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Abertura de centros comerciais com mínimo histórico em Portugal

Por a 15 de Setembro de 2010 as 9:28

O nível de actividade no sector de centros comerciais nacional abrandou de forma drástica em Portugal, avançando a Cushman&Wakefield (C&W) que em 2010 poderá ter sido atingido um “mínimo histórico”, registando-se o valor mais baixo de entrada de nova oferta dos últimos 20 anos, a par com o que se assistiu no ano 2000. “Esta é a resposta do mercado à retracção sentida na procura nos últimos dois anos, que obrigou promotores e investidores a adiar ou mesmo cancelar projectos futuros”, conclui a consultora especializada em serviços imobiliários.

A C&W refere ainda que, depois de em 2009 se ter atingido um novo recorde de aberturas de centros comerciais, o crescimento da oferta no primeiro semestre do ano foi de apenas 0,1%, perto de 20.000 m2 ABL, salientando que nos primeiros seis meses do ano foi inaugurado em Portugal apenas um único centro comercial: o LeiriaShopping, promovido pela Sonae Sierra.

Considerando as áreas de centros comerciais, a retracção da oferta manter-se-á no segundo semestre de 2010, para o qual se espera a entrada no mercado de cerca de 16.000 m2 correspondentes a duas aberturas – o Barreiro Retail Planet, um projecto misto que inclui um retail park e uma pequena galeria comercial, resultado de uma parceria entre a Milligan e a Eiffage; e o Liberdade Street Fashion, promovido pelo Grupo Regojo em Braga numa das melhores localizações do centro da cidade.

A análise da oferta futura retrata a actual situação do mercado, sendo visível uma quebra acentuada da curva de crescimento da oferta de centros comerciais em Portugal para o período 2010-2011. Até ao final de 2011 estão previstos para Portugal cerca de 161.000 m2 de novos centros comerciais, sendo que a grande maioria, cerca de 141.000 m2, tem inauguração prevista para 2011.

“À semelhança de anos anteriores, alguns destes projectos podem vir a ser adiados, atenuando ainda mais o crescimento futuro do mercado, fruto não só de um efeito natural da lei da oferta e da procura, mas também da escassez de financiamento sentida no sector nos últimos dois anos”, comenta Sandra Campos, partner e directora de retalho da Cushman & Wakefield em Portugal.

Esta realidade não se limita contudo a Portugal, concluindo o European Shopping Centre Development, realizado pela Cushman&Wakefield, que o número de aberturas de novos centros comerciais na Europa desce cerca de 50% de ano para ano, tendo decrescido para os valores mais baixos desde 2005.

Somente 2,1 milhões de m2 de centros comerciais foram colocados no mercado no primeiro semestre de 2010 na Europa, com um total de 64 centros comerciais a abrir – representando uma descida de cerca de 50% comparativamente com o período homólogo de 2009, quando se assistiu à abertura de 120 novos centros comerciais.

O estudo revela que está prevista a abertura de mais 3,8 milhões de m2 antes do final deste ano, uma descida de 17% em comparação a 2009, prevendo-se que as conclusões de novos espaços desçam ainda mais em 2011, para cerca de 5,2 milhões de m2, o que representará uma subida de 3,9% em relação ao total previsto para 2010 – a subida mais baixa dos últimos 30 anos.

Considerando o pipeline de centros comerciais para os anos de 2010/11, a Rússia e a Turquia continuam a liderar em projectos de centros comerciais. O maior número de aberturas de centro comerciais, no primeiro semestre, registou-se na Rússia com a abertura de 430.000 m2, 41% dos quais localizados em Moscovo. A abertura em Junho do Vegas Shopping Centre, em Moscovo, com 130.000 m2, foi o maior projecto da Europa a ser concluído no primeiro semestre de 2010.

França e Itália detêm o maior portfólio de novos projectos de centros comerciais na Europa Ocidental. Em França, onde se verificou um forte crescimento na construção de novos espaços nos últimos anos, o enfoque está agora em pequenos centros em cidades secundárias. Em Itália, tem-se registado um nível relativamente estável na promoção, onde os dados para 2010 e 2011 indicam uma descida entre 25 a 30% da média dos 10 anos.

Em termos de percentagem de crescimento, a Europa Central e Oriental continuam a liderar. No primeiro semestre de 2010, a Bulgária registou uma subida de 96%. A Bósnia, Roménia, Sérvia, Eslováquia e Eslovénia verificaram um crescimento de 5 a 10%. Na Europa Ocidental, a Itália e a Alemanha registaram o maior número de espaços novos. Em Itália, abriram seis novos centros comerciais, um acréscimo de cerca de 170.000m2. Na Alemanha, abriram cinco novos centros comerciais e realizaram-se seis expansões/renovações, num total de cerca de 150.000m2.

Sandra Campos conclui que, “apesar dos dois últimos anos terem sido críticos para os promotores, a redução de abertura de novos espaços comerciais, poderá possivelmente criar novas oportunidades de promoção uma vez que a oferta será absorvida rapidamente na retoma, expondo potencialmente o mercado a pressões de crescimento, em alguns casos já no próximo ano”.

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