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Soluções de segurança no retalho

Por a 12 de Dezembro de 2008 as 9:30

etiquetagem


A perda desconhecida atinge 1,31% do volume de vendas do retalho nacional, equivalente a 359 milhões de euros. Por isso, fornecedores e retalhistas apostam, cada vez mais, em marcar e etiquetar produtos para protegê-los desde a origem ao ponto de venda. As vantagens são claras mas, especialistas portugueses são unânimes, ainda há um longo caminho a percorrer.

A etiquetagem na origem (EO) é a técnica mais eficiente no combate à perda desconhecida. Consiste num chip EAS (Electronic Article Surveillance) colocado durante o processo de fabrico ou embalamento do artigo, que vai protegê-lo até à exposição no linear. Devido a uma melhor exposição do produto, permite ao fornecedor aumentar as vendas, acabar com as rupturas de stock devidas ao furto e, ainda, conservar a integridade das embalagens e identificação dos produtos.

Aos retalhistas permite “aumentar, de forma segura, a visibilidade dos produtos, eliminando barreiras físicas e visuais e potenciando, dessa forma, a venda através do livre serviço. Reduz, significativamente, o manuseamento humano na loja, diminuindo custos ao nível de recursos humanos, e acelera a reposição de produtos em loja, diminuindo o tempo de ruptura no linear. Desencoraja o furto interno e frustra o furto ocasional ou profissional”, explica Paulo Borges, country manager Portugal da Checkpoint Systems.

Os chips EAS incluem detecção na caixa ou à saída da loja. Qualquer tentativa de remover a etiqueta ou retirar os artigos da loja enquanto a etiqueta rígida continua incorporada ou a adesiva activada, fará disparar um alarme sonoro que alerta os funcionários.

Nos últimos três anos, a quantidade de artigos protegidos na origem aumentou 20% ao ano. A técnica de segurança, aplicável a todos os produtos, contém uma grande quantidade de dados, tais como lote, data de validade, composição do produto, logótipos, códigos de barras, entre outros, que asseguram a rastreabilidade.

No panorama europeu, 33% dos retalhistas têm entre 100 a 250 referências protegidas na origem, e 24% têm mais de 250 produtos protegidos na origem.

Marcação no ponto de venda
Outra solução de segurança é a marcação na loja. Neste caso, o retalhista adquire as etiquetas EAS que são colocadas pelos colaboradores. “Esta técnica é desvantajosa porque necessita de uma dispensa de tempo por parte do staff e a etiquetagem é menos discreta quer ao olhar dos clientes com boas intenções, quer ao dos visitantes com intenções dúbias”, explica João Fanha, director de marketing da Gateway Systems Portugal.

Quando o retalhista opta por comprar uma impressora de etiquetas, tem de ter em conta as dimensões, tipo, conteúdo e quantidade a imprimir. A solução deverá responder às necessidades relativamente ao volume previsto e velocidade de impressão necessária, tecnologia de identificação, durabilidade, tipo e dimensão das etiquetas, condições ambientais e interface pretendido. Para identificar produtos de grande rotação, onde a durabilidade da etiqueta poderá ser muito curta, especialistas recomendam etiquetas térmicas. Para produtos de rotação normal o ideal são etiquetas de transferência em papel standard e, quando a etiqueta tiver que permanecer legível sob condições adversas, a impressão por transferência em poliéster ou Tyveck é a melhor solução.

A Gateway Systems disponibiliza a solução Print & Apply, que “emprega a técnica de impressão térmica e permite ganhar tempo e espaço pois só imprime a quantidade de etiquetas necessárias para cada trabalho”, explica o director comercial da empresa.

A Marque TDI comercializa a solução Ink Jet, de pequenos ou grandes caracteres e de alta resolução, um sistema de impressão a jacto de tinta que permite a codificação dos mais variados produtos nas mais diversas superfícies.

Por sua vez, a ADT Fire & Security desenvolveu a tecnologia acústico-magnética (AM): “É a primeira tecnologia compatível com praticamente todo o tipo de materiais e embalagens. Contrariamente às tecnologias tradicionais, protege artigos húmidos, apresenta um elevadíssimo grau de compatibilidade com componentes metálicos, é dificilmente neutralizável e elimina riscos de falso alarme”, explica João Ribeiro, director-geral da empresa.

Do código de barras ao RFID
Se as etiquetas de segurança visam impedir o furto, a palavra de ordem do RFID (Identificação por Rádio Frequência) é a rastreabilidade. Apesar de já ser utilizado há algum tempo, ainda é uma tecnologia embrionária. Enquanto os clássicos códigos de barras contêm informação visível, as tags RFID recolhem e armazenam dados num chip interno, funcionando como um BI do artigo e melhorando, dessa forma, a gestão da cadeia de fornecimento.

Primeiro, coloca-se uma etiqueta de identificação, ao nível da palete ou da caixa, que é detectada por uma antena à saída do armazém que lê a informação e envia para o sistema. As antenas estão localizadas nas entradas e saídas dos vários pontos da cadeia de fornecimento, permitindo que o percurso da mercadoria seja traçado, desde a fábrica ao ponto de venda.

Francisco Teixeira, director da Sybase Portugal, reconhece potencialidades em ambos os sistemas de segurança, tradicional e moderno: “A identificação por código de barras soma já vários anos de existência em que a sua utilização foi massificada na maioria dos produtos existentes no mercado. É extremamente vantajosa pois permite efectuar a identificação, recorrendo a leitores ópticos, dos códigos de barras. Por outro lado, o RFID, apesar de já somar alguns anos de existência, só mais recentemente e com o evoluir da tecnologia iniciou o processo de adesão, fruto do aumento da oferta, da procura e consequente redução de custos. Efectivamente, a principal vantagem do código de barras é o custo, quase marginal, que uma etiqueta tem. Por outro lado, apesar das etiquetas com RFID serem mais dispendiosas, permitem reunir um conjunto de vantagens em termos de celeridade de execução de processos”.

Mesmo considerando as vantagens, grande parte das empresas portuguesas ainda não comercializa a tecnologia. A Gateway Internacional está a dar os primeiros passos no que toca ao RFID, mas em território nacional a aposta passa apenas pelas soluções tradicionais: “Acreditamos que só valerá a pena apresentar as soluções ao nosso mercado quando estas forem reais e passíveis de serem implementadas em segurança, com resultados benéficos para os clientes, com probabilidades de ‘dar um tiro no pé’ reduzidas a zero por cento. Acreditamos, que ainda só é viável no nosso país a nível de logística, com etiquetagem de paletes. Portugal tem um longo caminho pela frente. Vencendo alguns obstáculos como questões da privacidade ou uniformização dos standards de funcionamento, podemos ter esta tecnologia inovadora e emergente a funcionar em segurança a 100%, e aí sim iniciaremos o projecto de comercialização na Gateway”, explica o director comercial.

Desafios do RFID
Apesar de as empresas apresentarem bastantes novidades relacionados com o RFID, as etiquetas de segurança continuam a ser mais utilizadas. O elevado custo de implementação da tecnologia de RFID dita esta tendência.

Para contornar este problema, a ADT lançou o Sensormatic iRead que reduz os custos de implementação desta tecnologia no retalho já que elimina a necessidade, até então existente, de infra-estruturas separadas para alimentação, controlo e distribuição de dados para o RFID, quer no interior da loja, quer ao nível do artigo. “Por compilar as infra-estruturas numa só rede, esta solução permite reduzir os requisitos do leitor RFID até 90% e os custos de investimento até 60%, tornando a tecnologia mais apelativa para os retalhistas”, clarifica João Ribeiro, director-geral da empresa.

No entanto, para Paulo Borges, country manager da Checkpoint em Portugal, não se pode falar numa implementação no País, mas sim europeia: “O primeiro grande passo já foi dado, com a padronização da tecnologia utilizada pela grande distribuição na Europa (RF8.2), a massificação da Etiquetagem na Origem a todas as famílias de artigos e a adopção de carrinhos de plástico em loja. Tudo isto são consequências da preparação do mercado para os próximos passos da implementação de RFID”.

No entanto, ecoam rumores no mercado que acusam a tecnologia RFID de não ser operacional em todo o tipo de negócios e ambientes, como explica o director-geral da ADT: “O funcionamento da tecnologia obriga a grandes alterações nos processos das organizações e, em alguns casos, na total reorganização do negócio pelo que se certas alterações não forem consideradas existirá risco de a tecnologia RFID não ser operacional. O sistema de RFID funciona num intervalo de frequência de rádio e que sofrerá as influências e terá as limitações inerentes a essa realidade. Em algumas situações, para que a tecnologia seja operacional tem que se encontrar forma de limitar as interferências de que o sistema é alvo para que o mesmo seja operacional”.

Por sua vez, para o director de marketing da Gateway, o principal desafio que se coloca ao RFID está relacionado com a privacidade: “O RFID tem como característica básica armazenar os dados do material em que está aplicado, sendo que tal material pode ser facilmente rastreado. Desta forma, a implantação desta tecnologia sem um tratamento cuidadoso e seguro pode acarretar graves problemas aos seus utilizadores. Os problemas que podem surgir com esta tecnologia estão directamente ligados à privacidade, na medida em que uma etiqueta possui dados específicos do material em que está localizada”.

Apesar de considerar que o RFID ainda irá coexistir durante muito tempo com o código de barras, Paulo Lopes, da Sybase, acredita que “a chave para o sucesso passa por uma análise da aplicabilidade da tecnologia em cada caso, e sem dúvida, por uma atitude inovadora por parte da empresa”.

Estimativas da Marque TDI apontam para que, entre 2015 e 2020, apenas 60% dos produtos do retalho nacional estejam dotados com estas tags.


Soluções de segurança dos vários players do mercado

ADT Fire & Security

– Sistema EAS – etiquetas rígidas ou adesivas.

– Tecnologia acústico-magnética (AM) – compatível com todos os tipos de produtos

– Sistema RFID


Checkpoint Systems

– Print & Apply – impressão térmica consoante o número de etiquetas a imprimir

– Etiquetas FIT (Fully Integrated Tag) – combina marca, identificação e protecção anti-furto. Ideal para produtos têxteis.

– Force Tag – utiliza tecnologia RF 3G para segurança do vestuário. Pode ser colocada através de dispositivo VLOX, com um fio de nylon ou através de uma fibra de pulyester

– Easy Wear – ideal para protecção de vestuário

– Pocket Tag – de pequena dimensão, as etiquetas são adequadas para lingerie, meias e malhas


Gateway Portugal

– Etiquetas EAS (Soluções de etiquetagem na origem); na loja; e etiquetagem para marcação manual de preços.

– Sistemas de marcação por código de barras com etiquestas BC (Bar Code) com ou sem segurança


Identisis

– Código de barras 1 e 2 – identificam o tipo de produto; a segurança é maior no código 2

– RFID – identifica cada produto de forma individual e a distância de leitura é superior aos códigos de barras


Imaje

– Jacto de tinta de pequenos e grandes caracteres, Transferência térmica directa (impressão digital), Impressão e aplicação de etiquetas, Alta tecnologia laserocket Tag


Marque TDI

– In Jet (jacto de tinta de pequenos ou grandes caracteres); Sistemas de transferência térmicaocket; Alta tecnologia laser; Print & Apply e sistema RFID


Sybase

– Soluções SmartLabels – aliam a tecnologia RFID com os códigos de barras

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