Distribuição

JM vende mais 29% e investe 300 milhões em 2009

Por a 9 de Março de 2009 as 2:00

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“Morremos na praia”. Foi assim que Alexandre Soares dos Santos, Chairman do grupo Jerónimo Martins (JM), se referiu aos resultados do retalhista relativamente ao ano 2008.

Dito assim, dá a sensação que os resultados da JM foram negativos. Bem pelo contrário. O grupo de retalho português obteve um crescimento de 28,9% nas vendas, totalizando 6,893 mil milhões de euros, levando Soares dos Santos a admitir na conferência de imprensa que o “morrer na praia” se deve unicamente “por não termos chegado aos 7 mil milhões de euros de vendas”, objectivo que nunca fora anunciado, mas que internamente os responsáveis da JM julgaram ser possível atingir no final do exercício passado, mas que teve “na desvalorização da moeda polaca (Zloty) a principal razão para não ser atingido”.

No que toca aos lucros, o crescimento foi de 24,3%, ascendendo aos 163,2 milhões de euros, tendo o EBITDA aumentado 34,6% para 473 milhões de euros (ver gráfico em Resultados Jerónimo Martins 2008).

De resto, Alexandre Soares dos Santos admitiu que o “ano de 2008 foi muito bom, tendo em conta a conjuntura económico-financeira nacional e internacional”, adiantando ser “gratificante registar que as estratégias traçadas foram as correctas e que a Jerónimo Martins tem sabido preparar-se para estes tempos difíceis”.

Tendo investido 874,2 milhões de euros durante o ano de 2008, com a aquisição do Plus em Portugal e na Polónia e respectiva conversão das lojas, as contas da JM indicam que 78,4% do valor destinou-se à abertura de novas lojas – mais 403 que em 2007 – repartindo-se este montante entre os 58,2% na Polónia e 41,8% em território nacional.

De resto, a aquisição das operações da Plus permitiram à JM aumentar em 77 o número de lojas em Portugal, admitindo mais 785 funcionários e juntar mais 61.000 m2 à área de venda. Já na Polónia, a operação permitiu à JM crescer em 205 lojas, aumentando o número de colaboradores em mais 1.501 e juntar mais 146.000 m2 de área de venda.

No total, a Jerónimo Martins terminou o exercício de 2008 com 1.752 lojas, das quais 1.359 estão localizadas na Polónia sob a insígnia Biedronka, salientando Soares dos Santos que este número é “superior ao total de lojas de toda a concorrência directa”. Em território nacional, a JM terminou o ano com 347 Pingo Doce, 9 Feira Nova e 37 Recheio, correspondendo, no total do grupo, mais de 1,3 milhões de m2 de área de venda.

Soares dos Santos disse mesmo que “os números, por vezes podem enganar, mas o facto é que o Pingo Doce é líder nos supermercados em Portugal, o Recheio é líder, tendo ultrapassado já a Makro e na Polónia somos líderes absolutos”.

Assente em três pilares, a estratégia da JM “não é muito complicada”, de acordo com Luís Palha, presidente executivo do grupo, “baseando-se na expansão, reforço da competitividade e solidez do balanço”. Além disso, referiu Palha, “a agressividade do plano de expansão, os preços competitivos e a aposta na inovação têm como resultado um aumento das vendas”.

Inovação foi, aliás, um dos pontos-chave para o aumento das vendas da JM, admitindo Luís Palha que a marca própria “teve um papel significativo”. Tendo (re)lançado 374 referências em Portugal e 517 na Polónia, o presidente executivo da JM salientou que “o desenvolvimento da marca própria é a prova da aceitação por parte do consumidor”.

Os número revelados mostra que a marca própria já é responsável por 57% das vendas totais na Biedronka e cerca de 30% em Portugal, possuindo maior peso na insígnia Pingo Doce (+ de 30%) do que no Feira Nova (cerca de 15%) e Recheio (10%).

Luís Palha referiu mesmo que “os investimentos feitos na marca própria são feitos com o nosso próprio nome, não se tratando de uma marca branca qualquer”.

Quanto às perspectivas para 2009, Alexandre Soares dos Santos adiantou que “não vale a pena ser optimista, nem pessimista, mas sim realista. Naturalmente que nos teremos de adaptar à actual conjuntura, mas não vai ser um ano desgraçado. É muito importante as empresas terem consciência de que existem perigos e que têm de preparar-se. A Jerónimo Martins tem sabido preparar-se”.

O investimento inicialmente previsto para 2009 de 500 milhões de euros foi reduzido para 300 milhões, revelando Soares dos Santos que “este valor foi revisto, até porque não prevemos efectuar aquisições”. Assim, o grupo prevê investir em 5 lojas Pingo Doce no território nacional, enquanto na Polónia, serão inauguradas 150 novas lojas, justificando o chairman da JM que “Portugal já é um mercado maduro, enquanto a Polónia é um mercado ainda com potencial de expansão”.

Confrontado com o facto de não prever efectuar aquisições durante 2009, a questão da Ahold e dos 49% que o grupo holandês possui ainda na JM levaram Soares dos Santos a referir que gostaria de ver a Jerónimo Martins 100% familiar”.

Tendo a Ahold revelado pretender alienar os 49% do capital na JM durante 2009, o chairman da JM admitiu não “ter pressa em comprar a posição da Ahold. Nunca colocaremos em risco a solidez financeira da companhia”, salientando “não haver fricção entre a JM e a Ahold. Somente ainda não acordámos o preço”.

No que toca ainda aos planos de expansão, o responsável máximo da JM revelou que a Ucrânia “foi para o congelador, não se sabendo durante quanto tempo e se sairá de lá. Somos uma empresa de maratonas e estamos a estudar outros mercados, mas na actual conjuntura é não sabendo como e quando a crise terminará, temos de ser cautelosos. Por vezes os projectos estão prontos, mas têm de aguardar por causa dos efeitos da crise”.

A concluir a conferência de imprensa, Soares dos Santos referiu que “a actual performance dá-nos confiança de que 2009 não será pior do que 2008”.

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