Distribuição

CNR vira-se para marcas líderes

Por a 3 de Dezembro de 2009 as 5:20

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A Central Nacional Retalhista abandonou o comércio de marca própria e reforçou a aposta nas marcas líderes. A central de compras negoceia para 180 comerciantes que facturam 300 milhões de euros.

A figura de proa da nova estratégia da Central Nacional Retalhista (CNR) são as marcas de fabricante. Apesar de o desempenho das marcas brancas da distribuição moderna registarem mais vitalidade do que nunca (cresceram 7% no primeiro semestre do ano, segundo a TNS), a central de compras decidiu apostar tudo nas marcas líderes e desistir do comércio de marca própria. “O projecto não correu bem por vicissitudes várias, como é exemplo a falta de empenho dos associados, e decidimos centrar a actividade nas principais marcas”, explicou ao Hipersuper Sandra Santos, administradora da CNR, acrescentando que se trata de uma “estratégia de diferenciação”.

A CNR nasceu em 1994, da fusão de três pequenas centrais de compras – Censul, Interdisgal e Asnor. A missão da Central, que assinala este mês o 15ª aniversário, é intermediar as relações negociais entre o fornecedor e o retalhista. Actualmente, conta com 180 associados que operam em 300 lojas espalhadas pelo País e representam um volume de negócios de 300 milhões de euros.

Os associados da CNR estão, no entanto, mais concentrados no Norte do País “porque em 2006 perdemos o grupo Marrachinho, entretanto adquirido pelo Intermarché, que tinha grande expressão a Sul”. Os estabelecimentos têm em média 300 metros quadrados de área comercial.

Preços competitivos
Negociar contratos com bons preços para o fornecimento de uma loja com 300 metros quadrados não é tarefa fácil, explica Adérito Vicente, responsável pela área comercial da CNR. “Negociar para 300 unidades comerciais traz vantagens, sobretudo em preço, que não se conseguem isoladamente”. Por exemplo, no folheto promocional concebido para assinalar o aniversário, válido entre 23 de Outubro e 8 de Novembro, os associados da CNR disponibilizam dois produtos (seleccionados aleatoriamente para a análise do Hipersuper) com o mesmo preço praticado no site do Continente, da Sonae Distribuição, a 29 de Outubro. São estes o Leite com Chocolate Gresso (200ml) a €0,27 e o Mimosa Bem Especial Cálcio Meio Gordo 1L a €0,79.

E é preciso conseguir preços competitivos para estes retalhistas que operam em supermercados “de proximidade, para conseguirem sobreviver num mercado tão agressivo. A maior parte das vezes, estão rodeados por várias lojas de insígnias da Moderna Distribuição”, completa Sandra Santos. “Há muito desanimo e desalento entre os nossos associados. O desemprego e a falta de poder de compra levam muitos retalhistas à falência. Nos últimos seis meses pelo menos seis fecharam portas”.

Concorrência espanhola
Além de poupar tempo aos associados, “já que perdiam muitas horas a negociar individualmente com cada fornecedor ou a deslocar-se até um cash&carry para adquirir a mercadoria”, a central de compras presta outros serviços. “Fazemos folhetos promocionais com campanhas mensais para serem distribuídos no ponto de venda ou através de e-mail e prestamos consultoria em nova legislação”.

Os fornecedores também encontram vantagens nas centrais de compra porque, “através de uma única negociação conseguem colocar o seu produto a preços idênticos de Norte a Sul do País”, explica Adérito Vicente.

Além de desistir do projecto de marca própria, a CNR optou ainda por encerrar os dois armazéns. “O armazém é mais uma forma de o produto ficar parado e encarecer”, assegura o responsável pela área comercial da central de compras. “O produto encarece cerca de 5% e é o consumidor que está a pagar a inflação”

Desta forma, trabalha apenas com fornecedores que têm capacidade logística para efectuar entregas directas. Esta estratégia limita a mercadoria que pode abastecer e assim centrou o negócio na área dos lacticínios, congelados, bazar, bebidas e charcutaria.

Começam a surgir oportunidades de negócio muito competitivas com fornecedores espanhóis localizados na Galiza e com capacidade logística para distribuir em Portugal. “Além de ser mais agressiva em preço, a oferta é mais completa e variada, sobretudo nos segmentos ligth, dietéticos, biológicos, todos em crescimento”, remata Adérito Vicente.

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