50% da distribuição ibérica pertence a 10 empresas
De acordo com uma análise efectuada pela consultora DBK, a facturação do retalho alimentar ibérico (hipermercados, supermercados e cash&carry) superou os 105 mil milhões de euros, em 2008, correspondendo a uma subida de 4% face ao ano de 2007.
Destes 105 mil milhões de euros, o mercado ibérico foi responsável por 86% do volume de negócios, enquanto as lojas em Portugal foram responsáveis pelos restantes 14% (ver retalho-alimentar-iberico-em-2008.xls).
Segundo o relatório da DBK, “o aumento do desemprego e a diminuição do rendimento disponível dos consumidores motivaram o início de uma tendência de quebra no mercado ibérico do retalho alimentar nos últimos meses de 2008. Esta quebra foi acompanhada por um aumento da concorrência em preço e de uma maior orientação dos consumidores para o consumo de marcas próprias da distribuição, bem como para os formatos discount”.
Quanto ao volume de negócios gerados em ambos os lados da fronteira, em Portugal a facturação do retalho alimentar aumentou 5% – taxa semelhante à de 2007 face a 2006 -, totalizando 14,530 mil milhões de euros.
Já Espanha registou um aumento de 3,8% face ao exercício de 2007, dois pontos menos que no ano anterior, totalizando 90,875 mil milhões de euros.
Por formatos, a DBK salienta que os hipermercados registaram novamente uma perda de quota no mercado ibérico do retalho alimentar, em 2008, muito devido à maior orientação dos consumidores para os estabelecimentos de proximidade e dos formatos discount. As receitas destes formatos em Portugal e Espanha aumentaram 2,6% no último ano, diz a DBK, totalizando 25,8 mil milhões de euros.
No que diz respeito ao segmento dos supermercados e auto-serviços, estes formatos registaram um maior dinamismo, tendo aumentado as receitas em 4,4% no ano passado face a 2007. Este crescimento fez com que as receitas destes formatos totalizassem 79,605 mil milhões de euros, incluindo estabelecimentos discount e cash&carry, ou seja, mais de ¾ do total do mercado ibérico.
Em termos de estrutura de oferta, a consultora refere que, no final de 2008, foram identificados 562 hipermercados (+20 que em 2007), dos quais 485 localizados em Espanha e os restantes 77 em Portugal. A superfície destes estabelecimentos aumentou 3%, superando já os 4 milhões de metros quadrados.
Já o formato supermercados e auto-serviços aumentou em 1,7% face ao ano anterior, tendo alcançado 33.550 estabelecimentos, contabilizando-se 4.425 unidades em Portugal (+5,4%) e 29.125 em Espanha (+1,1%).
Quanto aos operadores a actuar em ambos os mercados, a DBK refere que os cinco primeiros players são responsáveis por 38% do valor do mercado ibérico, em 2008. enquanto os dez primeiros alcançaram mais de metade desse mesmo mercado. “Regista-se um crescente aumento da concentração da oferta, verificando-se a existência, nos últimos meses, de diversas operações de compra e fusão entre empresas”, salienta a consultora.
Em relação às perspectivas futuras, e num contexto de incerteza face à recuperação económica e previsões desfavoráveis quanto ao emprego, a DBK aponta para “uma intensificação da tendência de quebra iniciada na segunda metade de 2008 no mercado ibérico de retalho alimentar”.
Para Portugal, a DBK avança com uma quebra de 1% em 2009, enquanto Espanha deverá cair entre 4 e 5%, totalizando as receitas do mercado ibérico de retalho alimentar 101 mil milhões de euros no final do actual exercício.
Já para 2010, as previsões apontam para uma ligeira recuperação.