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Previsões da UE indicam recuperação económica gradual

Por a 7 de Maio de 2010 as 11:26

As previsões da Primavera dos serviços da Comissão confirmam estar em curso a recuperação económica na UE. Após ter sido atingida pela maior recessão da sua história, a economia da UE deverá crescer 1% em 2010 e 1,75% em 2011. Isto implica uma revisão de 0,25 pontos percentuais no sentido da alta para o corrente ano comparativamente às previsões do Outono dos serviços da Comissão, dado que os países da UE beneficiam de uma conjuntura externa mais favorável. No entanto, a fraca procura interna continua a impedir uma recuperação mais vigorosa. O ritmo da recuperação varia entre os Estados-Membros, reflectindo, assim, a situação específica de cada país e as respectivas políticas.

A Comissão informa que “as condições do mercado de trabalho revelaram recentemente alguns sinais de estabilização, estimando-se que a taxa de desemprego se situe a um nível inferior ao previsto anteriormente, embora perto dos 10% na UE. As medidas orçamentais temporárias postas em prática foram determinantes para inverter a tendência da economia da UE, no entanto vieram agravar o défice público que deverá aumentar para 7¼% do PIB em 2010, descendo depois ligeiramente em 2011”.

“A melhoria das perspectivas em termos de crescimento económico para o corrente ano são boas notícias para a Europa. Devemos agora assegurar que o crescimento não seja entravado por riscos relacionados com a estabilidade financeira. O crescimento sustentável exige reformas e esforços de consolidação orçamental firmes que promovam a produtividade e o emprego”, declarou Olli Rehn, Comissário para os assuntos económicos e monetários.

No terceiro trimestre de 2009, a recessão económica chegou ao fim na UE, graças, principalmente, às excepcionais medidas adoptadas no âmbito do Plano de Relançamento da Economia Europeia para fazer face à crise, mas também a outros factores temporários. Para além da retoma inicial, a recuperação está a revelar-se mais gradual do que em anteriores situações de retoma, o que não é surpreendente dada a natureza extraordinária da recente crise. As recessões cíclicas, subsequentes às crises financeiras, tendem a ser mais moderadas do que em outras circunstâncias. À semelhança de outros países desenvolvidos, a UE terá de lidar com a herança da crise durante os próximos tempos.

Embora as perspectivas de crescimento a curto prazo continuem moderadas em geral, está prevista uma ligeira melhoria relativamente às previsões do Outono. Tal resulta de uma retoma mais vigorosa da actividade económica e do comércio a nível global no final do ano e de uma melhoria das perspectivas externas. A economia da UE terá ainda de enfrentar ventos contrários em várias frentes que deverão pesar sobre a procura. O perfil desta recuperação poderá ser afectado, em certa medida, por alguns factores temporários, associados às adversidades climáticas, de carácter cíclico ou determinados pelas políticas adoptadas.

Com o desaparecimento destes efeitos, o crescimento PIB só deverá ganhar terreno de forma mais firme a partir do final de 2010. Esta situação decorre do ainda muito baixo nível de utilização da capacidade, da redução do efeito de alavancagem e de uma aversão ao risco acrescido que trava o investimento, e pela morosidade do crescimento do consumo privado. Este último factor está igualmente limitado pelo fraco crescimento dos salários e do emprego e, em alguns países, pela correcção do mercado imobiliário.

Embora importante, o impacto da crise económica no mercado de trabalho da UE parece ser menor do que o inicialmente previsto, o que se explica pelo recurso a medidas de curto prazo e à retenção da mão-de-obra em alguns Estados-Membros, mas também por reformas anteriores. Começaram a surgir recentemente sinais de estabilização e as perspectivas são agora ligeiramente melhores do que nas previsões do Outono. No entanto, reflectindo o tradicional desfasamento entre a evolução da economia real e do mercado de trabalho, o emprego deverá ainda registar uma contracção de cerca de 1% este ano para só começar aumentar em 2011. Prevê-se que a taxa de desemprego na UE estabilize perto dos 10% – ou seja, meio ponto percentual inferior ao projectado no último Outono, embora a situação varie fortemente entre os Estados-Membros.

A recessão teve grandes repercussões nas finanças públicas. Na sequência do funcionamento dos estabilizadores automáticos e das medidas discricionárias adoptadas para apoiar a economia no âmbito do Plano de Relançamento da Economia Europeia, o défice orçamental triplicou desde 2008. Prevê-se que atinja o seu máximo este ano na UE (7¼% do PIB) e melhore ligeiramente em 2011 (para cerca de 6½%). Esta evolução resulta do abandono das medidas temporárias de apoio e da retoma da actividade. O rácio da dívida deverá manter-se numa trajectória ascendente. A elevada dívida pública e, em média, crescente é a consequência mais prolongada da crise, continuando a afectar a economia para além do actual horizonte das previsões.

A inflação dos preços no consumidor regista uma ligeira subida comparativamente aos níveis muito baixos registados no ano passado. Contudo, a persistente estagnação da economia deverá conter tanto a subida dos salários como a inflação, compensando assim parcialmente um eventual aumento dos preços dos produtos de base e, no que respeita à área do euro, uma moeda mais fraca. A inflação aferida pelo IHPC deverá atingir uma média 1¾% na UE este ano e no próximo (e 1½% e 1¾%, respectivamente, na área do euro).

A recuperação económica da UE continua rodeada de grandes incertezas, patente, por exemplo, nas recentes tensões observadas nos mercados de obrigações do Estado. As previsões estão igualmente sujeitas a incertezas, com riscos amplamente equilibrados. Dado que a economia está a emergir de uma recessão e de uma crise financeira, a recuperação depende crucialmente da robustez dos mercados financeiros, que ainda deve ser solidamente restabelecida. Além disso, um novo agravamento dos desequilíbrios globais poderia afectar as perspectivas europeias de crescimento.

Apesar dos indícios de estabilização, a situação no mercado de trabalho continua frágil. Os desenvolvimentos neste sector serão determinantes para o processo de recuperação na UE e poderiam constituir uma potencial fonte de riscos tanto no sentido da alta como da baixa, em função, igualmente, da eficácia das medidas políticas adoptadas. Por outro lado, a retoma dos mercados emergentes e a concomitante recuperação do comércio poderiam promover ainda mais a economia da UE comparativamente às previsões actuais. O recente recrudescimento da confiança (especialmente no sector da transformação) aponta para a possibilidade de uma evolução mais favorável do que o previsto a curto prazo.

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