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CCP responde à Sonae

Por a 19 de Março de 2010 as 15:27

Na sequência das declarações de Paulo Azevedo, CEO da Sonae, publicadas em vários órgãos de comunicação social, em que defendia que “a abertura das grandes superfícies ao domingo permitiria à Sonae criar dois mil postos de trabalho nos hipers Continente”, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) emitiu um comunicado em que admite que o alargamento dos horários aos domingos e feriados à tarde “não irá traduzir-se em novas contratações de pessoal, mas apenas numa nova gestão dos recursos humanos com transferência de pessoal de períodos com menor fluxo de clientes para os novos horários de abertura”.

A comprovar esta realidade, diz a CCP, “está o facto do emprego no sector do comércio estar praticamente nos níveis do ano 2000 (751 mil empregos no 4.º trimestre de 2000 e 753 mil em idêntico trimestre de 2009), não obstante terem sido licenciados mais de dois milhões de m2 de grandes unidades”.

A CCP considera que, “contrariamente ao que se pretende fazer querer”, não é pela liberalização dos horários, em particular para as grandes superfícies, que se cria “mais emprego ou se aumenta o consumo”. Em contrapartida, a CCP admite que “a destruição das médias e pequenas empresas do comércio, espinha dorsal do sector e da economia nacional, leva ao aumento do desemprego, acelera a desertificação dos centros das cidades e cria dificuldades ao turismo”.

Fazendo um paralelismo com o que acontece na generalidade dos países europeus e de acordo com um estudo recentemente realizado pela CCP (Fevereiro de 2010), “mantém-se a tendência de encerramento ao domingo, não obstante os mesmos disporem de um menor período de funcionamento do que o verificado em Portugal, nos restantes dias da semana”.

De referir que na apresentação dos resultados da Sonae, Paulo Azevedo admitira mesmo que “há uma grande confusão em Portugal de que grandes superfícies é igual a grandes cadeias”, salientando que “não é uma questão entre os pequenos e os grandes, porque a maior parte dos grandes estão abertos. É uma questão que não tem justificação nenhuma a não ser que ninguém resolve”.

Paulo Azevedo fez ainda as contas e, em termos de vendas, o Continente opera “menos uma tarde e uma noite que a concorrência”, admitindo mesmo que “não é rentável abrir hipermercados por poucas horas ao domingo. Nós fazemo-lo por serviço aos nossos clientes e para não perder mais vendas em relação aos nossos concorrentes, mas os hipermercados são máquinas grandes é preciso abrir todo o backoffice, padarias, talhos e preparar toda a loja, o que não é rentável para estar aberto poucas horas”.

Recordando ainda o que já fora demonstrado por um relatório do Observatório do Comércio, “o encerramento das grandes superfícies ao domingo à tarde não tem nada a ver com os pequenos comerciantes”, o CEO da Sonae concluiu que “todos os anos no mês de Janeiro quase 2.000 pessoas deixam de trabalhar na Sonae e depois retomam no ano seguinte, na época do Natal [período em que os hipermercados podem abrir aos feriados e domingos à tarde]. Essas 2.000 pessoas teriam, com certeza, lugar na Sonae”.

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