Distribuição

Augusto Mateus: ‘Consumidor vai perceber que há um limite para os seus benefícios’

Por a 4 de Dezembro de 2009 as 2:00

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“O próximo ano será um pouco do mesmo de 2009”, adivinha Augusto Mateus, ex-ministro da economia e actualmente presidente da Augusto Mateus e Associados.

Na conferência “Consumidor: Comportamentos e Atitudes”, organizada em parceria pelo jornal Hipersuper e IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing), o ex-ministro da economia tentou, a partir da sua experiência de governação, traçar o comportamento do consumidor – e do mercado – em 2010.

“O próximo ano será marcado pelo fim da descida das taxas de juro e também da tranquilidade dos preços baixos. À medida que a economia começa a crescer os preços aumentam”, profetiza o também professor catedrático do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão).

Mas isso não significa que os portugueses vão voltar aos consumos desmesurados.

“Os consumidores vão continuar a privilegiar a segurança, ou seja a poupança. Porque não é possível traçar cenários perante a incerteza. Além disso, as reformas diminuíram em Portugal e ao investir na reforma o consumidor acaba por desinvestir no consumo”.

Assim, o consumidor será mais cuidadoso nas despesas e reduzirá as compras acessórias. A compra de bens duradouros vai ser fruto de maior ponderação, aumentando o ciclo de substituição dos produtos, refere.

As empresas que trabalham o segmento “low cost” vão optar por uma de duas estratégias, explica ainda o professor.

“Ou baseiam a redução do preço dos produtos em melhorias de eficiência”, a melhor opção para a economia, sublinha, “ou optam por reforçar o “low cost” numa lógica restrita de remuneração dos factores produtivos, ou seja para cortar 10% nos preços cortam 10% no emprego”.

Esta última opção pode constituir um problema, avisa Augusto Mateus. “Vai chegar a altura em que o consumidor vai perceber que há um limite para os seus benefícios. Ou seja, se para obter reduções de preço nos produtos vai perder poder de compra (despedimentos) então prefere não usufruir esses descontos”.

“Triunfarão as empresas que mais depressa perceberem o que mudou e que ofereçam ao consumidor aquilo que quer actualmente”, remata o professor.

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