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As implicações do aumento do IVA em Espanha

Por a 6 de Abril de 2010 as 13:50

O gigantes do grande consumo em Espanha já tomaram uma decisão, segundo avança o jornal Expansión: não haverá redução de preços face à iminente subida do IVA decretada pelo Governo de Zapatero. Os grandes fabricantes como Danone, Gallina Blanca ou Procter&Gamble (P&G) não estão dispostos a baixar os preços aos seus clientes (distribuição) para que o novo imposto tenha um efeito neutro sobre os consumidores.

Assim, avança o diário espanhol, serão as cadeias de distribuição a assumir os esforço, de resto, como já haviam adiantado nalguns casos, pretendendo, desta forma que a cesta de compra não encareça.

Até há data, somente Carrefour, Mercadone e DinaSol revelaram as suas intenções, enquanto rivais como o El Corte Inglés, Alcampo, Dia ou Eroski reconhecem que não definiram o modo de actuação.

O director-geral do Carrefour, Noël Prioux, anunciou que, como critério geral, não repercutirá o incremento do IVA, referindo, contudo, que, nalguns produtos, “a margem que possuímos é tão reduzida que, se não a repercutirmos, entremos em perdas”.

Do lado da Mercadona, Juan Roig, assinalou ao Expansión que a cadeia assumirá a subida do IVA “somente se conseguirmos novas reduções de custos”, enquanto o responsável da DinaSol, Javier Pérez de Leza, referiu estar a trabalhar com os fornecedores para não repercutir o IVA.

Os analistas do sector admitem, no entanto, que, depois da guerra de preços registados nos últimos anos, as margens da distribuição são tão reduzidas que os esforços para não transferir a subida do IVA para o preço final a pagar pelo consumidor serão muito difíceis e limitados.

Na Euromadi, maior central de compras espanhola, com vendas superiores a 13 mil milhões de euros em 2009, assegura-se que as empresas não poderão absorver uma subida de impostos, admitindo o seu presidente, Jaume Rodríguez, que “o sector trabalha com margens de 1,5 e 2%, não permitindo a absorção do aumento do IVA”.

Do lado dos fabricantes, prevê-se que a grande distribuição exija manter os preços, admitindo os analistas que as grandes companhias, com maior poder de negociação, deverão ser capazes de transferir a subida do imposto para a distribuição, enquanto os fabricantes com menor força ver-se-ão obrigados a aceitar uma baixa do preço para evitar o impacto do IVA.

“As tarifas estão acordadas para todo o ano de 2010: aplicaremos o novo IVA às unidades já acordadas. Não vamos renegociar os preços a partir de Julho”, assegurou fonte da Danone ao Expansión.

Do lado da P&G, Carlos Matos, director-geral da companhia, avisou que “não vamos misturar os impostos com as margens dos nossos produtos. Não decidimos o preço final, mas sim a margem com que vendemos à grande distribuição. A fiscalidade está fora do nosso controlo”.

Na Federação Espanhola de Indústrias Alimentares e Bebidas (FIAB), embora a subida do IVA ainda não tenha sido abordada formalmente, a impressão que existe é que o aumento do imposto não será repercutido no consumo interno.

A realidade espanhola com a subida do IVA
A partir do próximo dia 1 de Julho, o IVA aumenta 2% em Espanha, passando de 16 para 18% nos produtos gerais.

Previsões
O Governo de Zapatero confia que o comércio não repercutirá o impacto da subida do IVA nos preços e o transferia exclusivamente para os custos.

Distribuição Moderna
O Carrefour já definiu a sua posição ao anunciar que não subirá os preços com o aumento do IVA, excepto nos produtos com margens muita reduzidas. Os outros retalhistas ainda não se pronunciaram

Centrais de compras
Euromadi, a maior central de compras espanhola, aumentará o preço dos produtos com a entrada em vigor do novo IVA

Fabricantes
As grandes companhias fabricantes avisaram que não admitirão uma baixa dos preços acordados com a distribuição, embora as empresas com menor poder de negociação sejam obrigadas a aceitar novos acordos

Comércio
O pequeno comércio afirma que é obrigado a manter os preços para ser competitivo, o que prejudica as margens. Por isso, a Confederação Espanhola do Comércio pediu ao Governo para não actualizar o IVA

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