Emprego & Formação Opinião

A integração de jovens talentos – Nova tendências do mercado de trabalho

Por a 15 de Abril de 2010 as 11:01

O mercado de trabalho português tem, há muito, uma oferta de profissionais qualificados muito superior à sua real necessidade de procura. Na génese desta questão, podemos destacar vários factores de revelo.

Um deles é a democratização e generalização do ensino superior nas últimas duas décadas, que possibilitou o acesso massificado a este tipo de ensino, durante muitos anos mais apelativo que a formação técnico-profissional. A própria reestruturação do ensino, com a entrada em vigor do Tratado de Bolonha, veio diminuir e flexibilizar o formato das Licenciaturas. Teve, no entanto, um impacto negativo ao retirar, em muitos casos, a componente de estágio curricular que permitia um primeiro contacto dos recém-licenciados com o mercado de trabalho. Este contacto era essencial para os jovens adequarem as suas expectativas e aplicarem no terreno, pela primeira vez, o conhecimento teórico gerado ao longo dos anos de curso.

Para contrariar esta tendência, os sucessivos governos do Estado português têm vindo a criar uma série de medidas para contrariar o problema estrutural de absorção de jovens profissionais pelo mercado de trabalho. Falamos de medidas como o Estágio Profissional e os benefícios fiscais concedidos a empresas que promovam a empregabilidade de jovens licenciados. Esta medida tem-se revelado parcialmente eficaz, pois existem inúmeros exemplos de boas práticas pelas empresas, mas existem igualmente situações em que estes benefícios são utilizados de forma inadequada, contribuindo para o perpetuar de problemas.

Novas Tendências

Com as mudanças do panorama económico global, cada vez mais imediato e fugaz, as empresas têm vindo a alterar paradigmas na sua gestão de Recursos Humanos. Nos últimos anos, temos vindo a verificar que as empresas não estão apenas preocupadas com a retenção de talento, mas que apostam cada vez mais na criação de mecanismos que rapidamente o possam identificar e atrair.

Falamos sobretudo de grupos multinacionais ou de empresas nacionais de grande dimensão. Estas possuem os recursos para colocar em prática ideias simples, mas eficazes, que permitam seleccionar, no meio dos inúmeros jovens recém-licenciados, quadros que possam vir a representar a continuidade e futuro das suas estruturas. Estes jovens de levado potencial podem vir a ascender a elevados patamares de excelência profissional, não só pela sua formação de base, mas pelo conjunto global de competências profissionais e de personalidade que podem se trabalhadas e aprimoradas.

O mapeamento de talento assume contornos diversos. Vemos nas nossas universidades semanas abertas, onde as empresas são convidadas a apresentar o seu core business, estrutura e estratégia e onde têm oportunidade de falar e avaliar talento num primeiro e breve contacto.

Temos também o exemplo das cada vez mais frequentes feiras de emprego universitárias, muitas vezes promovidas por grupos empresariais, que tentam, em alturas do ano estratégicas, identificar e recrutar profissionais em fim de curso.

Um outro exemplo mais recente é a formação de Academias Empresariais, onde é seleccionado anualmente um grupo abrangente de jovens de formação diversa para receber formação técnica e comportamental. Simultaneamente, podem iniciar o seu percurso no mundo do trabalho, através da atribuição de assignments específicos que permitam avaliar o seu potencial real. No final destas academias, avalia-se a evolução de cada um destes jovens, a sua adaptação e assimilação ao DNA corporativo e respectivo potencial de progressão a curto, médio e longo prazo. Os melhores são imediatamente retidos. Os restantes, levam na bagagem uma experiência que, em muitos casos, já é significativa e com valor prático no mercado de trabalho.

Além de inovadoras, estas políticas são iniciativas resultantes do engenho e criatividade de diversas empresas e universidades que se associam, tentando criar soluções que complementem as políticas já existentes de inserção de jovens no mercado de trabalho. Estas medidas resultam em projectos de elevado valor acrescentado, que representam um ganho imediato para todas as partes envolvidas. E ajudam a minimizar um problema que ultrapassa o foro laboral e que começa a assumir contornos sociais inegáveis.

Carlos Maia, Manager – Porto HAYS Recruiting experts worldwide, [email protected]

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