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Pescadores da Andaluzia descobrem nicho em Portugal

Por a 25 de Janeiro de 2011 as 14:28

A oferta de peixe na Distribuição portuguesa está muito concentrada no preço, denuncia Antonio Toscano. O líder do agrupamento de pescadores que criou a marca Pescado de Estero vai apostar na exclusividade para seduzir os portugueses

Apesar de ser o terceiro maior consumidor de peixe do Mundo (60 quilos per capita), logo a seguir ao Japão e à Islândia, a quantidade que Portugal produz chega apenas para 23 quilos por pessoa, segundo dados da Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura.

Atenta a esta deficiência, a marca Pescado de Estero, criada por um agrupamento de produtores espanhóis, está a lançar-se no mercado nacional. Constituída essencialmente por quatro espécies – robalo, dourada, linguado e corvina – produzidas em cativeiro, “a marca respeita um regulamento que têm em conta o respeito pelo ambiente, o rastreio dos produtos, o controlo sanitário e o bem-estar animal”, explica em entrevista ao Hipersuper Antonio Concepción Toscano, presidente da associação.

A Pescado de Estero é produzida em ambiente peculiar. “São aproveitadas antigas salinas localizadas no arco sul atlântico da Península Ibérica, para a engorda do peixe. Nestas salinas, a zona de reserva de água era antigamente designada de “estero” e, tradicionalmente, ao terminar a época do sal, os pescadores apanhavam nesta zona peixes que haviam entrado de maneira natural na exploração. Foi aqui que colocámos tanques de terra optimizados para a produção de peixe”.

A ideia de criar esta marca nasce quando os consumidores locais começam a distinguir as diferenças organolépicas entre o peixe engordado nas antigas salinas e o obtido através de jaulas colocadas no mar. “O objectivo é facilitar a identificação deste pescado com características e qualidades diferenciadas”. É precisamente o sistema de produção (tanque de terra) e o entorno (salinas) que confere ao pescado o “sabor especial. Porque os tanques estão colocados em zonas de influência mareal onde crustáceos, moluscos e pequenos peixes abundam e servem de complemento à dieta”.

Nicho de mercado

Portugal é a grande aposta da Pescado de Estero. Além de ocupar o TOP 3 dos maiores consumidores de peixe do Mundo, está ainda no topo da lista dos países com relações comerciais com Espanha. “É preciso destacar as relações de Portugal com a Andaluzia, onde o sector agro-alimentar ocupa a primeira posição. Algumas empresas andaluzes já exportavam pequenas quantidades para o Algarve e Lisboa”.

Precisamente as localidades que a empresa escolheu, respectivamente, para dar a conhecer a marca no nosso País. Além disso, “trazemos um produto exclusivo e único, da zona sudantlântica da Pensínsula Ibérica. Portugal é um mercado de dimensão média cujos standards de negócio estão a aproximar-se dos mais desenvolvidos da União Europeia. O elevado nível de exigência e competitividade reflectem interesse por produtos inovadores, com qualidade e de marcas reconhecidas”.

Robalo, dourada, linguado e corvina, são as espécies que vão ser introduzidas progressivamente no mercado português. Mas, o robalo e a dourada são os produtos estrela e também as espécies mais produzidas e vendidas. “A nossa oferta contempla douradas e robalos de várias dimensões, que oscilam entre 350g e 1000g, para satisfazer as necessidades de todos os portugueses”. A Pescado de Estero está ainda a “melhorar um produto desenvolvido na Andaluzia que vai ter sucesso em Portugal. Trata-se de um filete de dourada fumada, comercializado inteiro e embalado em vácuo, que não necessita de preparação adicional”, revela o presidente da associação de pescadores.

Retalho e restauração, constituem os canais de distribuição nos quais a marca vai apostar todos os trunfos. “As grandes superfícies comerciais abastecem-se de produto procedente das jaulas existentes no mar (levante espanhol, grego e turco), ou seja, de produtos que satisfazem quem procura pescado mais económico . O nosso produto tem qualidade superior – e geralmente dimensão superior – e dirige-se aos consumidores que estão dispostos a pagar um pouco mais por um produto exclusivo. E é precisamente neste nicho de mercado existente nas grandes superficies que consideramos que o Pescado de Estero deve ser a marca de referência”.

Para dar a conhecer o produto, a marca está a desenvolver acções de promoção em algumas das principais cadeias de distribuição do País.

A Pescado de Estero exporta ainda para Itália e França. Os pescadores da Andaluzia querem no entanto alargar a geografia do plano de expansão e vender para novos mercados, como Bélgica, Alemanha, Noruega, Japão, Escócia, Canadá e Rússia, através da aposta em feiras e missões empresariais “in loco”.

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