‘As marcas da distribuição não são brancas mas sim coloridas’
“As marcas de fabricante não vão desaparecer. O consumidor integra nas suas decisões de compra muito mais variáveis do que o preço”.
A frase saiu da boca de Carlos Liz, director-geral da Apeme, especialista em estudos de mercado, durante a conferência “Consumidor Comportamentos e Atitudes”, que teve lugar ontem nas instalações do IPAM, organizada em parceria pelo Jornal Hipersuper e o Instituto Português de Administração e Marketing.
As marcas de fabricante “são essenciais para mercados saudáveis e sociedades felizes”.
Por outro lado, “as marcas da distribuição não são brancas mas sim coloridas. “São criativas muitas vezes aprendendo com a gramática das marcas do produtor”.
E o mercado tem espaço para as duas. “Não obriguem os consumidores a escolher as marcas de fabricante ou as do distribuidor, mas sim entre umas e outras”.
José António Rousseau, director-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição, que em conjunto com Carlos Liz e Augusto Mateus, ex-ministro da economia, debateram, em mesa redonda, “o futuro do consumidor”, vai mais longe na análise e deixa um recado aos produtores.
“Já há segmentação nas marcas próprias do distribuidor. Os retalhistas inovam, lançam produtos únicos e até já têm produtos gourmet. Os produtores estão actualmente a concorrer com os lançamentos da distribuição e estes não são uma moda passageira. Esta dinâmica veio para ficar”.
O professor catedrático do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) também acredita que “vamos viver bem com ambas as marcas”, embora as do distribuidor tenham uma vantagem, assegura.
“O consumidor está à espera que o retalhista, que lhe trouxe já várias soluções boas, traga a caderneta toda”. Ou seja, o consumidor não só está atento ao trabalho da distribuição como está à espera de soluções inovadoras.
Augusto Mateus chama ainda a atenção para o facto de o consumidor estar a transformar marcas em não marcas. Ou seja, o consumidor está a lavar para casa, por exemplo, “pó para lavar a roupa e não uma marca”.
“O consumidor está a matar as marcas cujos produtos na sua substância não são diferenciados”.