ABC do comércio

Saem todos os anos 120 alunos diplomados da Escola de Comércio de Lisboa (ECL). Mas a procura ainda é superior à oferta, lamenta Piedade Pereira, directora da ECL.

Uma dezena de alunos agitados aguarda impacientemente no vestíbulo da Escola de Comércio de Lisboa (ECL) a sua vez de entrar no grande salão mesmo em frente à porta principal. É a sala de conferências e está completamente lotada, de tal forma que todos dão um jeitinho na plateia de forma a conseguir mais uns centímetros de espaço para colocar mais cadeiras, emprestadas de outros recintos do edifício. No palco, a azáfama também surpreende. O orador convidado e os funcionários acertam os últimos pormenores técnicos da apresentação.

É assim todas as quintas-feiras na ECL, revela Piedade Pereira, directora da instituição. O testemunho de profissionais e empresários de diversas áreas de actividade é fundamental para dar a conhecer aos alunos em formação as potencialidades e “polivalência” que o sector do comércio pode oferecer no percurso profissional, explica a responsável pelos destinos da escola de formação profissional há quinze anos.

“O número de jovens diplomados é ainda diminuto face às necessidades do comércio. Os alunos ainda não perceberam que o sector oferece imensas oportunidades de emprego e progressão na carreira. Continuam a pensar que vão trabalhar atrás de um balcão. Mas esse conceito já não existe, desde de que tenham formação”.

Todos os anos, 120 alunos concluem o curso, um número insuficiente para as solicitações de alunos formados nesta área que a instituição recebe.

Apesar de o ensino profissional ter um grande peso no volume de negócios da ECL, a sua área de actuação não se confina à formação de quadros intermédios. Opera em mais duas áreas de negócio: a formação para empresas e a consultoria na área do comércio, sobretudo concepção e implementação de projectos de visual merchandising.

“As empresas procuram muito formação em atendimento, liderança e exposição de produtos. Depois de conhecer as necessidades, elaboramos um plano formativo. Actualmente, estamos trabalhar com a ANA Aeroportos e o Grupo Entreposto mas já formámos funcionários do Freeport, da Robbialac e de muitas outras empresas”.

Organização de eventos
Para ingressar na escola é essencial ter o 9º. ano de escolaridade. A duração do curso é de três anos e a formação dá equivalência à conclusão do ensino secundário, com possibilidade de integrar o ensino superior. A média de idades dos alunos é 17 anos.

A oferta formativa abrange cursos de comércio (focado no ponto de venda), vendas (gerir carteira de clientes), marketing, vitrinismo, comércio electrónico, informática de gestão (comércio electrónico) e organização de eventos. Há uma novidade no inicio do próximo ano lectivo: o design gráfico. “No vitrinismo o design é um aspecto muito forte”, justifica Piedade Pereira.

O curso com mais saída actualmente é o de organização de eventos. “Porque é a grande novidade e hoje em dia as empresas procuram cada vez mais diferenciarem-se da concorrência através da aposta nesta área de negócio”.

A formação tem três componentes: sócio-cultural e cientifica, cujas bases são praticamente iguais em todos os cursos, e a técnica, que muda consoante a especificidade de cada curso.

Os estágios profissionais totalizam 720 horas que são repartidas pelos três anos, porque “este vai e vem entre a escola e a empresa é fundamental para a progressão das aprendizagens”. Em cada ano, há seis semanas de estágio.

Além disso, é da responsabilidade dos alunos definir a empresa onde querem trabalhar. “Para criar competências na procura do primeiro emprego”.

Actualmente, cerca de 1/3 dos alunos estão em estágio no estrangeiro.

A ECL orgulha-se de ter alunos a trabalhar em grandes empresas produtoras portuguesas, como a Unicer ou a Delta, mas não só. “O nosso aluno Pedro Guerra é considerado o número 1 em vendas na Ford em Portugal”, conclui.