preço do petróleo nos 200 dólares/barril a inflação subiria para cerca de 4% este ano e permaneceria acima dos 3% em 2012, o crescimento do PIB ficaria em 1% para ambos os anos”, estima a consultora.

O impacto negativo de uma crise mais profunda no Médio Oriente pode ter repercussões maiores, uma vez que pode provocar uma reavaliação dos riscos nos mercados financeiros, com preços em queda rápida e prémios de risco crescente em vários títulos. “Para a zona euro isso pode significar uma evolução deveras negativa se conduzir a uma nova escalada da crise de títulos soberanos”, refere a Ernst&Young, destacando, contudo, que, probabilidades reduzidas para tal cenário, embora admita que “os mais recentes desenvolvimentos em Portugal são preocupantes e as suas consequências poderão ser muito graves”.

Marie Diron conclui: “Mesmo que Portugal e a zona euro ultrapassem esta crise a perspectiva continua a ser um desafio, com a probabilidade de haver uma Europa a várias velocidades tal com temos vindo a prever para os próximos 12 meses”.

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