Distribuição

Famílias gastam mais 5,5% nas compras

Por a 25 de Novembro de 2008 as 2:00

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O estudo “O que se passa no Grande Consumo em Portugal”, realizado pela TNS, conclui que, o aumento dos preços altera o consumo dos lares, mas não evita o aumento dos gastos. Cada família portuguesa gastou mais 5,5% nos primeiros oito meses de 2008, face a igual período de 2007, revelando o estudo da consultora que foram efectuados mais 12 milhões de actos de compra.

De realçar que, durante o primeiro semestre de 2008, as famílias portuguesas passaram a ir a mais insígnias à procura dos melhores preços, salientando Patrícia Beber, Worldpanel Director da TNS, que “o que o consumidor fez, foi procurar melhor sortido”, ou seja, o consumidor português investe tempo por melhor negócio”.

Admitindo que os players da Distribuição Moderna estão a sofisticar as categorias e respectivos segmentos, também é verdade que o investimento feito no ponto de venda aumentou.

Certo é que o consumidor português dedica cada vez mais o seu orçamento à alimentação, destacando-se, segundo o estudo, a alimentação fresca e não fresca, com frutas, carne, óleo, massa e arroz, sofrendo os produtos de drogaria e higiene “danos colaterais”, nomeadamente ao nível de produtos para tratamento das mãos, shampoo, detergente de roupa e para a máquina, aditivos de roupa e ambientadores.

E os números comprovam-no: se o peso das FMCG (Fast Moving Consumer Goods), em nos primeiros oito meses de 2007 era de 68,6%, no mesmo período de 2008, esse peso subiu para os 73%.

No que diz respeito ao peso em valor (%) face ao Total Ticket, os números da TNS avançam que, na alimentação fresca a percentagem passou de 37,6 para 40,6% (YTD P8.07 vs YTD P8.08), enquanto a alimentação não fresca passou de 21,2 para 23,1%.

Já os produtos de drogaria passaram, no mesmo período, de 3,3 para 3,1%, enquanto a higiene baixou de um peso de 6,4 para 6,2%.

Em relação a estes dois períodos analisados pela consultora, destaque ainda para o facto de os lares portugueses, em média, terem gasto mais 65 euros pelo mesmo volume. Ou seja, enquanto o volume total, praticamente se manteve estável (ligeiro recuo de 0,2%), o valor total registou um aumento de 6,7%.

A conclusão no final do estudo é simples: o consumidor português está a transferir o consumo para o lar, com mais cestas de compra, mas menos artigos por cesta. E os números comprovam-no: o gasto médio subiu de 1.068 para 1.158 euros, as cestas por lar subiram de 40 para 43, mas os artigos por cesta baixaram de 18 para 17 (YTD P8.07 vs YTD P8.08).

Numa alinha a que a TNS chamou de “Metamorfoses no Mercado”, a consultora refere que “a crise também faz aparecer oportunidades”. Para tal, “as novas regras de mercado passam por mais infidelidade por parte do consumidor, bem como mais competição entre as insígnias e entre as próprias categorias. Mas também vão existir mais Pontos de Contacto com mais frequências de compra e um aumento dos momentos de consumo para o lar”. No fundo, admite Patrícia Beber, “vamos ter um consumidor mais racional e mais exigente com a compra”.

Mas não foi somente nos FMCG que houve alterações. No sector têxtil, os portugueses têm evitado ir às lojas, verificando-se menos 408 mil indivíduos compradores no primeiro semestre, avançando Paulo Caldeira, responsável de comunicação e Business Development Director da TNS, que “54% dos portugueses não compraram qualquer peça de roupa no primeiro semestre do actual exercício”.

“Os consumidores pensam mais antes de comprar e reduziram em seis euros o gasto em cada compra, registando-se uma diminuição de 480 mil actos de compra neste período”, revelou Caldeira, salientando ainda que “por outro lado, em cada acto de compra efectuado, verifica-se mais 8,3% de artigos comprados, liderando a Zara em valor e os hipermercados já aparecem no Top 5 em volume”.

Outra análise efectuada neste estudo da TNS, prende-se com os combustíveis. Neste capítulo, consumiram-se menos 18 litros de gasolina em Portugal no primeiro semestre de 2008 (-3,5%), representando menos 218 mil compradores (-8,7%) e menos 998 mil abastecimentos (-3,8%).

No que diz respeito à quota de mercado no universo gasolineiro português, verifica-se que Galp+BP+Repsol detém 65% do mercado nacional, enquanto os Hipers já somam 19%, restante 4% para Espanha e no item Outros, a TNS atribui 12%.

Concluindo este estudo, a TNS refere ainda que, globalmente, os portugueses são os que apresentam expectativas e poder de compra mais baixos na União Europeia (UE): 59% contra 46%, respectivamente. Quando confrontados com a questão “se têm tido dificuldades em pagar as contas até ao final do mês”, a resposta dos portugueses só é batida pela Bulgária. 71% dos portugueses revelaram chegar ao fim do mês em dificuldades, enquanto a média europeia se situa nos 47%, e a líder Suíça 12%.

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