Ponto de Venda Tecnologia

Retrato do RFID em Portugal

Por a 7 de Fevereiro de 2011 as 12:13

Três especialistas em RFID traçam o retrato da tecnologia no nosso País


A maior retalhista do Mundo, a Wal-Mart, conseguiu massificar a tecnologia RFID (Radio-Frequency Identification) junto dos seus fornecedores há cerca de cinco anos. “A cadeia de distribuição norte-americana fez um ultimato aos fornecedores: ‘caso não etiquetassem os produtos com RFID, deixariam de a fornecer’ e aqueles aderiram em massa”, explicou ao Hipersuper António Pinto, da Sybase. Em Portugal, a tecnologia “está em fase de amadurecimento, as empresas começam a compreender as suas vantagens na resolução de problemas e optimização de processos”.

Javier Huelamo, director-geral da Checkpoint Systems Portugal, explica que o RFID já faz parte da realidade de algumas empresas nacionais e que “mais tarde ou mais cedo chegará a grande parte dos processos logísticos, sobretudo de grande escala”.

João Carlos Coutinho, responsável pelo negócio de RFID da Zetes Burótica, discorda. “A tecnologia está a ser aplicada a algumas soluções, embora limitada a produtos e bens que se movimentam em circuito controlado. Os fabricantes tentam massificar o RFID falando em aplicações para cadeias de abastecimento, embora as aplicações estejam a ser feitas em circuitos controlados para validar a circulação de bens e pessoas”.

Entre os principais obstáculos à implementação do RFID em Portugal, o director-geral da Checkpoint destaca a validação da tecnologia, “os empresários esperam garantias de eficácia”, e o custo das etiquetas. “Neste tipo de abordagem, deve existir uma parceria na partilha de custos, formação e desenvolvimento”, defende Javier Huelamo, acrescentado ainda que, assim que os grandes grupos começarem a requer a tecnologia junto das PME, estas empresas “terão de adaptar-se à nova realidade”, tal como aconteceu com a Wal-Mart.

Da fábrica à loja

A cadeia de roupa Trottleman já utiliza a tecnologia “de um extremo ao outro”, sublinha o responsável da Sybase. Ou seja, optimizou o sistema logístico com RFID desde as peças (fábrica) até ao cliente final (loja). “O cliente recebe encomendas através de uma plataforma web, que disponibiliza interfaces com impressoras RFID. O fabricante aplica o identificador nas peças e, quando estas chegam ao armazém, são automaticamente detectadas quando passam no tunel RFID. Na loja, há um ‘espelho mágico’ que permite optimizar a experiência com o cliente. Identifica a peça que o cliente tem na mão e, por exemplo, sugere outras peças que combinam”.

Automatizar os processos que ainda necessitam de intervenção humana é um dos principais benefícios da tecnologia, refere João Carlos Coutinho, da Zetes, acrescentando que a automatização melhora o desempenho e diminui erros. “Por outro lado, em algumas aplicações, como a gestão de bibliotecas, possibilita a junção, através da mesma tecnologia, dos benefícios da identificação e da segurança dos bens”.

António Pinto, da Sybase, destaca as mais-valias do RFID quando comparado com os códigos de barra tradicionais. “O RFID não necessita de linha de vista para identificar o objecto, ou seja para catalogar 100 peças de roupa inseridas numa caixa não é preciso abri-la. Além de a identificação ser automática, a tecnologia identifica ainda as dimensões de cada uma das peças (M, L, XL). Permite ainda inventários online para definir a exacta localização de um artigo no armazém”.

O RFID tem ainda capacidade para aumentar as vendas, ressalva Javier Huelamo. “Como aumenta a visibilidade da mercadoria na cadeia, reduz a quebra de stocks e, consequentemente, incrementa as vendas. A gestão de reclamações é mais uma área que benefícia com a tecnologia. “No tratamento de reclamações e devoluções, a tecnologia dá acesso a informação que permite analisar individualmente cada situação”.

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