Distribuição

A era do supermercado

Por a 29 de Maio de 2009 as 5:48

 retalho.jpg

São os mais pessimistas da Europa mas os consumidores portugueses continuam
a encher a despensa de alimentos e outros bens de consumo.

À pergunta ‘como classifica o estado das suas finanças pessoais nos próximos 12 meses’ um total de 54% dos portugueses responde “insuficiente”. À pergunta ‘como classifica as perspectivas de emprego no seu país nos próximos 12 meses’, 48% responde “insuficiente”. E à pergunta ‘quais as maiores preocupações nos próximos seis meses?’, 25% responde “o aumento das despesas”, 23% “a economia” e 21% “as dividas”.

Uma análise precipitada das principais conclusões do estudo Global Consumer Confidence Survey, divulgado pela consultora Nielsen, por ocasião do seminário organizado pela ADIPA (Associação dos Distribuidores de Produtos Alimentares), subordinado ao tema “A Conjuntura Económica Actual e a Dinâmica do Sector da Distribuição Grossista Alimentar”, que teve lugar na Alimentaria Lisboa, indicia que os portugueses estão a consumir menos. Mas, a ilação é incorrecta, pelo menos no que diz respeito ao consumo no retalho alimentar.

“Apesar do quadro negro traçado pelos portugueses, o retalho nacional continua a apresentar crescimentos em volume, ao contrário da Europa”, explica António de Almeida, director-geral da Nielsen Portugal.

Em 2008, a venda a retalho de bens alimentares aumentou 7,8% (volume+valor) face ao ano homólogo. “Portugal, retirando a Polónia desta análise, apresenta o maior crescimento em volume da Europa, embora o preço não aumente muito face à media europeia”.

No mesmo período, a facturação total de lojas alimentares (19,9 mil) alcançou 12.800 milhões de euros, contra 10.900 em 2005, segundo as previsões da consultora.

Os formatos tradicionais “conseguem manter a facturação [1.600 milhões de euros] com menos lojas”. O comércio tradicional, que operava com 40 mil estabelecimentos há 20 anos, hoje está reduzido a 20 mil. “Nos últimos três anos, o retalho tradicional perdeu quota de mercado para o livre-serviço, cujas lojas já facturam mais do que as mercearias”.

Por outro lado, se há dois anos o discount era o formato mais dinâmico, “actualmente é o supermercado. Este formato pesa 40%. O discount pesa 17% e continua a apresentar crescimentos, embora mais modestos. Os hipers pesam cerca de 32%. Entre 1987 a 2008, o retalho registou três lideranças: o comércio tradicional, o hiper em 1995 e agora o super”.

Canal grossista
A facturação dos cash&carry tem vindo a cair desde 2003 e alcançou em 2008, segundo as estimativas da Nielsen, um volume de negócios de 2.150 milhões de euros, menos 3% face ao ano anterior, com 153 lojas. (ver gráfico 3) “Como o mercado tradicional está esgotado, e a restauração a decrescer (ver gráfico 2) precisam-se alternativas. A aposta na exportação e no livre serviço, formato que está a crescer, pode ser uma saída”, sugere António de Almeida.

Entre as categorias que mais crescem no canal grossista, destacam-se as massas (+27%) e os óleos (24%). Fraldas para bebé, arroz, lâmpadas, bacalhau, chocolate e café também registam crescimentos de duplo digito. Entre os segmentos que registam quedas nas vendas, saltam à vista os refrigerantes, o leite e a água.

As categorias que lideram as vendas em cash&carry são os legumes secos, com uma quota de mercado de 47% em volume, as sobremesas em pó, com 42%, e as marmeladas, com 41,5%.

“É preciso apostar em mais categorias como os lacticínios, congelados e confeitaria”.

Em 2006, a quota de mercado das marcas próprias neste canal registou 8,6% em valor, em 2008 foi de 9%. “A marca própria é mais uma oportunidade a explorar”.

Perante consumidores que estão a alterar as suas necessidades, “estamos mais velhos, queremos sentir-nos bem e temos menos dinheiro”, como devem actuar os comerciantes? “Apostar em promoções e baixo preço, (as famílias vão procurar o mesmo por menos dinheiro), favorecer quem mais gasta de forma a manter o valor total gasto e apostar na inovação e no serviço, para fidelizar os consumidores”, aconselha o director-geral da Nielsen.


Cinco categorias lideram crescimento em 2008

  • ICE TEA (+27%)
  • VINHO CORRENTE (+20%)
  • PEIXE CONGELADO (+20%)
  • AMACIADOR DE ROUPA (+15%)
  • PÃO EMBALADO (+14%)

Quota MMD por formato

As marcas próprias têm 26,7% do mercado

  • HIPER = 17,6%
  • SUPER GRANDE = 25%
  • SUPER PEQUENO (-2.000 m2) = 38%

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *